Educação midiática: entenda a importância no combate à desinformação

Na era da massificação das redes sociais, ser um usuário atento e responsável é essencial

09/08/2022 - 17h57
educação midiática

Foto: Pexels

A forma como nos relacionamos com as mídias sociais se transforma todos os dias. Na última década,   informações e opiniões  passaram a ecoar pelo mundo com facilidade e rapidez, fenômeno que  derrubou barreiras de comunicação entre cidades, países e continentes. É fácil perceber que a internet oportunizou algo que hoje é completamente normal – principalmente para quem nasceu após os anos 2000. O que muitas vezes não recebe a nossa atenção são os ruídos que acompanham a mensagem, originando as fake news.   

Em um contexto em que as pessoas não apenas participam como protagonizam a produção de conteúdo nas redes sociais, é fundamental saber identificar o que é verídico e tem embasamento do que não tem. Combater a desinformação e entender como a usabilidade das redes sociais vem se transformando são alguns dos propósitos da educação midiática. 

O que é educação midiática? 

Você já refletiu alguma vez sobre esse tema? Pare um minuto para pensar todos os canais dos quais você consome informação e como eles são diferentes. A educação midiática reconhece as funções dos meios de comunicação e informação nas nossas vidas e nas sociedades democráticas. Ou seja, desenvolve competências para avaliar as fontes de informação com base em como elas são produzidas e para quais audiências são distribuídas. 

Para a UNESCO, é importante pensar em estratégias de educação midiática para criar uma sociedade inclusiva e baseada em conhecimento. A mídia e a informação são centrais para democracia, pois auxiliam a moldar percepções, crenças e atitudes das pessoas. Com o aumento do conteúdo gerado pelos usuários, a educação midiática é fundamental para saber “navegar” nesse contexto. 

Como as pessoas usam as mídias sociais hoje? 

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O professor universitário Clay Shirky escreveu, em 2010, que estávamos vivendo em uma cultura de extrema participação. Dez anos depois, muitos usuários migraram de criadores de conteúdo para consumidores. Isso é chamado de navegação passiva – quando o usuário passa mais tempo consumindo conteúdo do que compartilhando suas próprias ideias.  

De acordo com Social Media Trends 2020 do Hootsuite, 97% das pessoas que responderam estar conectadas à internet usam mídias sociais; destas, 30% são millenials e 28% fazem parte da Geração Z. Em 2019, o crescimento de usuários na plataforma chinesa TikTok chamou atenção do mundo. O Relatório Social Mundial da Global Web Index (GWI) de 2020, apontou que 69% dos usuários desta rede estão entre os 16 e 24 anos. No entanto, a forma de utilizar essas ferramentas muda de indivíduo para indivíduo e, por causa desse movimento, as marcas têm prestado cada vez mais atenção nos novos usos de mídias sociais. 

Já o report da GWI deste ano, mostrou que a Geração Z, por exemplo, está tentando adotar hábitos de mídia social mais saudáveis: não apenas mudando o tempo que passam nas plataformas, mas também como as usam. Em comparação com 2020, mais usuários dizem que postar sobre sua vida pessoal é uma das principais razões para usar as redes. Isso pode estar ligado à tendência de postagem casual e ao surgimento de novos layouts como o “photo-dump”. Agora, essa estética menos polida está em alta, movimento que também é positivo, já que pesquisas mostram que quando estamos ativos nas mídias sociais temos uma experiência mais positiva do que quando somos passivos. 

Inovação em mídias 

Nesse cenário de mudanças, o papel dos profissionais de comunicação muda o tempo inteiro. De acordo com Pedro Sellos, jornalista e professor na Universidade Americana em Dubai, os principais fatores que motivaram os grandes produtores de notícia e conteúdo a pensarem em outras alternativas foram a queda no número de assinantes de jornais, o aumento da concorrência e a diminuição da receita. 

A solução seria os Media Labs, laboratórios de inovação que valorizam a interdisciplinaridade, pesquisa, tecnologia e o “tentar sem medo de errar”. Na Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS, também trabalhamos com o modelo de laboratório experimental. Assista ao depoimento da professora Cristina Lima e conheça o Colab. 

Nas áreas da Publicidade e da Comunicação Empresarial, os professores buscam cada vez mais interação com pessoas reais: mais gente de verdade e personalização e menos mensagens prontas. Qual foi a experiência mais legal que você já teve com uma marca? Nessa experiência, você notou traços de uma comunicação mais humanizada? 

Como combater a desinformação 

Já vimos que a forma de utilizar as mídias sociais muda o tempo todo e varia de acordo com o usuário. Segundo o report da GWI de 2020, a Geração Z e os millenials costumam ter perfis em cerca de nove mídias sociais diferentes. Já a Geração X está, em média, em sete. Os baby boomers aparecem com menos perfis, uma média de cinco. Todas as gerações estão conectadas em várias mídias, mas isso não quer dizer que todos as utilizam da mesma maneira. Por isso, entender como as mídias digitais funcionam é fundamental para não disseminar fake news. Neste post, reunimos cinco dicas de como identificar notícias falsas. 

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A educação midiática tem um papel muito importante para o exercício da cidadania e dos processos democráticos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou um programa de enfrentamento à desinformação nas eleições de 2020, em parceria com 48 empresas. Em 2019, promoveu também o Seminário Internacional de Fake News, com discussões pertinentes para o momento em que vivemos. No final do evento, foi produzido um livro relatando o que foi abordado por lá. Um dos dados presentes na publicação aponta que mais de 2 milhões de contas são banidas por mês no WhatsApp, 75% por meio do uso da inteligência artificial. 

O que você pode fazer para contribuir: 

  • Checar as informações antes de compartilhar com seus familiares; 
  • Reivindicar uma relação mais humanizada com as marcas; 
  • Produzir conteúdo e dar voz para temas que construam uma sociedade mais igualitária e inclusiva.  

O papel da educação midiática no futuro da comunicação 

A nossa relação com o mundo da informação é extremamente mutável. É preciso que os profissionais de comunicação compreendam esses contextos e saibam se adaptar com ética e inovação. Mas, lembre-se: todos nós somos responsáveis pela conscientização dos usuários de mídias sociais. 

Curtiu esse conteúdo e quer saber mais sobre assuntos relacionados à comunicação social? Ouça o Podcrast, o podcast da FAMECOS. 


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