Os impactos da tecnologia na vida das pessoas

Palestra na terça-feira discutiu o tema pelo viés da neurociência e religião

Por: Redação Ascom

18/05/2016 - 14h43
Fé e Cultura debateu as interfaces entre o cérebro e a tecnologia

Fé e Cultura debateu as interfaces entre o cérebro e a tecnologia
Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

Na última terça-feira, 17 de maio, o diretor do Instituto do Cérebro do RS (InsCer/RS), Jaderson Costa da Costa, e o professor do curso de Teologia da Escola de Humanidades da PUCRS Erico Hammes debateram as interfaces entre o cérebro e a tecnologia em mais uma atividade do projeto Fé e Cultura.

O debate começou com Costa da Costa contextualizando as tecnologias durante as décadas e gerações. “Eu sou de uma geração que escrevia cartas”, afirmou, explicando que tinha mais tempo para pensar no que escreveria e em um possível arrependimento. Na primeira vez que enviou um fax, contou que quando viu a folha passando pela máquina se arrependeu imediatamente, mas percebeu que não tinha mais volta. Lembrou, também, que não estava preparado para aquela tecnologia, utilizando o exemplo para mostrar como as inovações mudam o modo em que as pessoas vivem e enxergam o mundo. Segundo ele, a vida é orientada pela tecnologia, que busca, entre outras coisas, longevidade, inteligência e bem-estar.

Hammes destacou o conceito de cérebro como órgão social. “Quanto mais estímulos recebemos, mais o cérebro se desenvolve e se modifica”, disse. As atividades, diz, mudam o cérebro, que se molda de acordo com o ambiente. Mas esclarece que um filho com pai e mãe muito inteligentes não necessariamente será inteligente, pois depende dos estímulos que ele recebe durante a vida. Para o professor, as consequências disso, do ponto de vista educacional, podem ser graves. “Crianças e adolescentes que vivem isolados terão consequências prorrogadas para a vida toda”.

Perguntado sobre o impacto da tecnologia no campo da aprendizagem, o diretor do InsCer declarou ser um entusiasta do processo, já que não tem medo da tecnologia. Sobre os efeitos na educação, ele lembra que antigamente a memória era muito mais utilizada. Hoje, o celular tem todos os dados e ninguém mais grava números de telefone, por exemplo. Se isso é bom ou ruim, ele diz que depende do ponto de vista. Pensando de maneira antiga e tradicional, é prejudicial. “Mas essa geração não foi feita para nós, essa geração foi feita para um futuro que ainda temos dificuldade de entender”, explicou. Por isso, enxerga que, se por um lado a memória foi prejudicada, a nova geração tem a capacidade de juntar fragmentos em uma base de tempo aleatória, que nenhuma outra geração tem. Além disso, o pesquisador defende a ideia de que não existe memória que grave a mesma coisa, cada um grava pedaços e cria diferentes percepções no cérebro.

Ainda sobre as mudanças tecnológicas na educação, Hammes acredita que, se por um lado não existirá mais a habilidade de memorizar informações, os seres humanos desenvolverão a capacidade intuitiva. Isto é, a capacidade de reconhecer coisas por meios não convencionais. Ele exemplifica: apenas um ícone do celular, por exemplo, tem muitos significados, e as pessoas identificam automaticamente.

O projeto Fé e Cultura é promovido pelo Centro de Pastoral e Solidariedade e busca refletir sobre temas emergentes, que desafiam a universidade, refletindo-os sempre a partir da missão, valores e identidade cristã e marista. O próximo encontro será no dia 16 de agosto, e debaterá o tema Robôs e máquinas inteligentes: mudanças nas perspectivas de mercado de trabalho. Participam o diretor do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), Rafael Prikladnicki, e o coordenador do curso de Serviço Social Francisco Kern.


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