E-book debate sobre envelhecimento ativo e inclusão

Doutoranda da PUCRS lança obra que visa estimular qualidade de vida no envelhecimento

15/06/2022 - 17h16
Wereable coleta dados que contribuem para monitorar saúde do idoso

Foto: Pixabay

Por critérios socioeconômicos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a pessoa idosa aquela com mais de 60 anos, porém, de acordo com o pesquisador da Escola de Medicina Newton Terra, o envelhecimento começa bem antes. Para o docente, a partir dos 27 anos já é possível perceber alterações fisiológicas que caracterizam este processo. Além disso, o professor pontua que isso é perfeitamente natural e que o desafio não é parar o envelhecimento, mas sim envelhecer de forma saudável.

As declarações do pesquisador fizeram parte do e-book Com toda a vida pela frente, desenvolvido pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Gerontologia Biomédica Carla Kowalski para elucidar sobre temas como perfil demográfico das cidades, epidemiologia, envelhecimento ativo e o papel de profissionais da saúde nesse processo. O e-book contou com a participação de médicos, pesquisadores e enfermeiros que atuam na área da Gerontologia, que de forma efetiva e usando uma linguagem simples, se engajaram na disseminação do conhecimento a respeito de possibilidades de uma vida com mais qualidade e plenitude.

Cidades para todas as idades

Entre os temas centrais do Com toda a vida pela frente está a Cidade Amiga dos Idosos, ou seja, uma cidade pensada para todas as idades, priorizando o bem-estar dos idosos e o envelhecimento ativo. Conforme é contextualizado no e-book, o Brasil era reconhecido como um país de jovens há 20 anos, porém, atualmente, essa realidade é diferente. Hoje o País conta com um número de pessoas com 60 anos ou mais três vezes maior do que no início dos anos 2000.

Com isso, as cidades estão enfrentando um novo cenário em que precisam se adaptar e pensar novas possibilidades para esta população. De acordo com Carla, é mais comum vermos ações assistenciais e de entretenimento voltadas a esse público do que políticas públicas de acolhimento, por exemplo. Ou seja, ainda é necessário acontecer uma reflexão sobre o envelhecimento e da mudança de mentalidade. Para a doutoranda, pensar em idosos é pensar no futuro e, em políticas públicas em todas as esferas para proporcionar uma adequada qualidade de vida.

A professora do PPG em Gerontologia Biomédica da PUCRS Patrícia Krieger Grossi e a pesquisadora Kennya Mota Brito também contribuíram com o e-book com importantes apontamentos sobre o papel dos assistentes sociais na promoção do envelhecimento ativo. De acordo com as pesquisadoras, tornar uma cidade amigável as pessoas idosas implica promover uma cultura de respeito e valorização de longo da vida.

Utilizando linguagem clara e explicativa, o e-book atua como uma ferramenta digital a ser   compartilhada. Seu  conteúdo propõe uma análise ampla das prioridades elencadas  por gestores, com a identificação das propostas e recursos investidos nas cidades é possível distinguir se os representantes estão se comprometendo com interesses coletivos.

De acordo com a doutoranda, são necessárias maiores investigações sobre essa temática e ampla divulgação, caso contrário o público idoso não irá ter conhecimento das políticas específicas criadas para eles.

“As cidades possuem uma populção diversificada e heterogênea, porém, suas  estruturas e organização   não atendem a todos. O entendimento que as transições efetivam-se diante das multirresponsabilidades a serem assumidas por agentes  sociais, familiares e governamentais  são conjunturas possíveis para ressignificação de comportamentos  compondo edificação  de  novos cenários. Somando-se ao fortalecimento da rede de apoio às pessoas idosas como a família, vizinhança, grupos de convivência, amigos, grupos religiosos, entre outros espaços a serem considerados indissociáveis e fundamentais”, explica Carla.

Patrícia e Kennya também explicam que a promoção de atividades de interação social para pessoas idosas rompe com situações de isolamento social e atua como fator protetivo de violências e outros agravos na saúde mental. Assim, programas voltados para o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais constituem como um dos desafios para a consolidação de cidades amigáveis ao idoso/a, além de uma estrutura de cuidados para pessoa idosa que possui fragilidades ou limitações.

O e-book com distribuição gratuita e outros materiais audiovisuais podem  ser obtidos atraves das  redes sociais ou pelo contato.

População idosa em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, a população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é 10.693.929 habitantes. Desse total, cerca de 12,7% são idosos. Assim, de acordo com os cálculos do IBGE em 2060 esse percentual pode alcançar quase 30%. Por conta disso, Carla entende que é preciso pensar em cidades amigáveis para todos, uma proposta de governo que não depende de grandes volumes de recursos, nem de grandes estruturas públicas para o controle e a produção de políticas assistenciais, mas que depende sim da vontade política e a disposição para agir.

No estado gaúcho existem cidades que integram a Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas dos Idosos, criada pela OMS. Cidades como Veranópolis, Esteio e Porto Alegre foram reconhecidas como uma cidade que estimula e otimiza oportunidades para saúde, participação e segurança, a fim de aumentar a qualidade de vida no envelhecimento, levando em conta as diferentes necessidades e capacidades dos idosos. “É uma certificação dada pelo compromisso das cidades e das comunidades em trabalhar pelo benefício aos idosos, além de propiciar políticas, serviços, ambientes e estruturas que permitam melhorar a saúde e a qualidade de vida desta população”, destaca Carla.

Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa

A data de 15 de junho é definida como o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa e visa ampliar o conhecimento da população sobre o tema e a promoção de ações. A data também foi criada para manifestar o repúdio aos diferentes tipos de violência contra esse público, por meio de reconhecimento de suas vulnerabilidades e direitos, bem como a divulgação de ações para protegê-los.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, define-se violência contra pessoa idosa uso deliberado da força física ou do poder, seja em grau de ameaça ou de forma efetiva, contra si próprio, outra pessoa, um grupo ou comunidade, que cause ou tenha probabilidade de causar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos ao desenvolvimento pessoal e social ou privações do atendimento às necessidades.

Hoje, com o aumento demográfico na nossa população idosa em nossa sociedade, cresce a necessidade de buscarmos formas de proteção contra violações, dentre elas a questão da violência em todas as suas formas contra pessoa idosa. Percebe-se um aumento drástico de casos de violência contra a população idosa, gerando a necessidade de se encontrar maneiras de diminuir o número de casos, bem como tentar preveni-los.

Na capital gaúcha, a presença do Instituto de Gerontologia e Geriatria da PUCRS é notável no desenvolvimento de iniciativas na área do envelhecimento. O IGG conta com o corpo docente altamente qualificado e uma estrutura que abrange laboratório de pesquisa básica e clínica. Com suas ações e infraestrutura, proporciona a formação de recursos humanos qualificados e contribui para o envelhecimento ativo e bem-sucedido.

Um exemplo das iniciativas promovidas pelo IGG é a Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati), que surge alinhada ao propósito marista de proporcionar um futuro melhor por meio da educação. Por isso, o Instituto oferece cursos de extensão em diferentes áreas, a fim de incentivar o desenvolvimento das mais diversas habilidades. Confira mais sobre a programação desenvolvida para homens e mulheres que possuem mais de 60 anos no site.

Programação

Nesta quarta-feira, o IGG e a Unati, em parceria com o Conselho Municipal do Idoso, promoveram o I Simpósio sobre a Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. O evento aconteceu no Anfiteatro Ir. José Otão  do Hospital São Lucas da PUCRS. Os participantes receberam certificados e livros relacionados ao envelhecimento humano aos participantes.

Já no dia 28 de junho, acontece uma Live com as pesquisadoras e assistentes sociais Patrícia Krieger Grossi e Kennya Mota Brito, alusivo ao mês de Combate à Violência Contra Pessoa Idosa. A programação acontecerá no Youtube da PUCRS, acesse.

Confira as imagens do Simpósio:

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