Jornalistas Xico Sá e Léo Jaime falam sobre horizontes da profissão

Bate-papo ocorreu durante o encerramento do 29º SET Universitário

Por: Redação Ascom

29/09/2016 - 12h17
Foto: Caroline Pacheco/Famecos/PUCRS

Foto: Caroline Pacheco/Famecos/PUCRS

Pra Quem é Louco Pelo que Faz. Este foi o slogan do 29º SET Universitário da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS, que se encerrou na noite de quarta-feira, 28 de setembro, com um bate-papo comandado pelos jornalistas Xico Sá e Léo Jaime, integrantes do programa Papo de Segunda, do canal GNT. Os palestrantes falaram sobre as transformações, os desafios e os horizontes da profissão. Após, ocorreu a premiação da Mostra Competitiva, que teve mais de mil trabalhos inscritos e em torno de seis mil alunos de 43 universidades de todo o país participando.

Durante mais de trinta anos de carreira e após aproximadamente dez anos trabalhando com televisão, Xico Sá disse que só foi se acostumar com as câmeras há pouco tempo e que, no ar, ele assume a figura de cronista. “Eu estou ali com o olho, a visão e o discurso do cronista, que é um espectador apaixonado pela vida”, revelou. Léo Jaime complementou dizendo que a crônica paira sobre a realidade. Desde pequeno, ouvia Beatles, Rolling Stones, Raul Seixas, Rita Lee, Roberto Carlos e Erasmo Carlos e ficava comovido com a possibilidade de se comunicar com a massa por meio de canções. “A música traduz o tempo, os questionamentos e as novidades de uma época”, analisou. Quanto às relações e a comunicação de hoje, Léo Jaime comentou que as pessoas mais fotografam os momentos do que vivem, e que na necessidade de noticiar tudo, parece que estão perdendo alguma coisa. “Muita gente vira repórter e não ator da própria vida”.

Sobre a profissão, os dois desmistificaram a imagem que muitos estudantes têm no início da carreira ao buscar o emprego dos sonhos. Jaime frisou que é mais importante olhar o caminho do que o produto final. “O processo não é tão glamuroso. Não é exatamente ser o cantor da banda ou o apresentador do jornal. O sucesso é tão transitório quanto o fracasso”, explicou. Ele também afirmou que nem sempre é possível encontrar um trabalho que represente totalmente o que o profissional deseja. “Fiz muita coisa que estava longe daquilo que eu sonhava para mim, e isso não é vergonhoso”.

Para exemplificar, Xico Sá utilizou uma ideia de Guimarães Rosa, quando o escritor fala que sapo pula por necessidade e não por beleza. “Nossa profissão virou de ponta a cabeça”, apontou. Por conta das mudanças, o apresentador considera difícil definir quem é o jornalista atualmente, mas reiterou a ideia levantada por Jaime: “Para chegar na parte do sonho, temos que bater bola em tudo que é várzea por aí”.

Xico Sá ainda admitiu que é estranho, durante uma crise da profissão, falar que é o melhor momento para fazer alguma coisa como jornalista. “Mas ao mesmo tempo os profissionais têm na mão uma coisa que a nossa geração não teve, que é a internet. A largada para mostrar a cara é infinitamente mais fácil e instigante”. E este foi o conselho que deu aos jovens da plateia: não pensar dentro da caixa logo no início. “Sejam abusados”. Para Jaime, ninguém é infalível, e os melhores momentos da partida não traduzem a quantidade de passes errados que aconteceram durante um jogo. “Eu ouso dizer que todo mundo é mais ou menos. Essa concepção nos dá auto-confiança, e tem sido um lema para a minha vida”, finalizou.

 


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