Você provavelmente está empreendendo, mas talvez não saiba disso
Professora explica como o encontrar soluções para os desafios em situações de crise se relacionam com o empreendedorismo
Empreender está muito mais próximo do que se imagina / Foto: Ivan Samkov/Pexels
Quando se fala em empreendedorismo, a primeira ideia que vem à mente de muitas pessoas é “abrir um negócio”. E, de fato, essa é uma das formas de empreender, talvez a mais popular delas. Mas, na verdade, essa é uma atividade que está muito mais próxima do que se imagina, mesmo para quem não tem um “empreendimento”.
“Resolver-se a praticar (algo laborioso e difícil); tentar”; e “Pôr em execução; fazer, realizar” são as definições do verbo “empreender” encontradas no dicionário Michaelis. Lendo essas descrições, já fica claro que essas ações estão presentes no dia a dia de todos nós. E, para a professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Manoela de Oliveira, estamos em um período que favorece muito atitudes empreendedoras.
Pandemia e empreendedorismo
Manoela explica que, sim, empreender pode resultar em abrir uma empresa. Mas que, de uma forma mais geral e mais próxima da realidade da maioria das pessoas, está relacionado a “fazer uma ação intencionalmente como objetivo de mobilizar alguma coisa. Nesse sentido, acho que este é um momento muito propício para todo mundo desenvolver essa capacidade de empreender, porque a gente precisa encontrar soluções para vários problemas”, aponta a professora.
Desde o início da pandemia, diversas adaptações foram necessárias para todas as pessoas, no mundo inteiro. Em relação aos estudos, por exemplo, alunos que estavam habituados a ter aulas presenciais precisaram migrar para a modalidade online. E isso resultou em situações e desafios que precisaram ser solucionados. “Achar um espaço adequado, organizar os horários, organizar-se para estudar e decidir permanecer na Universidade e buscar o título que se propôs a conquistar no Vestibular ou no Enem também é empreender”, destaca Manoela.
A professora pontua que nem sempre essa é uma tarefa fácil, e que, por isso, é importante também entender que cometer erros nesse processo é normal e que eles podem, também, ensinar muitas coisas: “Uma boa alternativa é tomar consciência dos seus objetivos e dos desafios que podem vir com eles. É importante pensar em uma alternativa para tentar superar esses ‘erros’, levantar e tentar de novo alguma outra coisa. Não é preciso ser teimoso, mas é preciso ser persistente”.
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Olhar para dentro
Manoela reforça que o contexto que estamos vivendo é propício para desenvolver novas competências e habilidades. Ter que lidar com internet instável, dividir espaço físico com outras pessoas, negociar horários e recursos são desafios que ajudam a desenvolver as habilidades de negociação e de empatia, de flexibilidade. Ao mesmo tempo, valorizar aquelas pessoas que são importantes e encontrar formas alternativas de manter contato com elas desenvolve socialização e criatividade.
Uma estratégia interessante apontada pela professora é fazer o exercício de analisar a jornada nesse período de distanciamento social. “Pensar em como estávamos nas primeiras semanas e como estamos agora, e o que conseguíamos fazer lá e o que conseguimos fazer aqui é um exercício interessante”. Ela reforça que, provavelmente, não desempenhamos atividades com o mesmo nível de sucesso durante todo esse tempo: “E poder observar isso, entender os motivos e levar para um próximo semestre com intencionalidade e foco, sabendo o que se está fazendo, é super interessante e pode servir de aprendizado também”.
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Conhecer-se mais permite entender melhor quais oportunidades valem a pena / Foto: Vlada Karpovich/Pexels
E também olhar para fora
Além de olhar para dentro, tentando se compreender, entender o que gosta, de que forma faz isso bem e quando não consegue fazer tão bem assim, Manoela destaca o “olhar para fora”. “Assim, é possível entender o que está acontecendo, respeitar os outros e ajudar quem precisa”.
Em relação aos estudos e ao futuro profissional, conhecer-se mais permite entender melhor quais oportunidades valem a pena. “A questão de olhar pra fora pensando no futuro profissional é interessante, porque, ao fazer esse exercício e entender as necessidades dos outros, eu posso, enquanto estudante, ir me preparando para um mercado que está mudando, para identificar e atender necessidades desse mercado. E isso me torna muito competitivo, porque eu vou conseguir ter o conhecimento técnico e ter a intenção, a vontade de oferecer soluções que são necessárias para alguns grupos”, conclui.
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