Grupo de pesquisa da Escola de Humanidades busca soluções inclusivas para o ensino de Matemática

Pesquisadores desenvolvem aplicativos para facilitar o aprendizado de estudantes com paralisia cerebral e deficiência visual

25/09/2023 - 11h50
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A pesquisa envolve a elaboração e execução de propostas inovadoras para o ensino de Matemática. / Foto: Envato

Buscar soluções para promover um ensino inclusivo de Matemática e Ciências da Natureza: este é o objetivo do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Discalculia do Desenvolvimento, da Escola de Humanidades da PUCRS. Coordenado pela docente Isabel Machado de Lara, o grupo iniciou suas atividades em 2014 e, desde 2017, aborda outras necessidades educacionais específicas, como o caso de pessoas com paralisia cerebral e/ou deficiência visual. 

A discalculia, tema estudado pelo grupo, refere-se a um transtorno de aprendizagem com prejuízo na matemática, que inclui dificuldade na memorização de fatos aritméticos, na precisão de cálculos e no raciocínio matemático. De acordo com Isabel, os trabalhos envolvem a elaboração e execução de propostas inovadoras para o ensino de Matemática e Ciências da Natureza, que utilizem recursos pedagógicos e tecnológicos e que apresentem ações adequadas a todos os estudantes.  

“O objetivo dos estudos do grupo é desenvolver trabalhos que contribuam efetivamente para aprendizagem de estudantes e promovam a inclusão, possibilitando a valorização de seus saberes e seus fazeres, respeitando a diversidade e a equidade”, explica a professora. 

Tecnologia a favor do ensino 

Um dos projetos do grupo abrange o desenvolvimento de aplicativos de realidade mista para auxiliar pessoas com discalculia, paralisia cerebral e deficiência visual no aprendizado da Matemática. Duas bolsistas trabalham nessa linha: Susana Seidel, doutoranda em Educação, busca viabilizar uma visita virtual guiada e narrada ao Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS. 

“O foco é na deficiência visual, então é preciso que o ambiente seja aumentado, para aqueles de baixa visão, e narrado, para quem não tiver visão, para explorar demonstrações e jogos matemáticos”, explica. 

A outra pesquisa é de Fabricia Souza Nazário, mestranda em Educação. Seu estudo visa analisar as implicações do uso dos apps no aprendizado de Matemática de alunos da educação básica com paralisia cerebral. A cientista trabalha para desmistificar visões capacitistas.  

“Muitas vezes as famílias ignoram o potencial de aprendizagem e focam só na parte médica. E eu me deparo com casos em que a paralisia não afetou o sistema cognitivo da pessoa. Afeta mais o sistema motor, e as pessoas têm plena condição produtiva, intelectual, muitas vezes até altas habilidades, para continuar nos estudos”, conta. 

O ensino de Matemática para pessoas com paralisia cerebral, aliás, foi tema do trabalho de conclusão de doutorado vencedor do Prêmio CAPES de Tese 2021 na área de Ensino. Dilson Ribeiro, hoje doutor em Educação em Ciências e Matemática pela PUCRS, levou a premiação com pesquisa orientada por Isabel Machado de Lara. A tese de Ribeiro ressaltou a importância da presença do estudante em sala de aula e a interação com o meio social, seja com outros alunos ou com professores. 

De acordo com dados do IBGE e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 8,9% da população com 2 anos ou mais. Na condição de direito de todos e dever do Estado, estabelecida pela Constituição Federal, a educação é o principal meio para assegurar a inclusão de grupos sub-representados. Com financiamento da CAPES, a equipe de pesquisa da PUCRS atua nesse sentido. 

*Com informações da CGCOM/CAPES.

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