SXSW 2024: confira os insights sobre o maior evento de tecnologia do mundo

Leandro Pompermaier, gestor de Relacionamento e Negócios do Tecnopuc, compartilhou suas impressões direto de Austin, no Texas

15/03/2024 - 15h27
Leandro Pompermaier, sxsw

Foto: Arquivo pessoal

O South by Southwest, mais conhecido como SXSW, está acontecendo desde o último sábado (8), em Austin (Estados Unidos). O evento, que é considerado um dos maiores da área de tecnologia do mundo, vem gerando novos relatórios e insights sobre o mercado e o futuro da tecnologia. A PUCRS está entre as instituições participantes do evento, com uma cobertura realizada por um time de embaixadores nas redes sociais da Universidade e do Tecnopuc. Leandro Pompermaier, pesquisador e gestor de Relacionamento e Negócios do Tecnopuc, é um desses embaixadores e compartilhou seus insights sobre as novidades apresentadas no SXSW. Confira: 

Dia 1: mercado, deep fake e produção de conteúdo  

No primeiro dia de evento, Leandro esteve presente em alguns painéis nos quais foram debatidos temas sobre a situação atual do mercado de startups, a grande produção de deep fakes nas redes sociais e a produção de conteúdo com proposito. Nesse contexto mercadológico, ele avalia que o capital de risco se tornou dependente de capital barato e prioriza startups de escalabilidade rápida em detrimento da sustentabilidade a longo prazo. 

“O financiamento está cada vez mais concentrado em negócios maiores e menos em startups – ainda que as startups recebam muito mais financiamento do que no passado”, pondera. 

Sobre as deep fakes, o pesquisador ressalta que elas representam sérias ameaças, podendo impactar em eleições, golpes e disseminação de desinformação. Ele acredita que as atuais regulamentações para o uso dessa tecnologia são insuficientes para conter sua disseminação descontrolada.  

“Avanços em inteligência artificial (IA) estão acelerando a corrida armamentista entre criadores e detectores de deepfakes, exigindo inovação constante para permanecer à frente do problema. Embora a maioria das aplicações de IA sejam benéficas, o potencial para deep fakes exige ação urgente e coordenada entre governo, empresas de tecnologia e sociedade”, avalia.  

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Painel “Dream Big, Disrupt Boldly: A Conversation with Joe Gebbia, Co-Founder of Airth e Samara”. / Foto: Arquivo pessoal

Leandro também esteve presente na palestra de Mark Rober, ex-engenheiro da Nasa que fez transição de carreira e se tornou criador conteúdo para YouTube – acumulando mais de 30 milhões de seguidores por meio de conteúdo de vídeo criativo. Pompermaier explica que, para virar essa chave e encontrar novos caminhos profissionais, é preciso adotar uma mentalidade de crescimento e tratar os desafios como oportunidades para aprender e melhorar.  

“Desenvolver um conteúdo envolvente e convincente, seja vídeos educacionais ou histórias pessoais, é importante para se conectar com amplas audiências e causar impacto. Mark aplica esses princípios para melhorar o aprendizado de ciências.” 

Dia 2: medicina, imprensa, IA e neurotecnologia 

No segundo dia de SXSW, Pompermaier esteve presente em alguns painéis do evento e destaca alguns assuntos relacionados à medicina e ao impacto da Inteligência Artificial na indústria midiática, entre outros. Tratando-se da área da medicina, acredita que o futuro da saúde envolverá uma combinação de ferramentas de alta tecnologia, como sensores e IA, juntamente com o importante toque humano de médicos e cuidadores. 

“As tecnologias digitais já estão melhorando áreas como visitas de telemedicina e monitoramento remoto de pacientes ao fornecer dados de saúde objetivos. A IA pode ajudar a reduzir os ônus administrativos sobre os médicos e dar-lhes mais tempo para se concentrar nos pacientes por meio de ferramentas como a tomada de notas automatizada”, pontua.  

No painel sobre a indústria midiática, Pompermaier destaca que a IA tem um enorme potencial para transformar a criação de conteúdo, permitindo interações mais rápidas, experiências mais personalizadas e novas formas de narrativa. “No entanto, seu uso precisa ser cuidadosamente considerado sob uma perspectiva criativa e ética”, pondera. 

Foto: Arquivo pessoal

O aumento do uso da inteligência artificial também levanta um novo debate: IA com consciência. Em um dos painéis que participou, Leandro acompanhou a discussão sobre esse tema, que, no entanto, não tem uma resposta certa ou definida. Ele explica que a maioria dos painelistas encara a questão com um pouco de desconfiança.  

“Ainda nos falta uma definição universal de consciência e um entendimento completo de sua base em humanos/animais. A IA moderna carece de substratos biológicos, como sistemas nervosos/cérebros complexos, que muitos consideram importantes para a consciência.  As principais teorias da consciência em neurociência não parecem ser implementadas pelas atuais arquiteturas e tecnologias de IA. No entanto, alguns painelistas também observaram que não podemos fazer afirmações definitivas, e futuras IA mais avançadas poderiam potencialmente ser conscientes”, pondera.  

No segundo dia de evento, ele também esteve presente em um painel sobre neurotecnologia. Entre as falas dos painelistas, Leandro destaca que pesquisadores estão pesquisando de que maneira a realidade virtual, biossensores e neurotecnologia podem aprimorar o entendimento e tratamento de condições como autismo. 

Dia 3: neurotecnologia, empreendedorismo, aplicativos e identidades   

No terceiro dia, Leandro Pompermaier participou de painéis que levantaram debates sobre os avanços no campo da neurotecnologia e empreendedorismo, além dos grandes aplicativos e dados sensíveis. No painel sobre neurotecnologia, Leandro destacou que as interfaces cérebro-computador integradas com realidade aumentada são uma promessa para aumentar as habilidades humanas e auxiliar pessoas com deficiências a se comunicarem. 

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Foto: Arquivo pessoal

O pesquisador também participou de um painel com Mark Cuban e Andrew McCollum, dois empresários estadunidenses, sobre empreendedorismo. Os painelistas reforçaram que definir sucesso vai além de apenas métricas financeiras, pois o empreendedorismo também oferece oportunidades de ter impacto e focar no que realmente importa. 

No painel sobre aplicativos, houve debates sobre a necessidade observada no mercado dos Estados Unidos, onde os consumidores desejam utilizar um “super app” ou um único aplicativo que permita o usuário fazer muitas coisas em apenas um local. Nesse sentido, Leandro avalia que branding, narrativa e engajamento criativo são importantes para construir a confiança do cliente nesses casos.  

“Ao expandir para novos mercados, como a América Latina, é importante entender as necessidades e preferências dos clientes locais em vez de apenas agrupar vários serviços”, salienta o gestor.  

Leandro também participou de um painel sobre dados sensíveis, identidades digitais e outras questões que envolvem a privacidade na internet. Ele explica que o conceito de “DNA digital” destaca como nossas atividades online podem revelar informações pessoais, mesmo sem compartilharmos dados intencionalmente.  

“A alfabetização digital é importante, e as empresas precisam tornar a privacidade uma parte central de sua estratégia de design de produto por meio de princípios como transparência, controle do usuário e a priorização do bem-estar ao invés de apenas a conformidade legal”.  

Dia 4: ChatGPT, mobilidade, Amazon e IA no jornalismo 

No penúltimo dia de participação nos painéis do SXSW, Pompermaier esteve presente em conversas sobre humanização da inteligência artificial, mobilidade nas grandes cidades, o império de Jeff Bezos, Airbnb e a relevância da IA para o jornalismo. Sobre a conversa com o CEO da Uber e o prefeito de Austin, Leandro destaca a importância da colaboração entre cidades e empresas para uma maior mobilidade urbana.  

“Sustentabilidade é uma prioridade tanto para a Uber quanto para a cidade de Austin, mas equilibrar a acessibilidade com os objetivos ambientais pode ser desafiador e requer cooperação”, sintetiza.  

Foto: Arquivo pessoal

Assim como é útil para corporações midiáticas, a inteligência artificial pode ser uma grande aliada para o jornalismo. No entanto, Leandro alerta que ainda é necessária a supervisão humana na produção desse conteúdo.  

“Exemplos iniciais de conteúdo gerado por IA sem controle mostraram problemas como erros, plágio e imprecisões. Processos rigorosos com revisão humana são importantes.” 

Dia 5: IA, Tik Tok e saúde 

Finalizando os paineis dessa edição do evento, o gestor destaca que a inteligência artificial foi o assunto mais falado desse ano. Leandro participou de painéis sobre a importância de quebrar os padrões coloniais dos algoritmos. 

“É necessário envolver as comunidades indígenas e considerar suas perspectivas no desenvolvimento de tecnologias de IA. Isso ajuda a garantir que as tecnologias sejam desenvolvidas de maneira culturalmente relevante”, pontua.  

Leandro também participou em um painel sobre pessoas mais velhas e o Tik Tok. Ele pondera que o conteúdo intergeracional que reúne pessoas de diferentes idades pode ressoar amplamente ao mostrar humanidade e experiências compartilhadas através das gerações.  

“Marcas importantes estão reconhecendo o potencial do marketing para audiências mais velhas em plataformas como o TikTok, onde sua presença tem historicamente sido sub-representada. Parcerias com criadores sêniores populares abrem novas oportunidades”, complementa.  

Para finalizar sua participação, Pompermaier esteve em um painel sobre novidades que estão por vir na área da saúde. Nesse sentido, enfatiza que a IA e novas tecnologias estão expandindo o que pode ser detectado durante exames oftalmológicos para diagnosticar outras doenças, além de apenas problemas de visão. Isso pode ajudar a detectar condições mais cedo. 

“Avanços em áreas como óculos inteligentes, realidade aumentada e tecnologias assistivas têm potencial para ajudar tanto indivíduos com baixa visão/cegos quanto a população em geral, aprimorando capacidades de visão e gestão da saúde”, finaliza.  

Leia mais: 4 tendências do SXSW Edu 2024 para o futuro da educação 

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