Sismógrafo identifica estrutura geológica do solo e auxilia em pesquisas da Universidade

Equipamento será útil também no mapeamento das águas subterrâneas do RS

05/11/2015 - 11h46

A Faculdade de Física da PUCRS (Fafis), em parceria com o Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais, adquiriu um novo aparelho que auxiliará em diferentes pesquisas da Universidade. O Sismógrafo modelo RAS-24 é conhecido por possibilitar a visão debaixo da terra e por caracterizar os diferentes tipos e estruturas de rochas existentes. A proposta principal é utilizar o equipamento para complementar e desenvolver o projeto Mapeamento em Subsuperfície do Aquífero Guarani, coordenado pelo professor da Fafis Cassio Stein Moura e aprovado em 2014 no edital Programa de Apoio ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica em Desastres Naturais (Pró-Alertas), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e, em especial, para localizar a água no subsolo do Rio Grande do Sul. O objetivo é produzir um atlas da água subterrânea no Estado buscando prevenir possíveis faltas do líquido.
O processo de mapeamento da estrutura geológica do solo é feito pela reflexão de som que chega ao ouvinte pouco tempo depois da emissão do som direto, mais conhecido como Eco. Ele é viabilizado por uma fonte de sinal (que pode ser simplesmente uma marreta ou um explosivo) e por 12 geofones (sensores que captam vibrações) firmados no chão que, conectados ao instrumento, podem detectar reflexões de ondas sísmicas a mais de 100 metros de profundidade e verificar a distância das rochas subterrâneas em relação à superfície. “Batemos com uma marreta na chapa de alumínio e, assim, provocamos vibrações que se propagam até as profundezas do solo. Quando as vibrações encontram descontinuidades subterrâneas, por exemplo, uma estrutura de rocha arenito sobre rocha basalto, acontece o que chamamos de eco e o som retorna.  Então, o tempo de retorno é medido e, através da velocidade, identificamos a distância dessas rochas”, explica Moura.
Terremoto no Chile
Um exemplo real da utilização do sismógrafo pode ser relacionado ao terremoto de 8,4 graus que abalou a região central do Chile, no dia 16 de setembro. O fenômeno também foi sentido em cidades do RS, como em Santa Maria. Segundo Moura, se o aparelho estivesse ligado no dia, provavelmente teria detectado o tremor. “Às vezes sentimos o terremoto antes, outras vezes ele vem sem avisar. Acredito que o do Chile tenha vindo de repente, mas nós, com o sismógrafo, poderíamos identificá-lo chegando aqui no Estado”, comenta. Outra situação em que o equipamento pode ser utilizado é em construções feitas em cima de lixões, onde a identificação do solo é essencial para que o empreendimento não desmorone. Além disso, o aparelho é uma exigência em centrais hidrelétricas para acompanhar reacomodações das rochas no entorno do reservatório de água.

Para chegar ao resultado completo e identificar a quantidade e qualidade da água contida no Aquífero Guarani, como a salinidade e o Ph, as falhas geológicas e zonas de recarga, serão utilizados também outros dois aparelhos: o eletrorresistivímetro e o magneto telúrico. O projeto de mapeamento é realizado em conjunto com outras instituições, como a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), aUniversidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM). A previsão de término é para daqui a cinco anos.
Utilização em sala de aula
Além das pesquisas, o sismógrafo será utilizado em sala de aula pelos alunos da disciplina de Métodos Sísmicos, do curso de Geofísica da Fafis, e nas disciplinas de Saída de Campo A e B. “A nossa ideia é formarmos geofísicos de ponta, prontos para mexer em um aparelho bastante utilizado no mercado de trabalho”, garante o professor.


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