Famecos recebe Fórum Internacional do Meio Ambiente com participação de líder Yanomami

Evento aconteceu nos dias 12 e 13 de março e buscou conscientizar profissionais de comunicação sobre o tema meio ambiente

14/03/2024 - 10h48

12º Fórum Internacional do Meio Ambiente abordou o tema “Água e Energias Renováveis” / Foto: Giovanna Brambilla/Famecos

O auditório da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) recebeu, entre os dias 12 e 13 de março, o 12º Fórum Internacional do Meio Ambiente (FIMA), que abordou o tema Água e Energias Renováveis. A primeira noite do evento teve como destaque o líder indígena e presidente do Conselho Distrital Yanomami, Junior Hekurari Yanomami. A professora e decana da Famecos, Rosângela Florczak, abriu o evento com um discurso de união dos profissionais de comunicação com o tema meio ambiente.  

“Entendemos que no meio acadêmico nada se faz sozinho. Se nós não estivermos unidos como sociedade, o tema não anda”, reforçou.  

A decana também destacou que a Escola trabalha a temática por meio de grupos de pesquisa, buscando aperfeiçoar o lugar na comunicação na atuação de riscos e crises decorrentes de situações climáticas emergentes. Seguindo as falas de abertura do fórum, a professora e doutora em comunicação na UFRGS, Ilza Girardi, destacou a importância dos povos indígenas na preservação das florestas. Ela defendeu ainda a necessidade de se reconhecer e valorizar os conhecimentos e práticas tradicionais desses grupos para a proteção do meio ambiente. “Graças aos indígenas, conseguimos manter nossas florestas de pé”, disse Ilza. 

A partir disso, o líder indígena Junior Hekurari iniciou os relatos da situação em que vive o povo Yanomami. Ele revisitou os desafios enfrentados por sua comunidade, que tem que lutar diariamente contra a contaminação dos rios devido à presença de garimpeiros nas suas terras, bem como as altas taxas de mortalidade infantil decorrentes da desnutrição e de doenças como malária e pneumonia. Além disso, reforçou a necessidade do engajamento dos jornalistas pela causa e clamou por apoio governamental para proteger a sua comunidade. 

Ilustrando essa realidade, um vídeo documental foi exibido, mostrando o trabalho dos mineradores em território indígena e o impacto devastador que essa atividade ilegal tem sobre a população nativa. O filme revelou o contraste sobre as condições precárias em que vivem os Yanomamis diante da invasão de seu território. “Não compre ouro, pois isso financia o trabalho dos mineradores na terra Yanomami”, apelou Hekurari, após a transmissão do documentário. 

Palestras reforçaram a necessidade do engajamento dos jornalistas pela causa indígena. / Foto: Giovanna Brambilla/Famecos

Para encerrar a primeira parte do evento, foi mostrada uma apresentação detalhada que revelou estatísticas contundentes, obtidas a partir da dolorosa realidade vivida pelo povo Yanomami. Esses números reforçam a urgência de ações concretas para proteger essa comunidade vulnerável e preservar sua cultura e modo de vida.  

“É importante a função do jornalista mostrar o que acontece no território indígena. As autoridades só fazem algo a partir do que os jornalistas divulgam, concluiu o líder indígena. 

O evento transcorreu ao longo da quarta-feira (13), abrangendo diversos painéis que abordaram temas significativos, tais como o papel da imprensa na cobertura sobre água e energias renováveis, a contribuição da indústria gaúcha para a transição energética e a perspectiva das ONGs sobre energias renováveis, entre outras temáticas. 

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Ao encerrar o FIMA, a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) apresentou uma Carta Aberta à população gaúcha e brasileira. Por meio deste documento, a Associação destaca a urgência da crise ambiental que já representa uma ameaça à vida na Terra. Simultaneamente, conclama os governantes e cidadãos brasileiros a se comprometerem na defesa vital da água, do ar e de práticas saudáveis. 

A Carta apela por uma redução do consumismo predatório, incentivando um maior cuidado com a saúde individual e coletiva, bem como um respeito mais atento aos povos originários. Além disso, ressalta a importância da conscientização coletiva sobre os destinos da humanidade. A carta também busca despertar a responsabilidade compartilhada na preservação do meio ambiente e na construção de um futuro mais sustentável para todos. 


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