Amós Oz destaca a necessidade de coexistir e o respeito de ser diferente

No Fronteiras do Pensamento, escritor israelense exaltou a curiosidade como pré-condição para trabalho intelectual

29/06/2017 - 12h07
Amós Oz

Foto: Luiz Munhoz

“Igualdade não significa que todas as pessoas sejam iguais. Seria o fim da civilização se todos fossemos iguais. Igualdade é cada ser humano ter o mesmo direito a ser diferente, cada civilização, cada gênero, cada grupo, cada fé deve ter o direito de ser diferente.” O premiado escritor israelense, traduzido em mais de 40 idiomas, e ativista político Amós Oz foi o conferencista do Fronteiras do Pensamento na noite desta quarta-feira, 28 de junho. O evento, com apoio cultural da PUCRS, teve o professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Famecos, Jacques Wainberg, como um dos mediadores, que destacou a contribuição singular de Oz para o pensamento contemporâneo.

Para uma plateia atenta, Oz falou da questão entre Israel e Palestina, da sua visão política, sobre o choque de civilizações, defendeu a necessidade de saber coexistir e o respeito ao direito de cada um ser diferente. Aplaudido, discorreu, ainda, sobre ser considerado traidor por muitas pessoas, sobre a vida de escritor, exaltou a curiosidade como pré-condição para trabalho intelectual e como uma forma de entender o outro. Ao abordar o crescente fanatismo, Oz aponta o humor como um dos antídotos ao extremismo, ao racismo e à intolerância, “síndrome que atinge muitos países”, e se utilizou dessa ferramenta para criar momentos de riso no público ao longo da palestra.

Israel e Palestina

Amós Oz

Foto: Luiz Munhoz

A respeito do conflito entre Israel e Palestina, Oz destaca que não há certo e errado, o bem e o mal, mas o certo e o certo. “Israel é um país minúsculo, a única casa no mundo para judeus israelenses e palestinos como nação”, explica. Aponta o meio termo como a única solução e ressalta que as pessoas não devem escolher um lado ou outro, mas a paz. “Nunca fui radical, mas um evolucionista. Acredito em acordo, que é sinônimo de vida. O contrário não é idealismo ou integridade, mas fanatismo e morte”, adverte.

Oz vê a criação de dois estados soberanos e vizinhos como forma de resolução do conflito, em uma visão política que diz ser baseada no éthos. Acredita em soluções pragmáticas, em coexistência pacífica e refuta a ideia de um país binacional. Em uma analogia, indica que o caminho é dividir a casa em dois apartamentos. Com o tempo esses vizinhos se darão bom dia, depois tomarão café um na casa do outro. “O amor é uma commodity muito rara. Não acredito em amor universal ou irmandade universal. É necessário encontrar o outro no meio termo. Eu sei bem o que é isso, pois sou casado há 55 anos”, graceja.

O perigo do fanatismo

Quanto mais complexos são os problemas, mais as pessoas querem soluções simples. Para Oz, os fanáticos dão esta resposta que abrange tudo, apontam culpados como uma “sedução do diabo”. O antídoto, segundo ele, está no ceticismo, na curiosidade e no senso de humor. “Nunca vi um fanático com senso de humor. Ter a capacidade de rir de nós mesmos, de nos vermos como os outros nos veem. Cada um de nós, mesmo aquelas pessoas muito sérias, tem um lado ridículo, e se pudermos ver isso em nós mesmos, talvez estejamos imunes ao fanatismo”, argumenta.

Curiosidade como benção

Amós Oz

Foto: Luiz Munhoz

Se bem escrita, Oz diz que o dom da literatura é levar o leitor em uma jornada fascinante na mente, na alma, na emoção de diferentes pessoas, gerações, países. “Minha força propulsora é a curiosidade, a vontade de me colocar no lugar do outro, não para me tornar como ele, mas para ter um entendimento melhor acerca dos outros e de mim mesmo. Para fazer algo de valor é preciso ser curioso. Uma pessoa curiosa é melhor pai, melhor filho, melhor cônjuge, melhor irmão, melhor vizinho, melhor motorista”, garante.

Parceria PUCRS

Professores e técnicos administrativos da PUCRS e da Rede Marista têm direito a 50% de desconto no pacote de ingressos. Interessados podem adquirir neste link, após solicitar o código que habilita o desconto pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (51) 4020-2050. A aquisição das entradas pode ser feita neste link ou em um dos pontos de venda físicos, com apresentação do crachá. Estudantes têm direito a meia-entrada conforme legislação.

Alunos de Pós-Graduação da PUCRS podem assistir a conferências da temporada 2017 do Fronteiras do Pensamento de forma gratuita. A Universidade, parceira cultural do projeto, oferece cortesias para cada um dos encontros àqueles que participarem das ações divulgadas no Facebook institucional.


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