Por uma Medicina mais lenta

Cardiologista italiano defende o uso adequado da tecnologia, evitando desperdícios

04/02/2016 - 15h06

Por Ana Paula Acauan | Revista PUCRS

Nas emergências hospitalares e unidades cardiológicas, o diretor-chefe do Hospital Santa Croce  e Carle di Cuneo, da Itália, Marco Bobbio, 64 anos, vivencia há quatro décadas o valor da tecnologia para salvar vidas. Nos últimos 15 anos, viu também crescer a ansiedade em busca do diagnóstico de doenças, muitas vezes “imaginadas”. Com um grupo de profissionais italianos, criou o movimento Slow Medicine (Medicina Lenta), em 2011, para que o médico retome sua missão. “A medicina está tratando excessivamente os pacientes, desperdiçando os recursos, enquanto poderiam ser mais bem aproveitados”, alerta.

Neto de cirurgião e ginecologista, herdou o senso crítico e a reflexão sobre seus atos do pai Norberto Bobbio, filósofo político e autor de A era dos direitos. Em 2015 esteve na PUCRS e concedeu entrevista à revista PUCRS.

 

Temos muito mais tecnologia e informações, mas esse avanço não é só positivo para médicos e pacientes. Quais são as desvantagens?

Todos os avanços científicos e tecnológicos são úteis para os pacientes. Nos últimos 30, 40 anos em que eu pratico medicina, o conhecimento sobre doenças avançou muito, juntamente com os investimentos de companhias farmacêuticas para procurar novos tratamentos, mas alguns aspectos retrocederam. Quando a tecnologia é usada de uma forma inapropriada, pode ser danosa. Um exemplo: hoje os exames são muito sensíveis. Se você faz um teste num paciente provavelmente encontra algo. Isso não significa que seja uma doença, que mereça tratamento. Começa um círculo, com mais exames. A tecnologia se desenvolve tão rapidamente que não temos tempo de entender como usá-la. Na maior parte das vezes, nós desperdiçamos o que temos disponível.

 

O senhor é contrário a vacinas?

As vacinas são uma boa maneira de prevenir doenças importantes. Há muitos movimentos contrários, mas não podem fazer certos manifestos porque a grande maioria das pessoas foi imunizada. As doenças não estão presentes por isso. Se a mobilização aumentasse, algumas poderiam retornar, causando um problema social.

 

Como o senhor cuida da sua saúde?

Não sou fanático por medicina preventiva. O que eu faço é me exercitar quando tenho tempo. Não vou todos os dias à academia ou piscina. Caminho sempre que posso. Uso o carro só o necessário. Locomovo-me com transporte público, bicicleta. Há semanas em que não consigo. Em segundo lugar, tento reduzir o sal na alimentação. Mudei minha dieta diminuindo carne de qualquer tipo. Isso não significa que eu não coma. Na noite passada, por exemplo, fomos a uma churrascaria e gostei muito de saborear uma boa carne. Também procuro tomar medicamento o menos possível e ingerir pouco açúcar. E tomo moderadamente vinho, cerveja, mas não durante o dia nem no almoço porque dá sono.

 

Leia a entrevista completa na Revista PUCRS nº 177, páginas 28 e 29 .
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