André Salata/ Foto: Giordano Toldo

Em 2022, a população com seis anos ou mais no Rio Grande do Sul enfrentava uma taxa de pobreza de 15,9%. Para as crianças de até seis anos, no entanto, esta taxa era praticamente o dobro, alcançando 30,2%. No caso da pobreza extrema, para aqueles acima de seis anos a taxa era de 2,5%, enquanto para as crianças até essa idade o patamar ficava em 4,7%. Em termos absolutos, em 2022, havia 244 mil crianças pobres e 37,9 mil em extrema pobreza. Segundo André Salata, professor da Escola de Humanidades da PUCRS, “as taxas de pobreza maiores para as crianças até seis anos, em comparação com a população total acima desta faixa etária, se explicam, em grande parte, pela maior concentração de crianças em domicílios com renda mais baixa.” 

Estes números fazem parte do relatório Pobreza infantil no Rio Grande do Sul entre 2012 e 2022”, lançado pelo PUCRS Data Social: Laboratório de desigualdades, pobreza e mercado de trabalho. Os dados são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo trabalha com as linhas de US$6,85 PPC para pobreza e US$2,15 PPC para a extrema pobreza, assim como definidas pelo Banco Mundial. Em valores mensais de 2022, a linha de pobreza é de aproximadamente R$6,36 per capita e a linha de extrema pobreza é de aproximadamente R$ 199 per capita. Crianças que vivem em domicílios com renda per capita abaixo desses valores estão em situação de pobreza e/ou de pobreza extrema.  

O professor Ely Jose de Mattos, pesquisador do laboratório, afirma que “a pobreza infantil é particularmente preocupante, pois sabe-se que privações de condições básicas nesta fase da vida tem repercussões permanentes na fase adulta”. Já a pesquisadora Izete Pengo Bagolin destaca que “crianças que vivem em famílias em situação de pobreza monetária, em geral também estão expostas a outros tipos de privações tais como moradias precárias, nutrição inadequada e condições educacionais insuficientes.” 

Ainda que as taxas de pobreza e pobreza extrema sejam preocupantes de um modo geral, a situação é ainda pior para determinados segmentos demográficos. Entre as crianças negras, por exemplo, a taxa de pobreza é o dobro daquela entre as crianças brancas – 50,5% contra 25,6%. Já sobre localização de moradia, a pobreza infantil em áreas rurais é maior (35%) contra 29,5% no ambiente urbano. 

Estrutura familiar e escolaridade dos pais ou responsáveis são fatores determinantes na situação socioeconômica das crianças/ Foto: Envato

Os programas de transferência de renda, neste contexto, desempenham importante papel na minimização desta situação. Em 2020, ano crítico da pandemia, a taxa de pobreza entre crianças no RS foi de 31,6%; sem os auxílios, poderia ter chegado a 38,3%. No caso da pobreza extrema, para o mesmo ano, registrou-se a marca de 5,4%; sem os auxílios poderia ter sido quase o dobro (10,6%). Além das taxas de incidência, os auxílios também se mostraram relevantes para amenizar a profundidade da pobreza – entendida como a distância entre a renda dos indivíduos e a linha de pobreza utilizada. 

O estudo também mostra que as crianças em situação de pobreza sofrem desvantagens em outras dimensões além da monetária. Em termos de estrutura familiar, por exemplo, as crianças pobres apresentam maior tendência a viver em famílias monoparentais: 29,3% entre as crianças pobres, contra 16,7% para o total de crianças no estado. Quanto à escolaridade dos pais ou responsáveis, fica evidente seu menor nível educacional no caso das crianças pobres. Entre as crianças abaixo da linha de pobreza, 48,9% dos responsáveis tinham apenas ensino fundamental, enquanto para o total de crianças do Rio Grande do Sul esse número era de 32,7%. O estudo identifica, ainda, que as crianças pobres tendem a frequentar menos a creche/escola: 45,7% o faziam, contra 57,7% para o total de crianças do estado. Finalmente, do ponto de vista de moradia, o estudo mostra que crianças em situação de pobreza tendem a morar em domicílios com adensamento excessivo: 48,9% entre as crianças pobres, contra 33,2% no total das crianças do RS. 

Segundo os pesquisadores, estes são fatores que afetam não somente a qualidade de vida destas crianças no presente, mas também suas oportunidades no futuro. André Salata, que também coordena o PUCRS Data Social, pontua: 

“É importante compreender que a pobreza não indica somente uma privação monetária. Em função das condições de vida mais duras, famílias pobres têm dificuldades para garantir os estímulos necessários ao bom desenvolvimento de capacidades cognitivas e não cognitivas para seus filhos, com prejuízos que se dão no presente, mas que também serão sentidos no futuro dessas crianças”.  

Tomás Fiori, professor da Escola de Negócios da PUCRS e um dos autores do estudo, destaca o papel do governo estadual no combate à pobreza infantil: 

O Rio Grande do Sul já foi pioneiro quando lançou o Programa Primeira Infância Melhor (PIM) há 21 anos e hoje está construindo o Plano Estadual que norteará o cuidado integral das crianças até 2034. A compreensão da incidência e profundidade da pobreza nessa fase da vida é crucial, assim como a contribuição da comunidade acadêmica em estudos como o que o PUCRS Data Social está oferecendo à sociedade.” 

Sulgás promove a formação dos jovens no Projeto Pescar há 16 anos. / Foto: Roberto Furtado

A partir deste ano, a Sulgás, responsável pela distribuição de gás natural no Rio Grande do Sul, passa a integrar o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc). A empresa traz um dos seus principais programas sociais para o Parque: o Projeto Pescar, que há 16 anos faz parte da história da empresa e já formou mais de 270 jovens em situação de vulnerabilidade social.  

O curso é voltado a jovens de 16 a 19 anos, de famílias de baixa renda, residentes em Porto Alegre, especificamente nos bairros próximos ao Tecnopuc, como Partenon, São José, Morro da Cruz, Lomba do Pinheiro e região. A partir de fevereiro, 24 jovens participantes do Projeto Pescar Sulgás irão iniciar as aulas no Farol, hub do Tecnopuc que atua com projetos de impacto.  

No projeto, os jovens participantes têm a possibilidade de conhecer o mundo do trabalho e os processos de conversão de equipamentos para o gás natural. De acordo com Liliana Rauber, gerente de marketing da Sulgás, durante o ano, os alunos têm acesso às questões técnicas, mas também a outros setores que compõem a instituição.  

“Trabalhamos com os participantes tudo que envolve a nossa empresa, não só a parte técnica, mas também todos os setores que a empresa tem, como RH, rotinas administrativas, comunicação, entre outros. Eles saem com uma base inicial de conhecimento. Aqueles que demostram interesse nessa área, nós encaminhamos para o Senai. Além disso, o Projeto Pescar acompanha o aluno após o término do curso por dois anos para ajudar no encaminhamento deles no mercado de trabalho ou para a sequência dos estudos”, explica Liliana.   

Conheça a Sulgás 

A empresa chega ao Tecnopuc com 90 mil clientes e com a meta de alcançar os 100 mil. Na parte social, a Sulgás mantém um compromisso de administrar cerca de 22 projetos nas áreas ambientais, esportivas e culturais. Carolina Bahia, gerente executiva de relações institucionais da Sulgás, reforçou que o Projeto Pescar é o carro chefe da empresa no âmbito social.  

“O Pescar é um projeto que conta com recursos próprios da Sulgás. A tendência é que a empresa invista e entre, cada vez mais, na vida desses jovens. No ano passado, começamos a pensar em um lugar que pudesse receber os alunos de uma maneira mais ligada à tecnologia, ao mercado e à economia. É isso que queremos, que eles estejam inseridos nesse mundo”, comenta Carolina.   

É com o objetivo de impulsionar esse desenvolvimento de talentos que o Farol Hub Social se conecta ao Projeto Pescar Sulgás. Em 2023, o Farol foi responsável por formar 49 jovens, além de promover atividades e ações. Com a chegada da Sulgás ao Tecnopuc, o Hub intensifica a sua missão de conectar o ecossistema de inovação e empreendedorismo da Universidade com estratégias de formação e capacitação nas áreas de inovação e desenvolvimento, especialmente de jovens que se encontram em situação de vulnerabilidade social.  

A formação de novos talentos é uma das frentes do Tecnopuc desde o seu início, em 2003.  Para o Parque, iniciativas de desenvolvimento profissional e social têm dois objetivos: atender às demandas do mercado e promover a inclusão de jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica.  

Sobre o Projeto Pescar  

O Projeto Pescar iniciou em 1976, a partir da iniciativa do empresário Geraldo Link. Com o passar dos anos, o Pescar se tornou uma rede colaborativa que reúne empresas que oferecem formações socio profissionalizantes em todo Brasil.

Resíduos sólidos urbanos, reciclagem de tampas de plástico

A central de resíduos da PUCRS atua desde 2018 para dar um destino adequado os resíduos produzidos na Universidade. / Foto: Giordano Toldo

A administração eficiente dos resíduos sólidos urbanos representa um dos principais desafios enfrentados pelo Brasil, um país de vastas dimensões e uma população em constante crescimento. A rápida urbanização e o aumento da produção de resíduos têm intensificado a pressão sobre os sistemas de gestão existentes, gerando uma série de complexidades ambientais, sociais e econômicas. Neste contexto, é importante para os municípios abordarem questões relacionadas à coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos de maneira estratégica e sustentável. 

Desde 2018, a central de resíduos da PUCRS desempenha um papel fundamental na gestão adequada dos resíduos, promovendo a separação e o tratamento apropriados dos materiais descartados pela Universidade. Isso contribui para a redução do impacto ambiental, a promoção da reciclagem e a minimização da quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários. Este trabalho de segregação é realizado por uma empresa parceira, que é responsável por vender os materiais para recicladoras autorizadas, e parte do valor é revertido em forma de desconto na prestação do serviço. 

“Importante salientar que no âmbito da gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos deve ser observada a ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final adequada dos rejeitos”, destaca Caroline Luckow, coordenadora de Sustentabilidade Ambiental e Bem-Estar das Pessoas na PUCRS.  

O Brasil é o campeão da geração de lixo entre os países da América Latina, representando 40% do total gerado na região – o que significa o descarte de 540 mil toneladas por dia, segundo a ONU Meio Ambiente, programa das Nações Unidas. A separação dos resíduos é um problema relevante, visto que vários municípios ao redor do país não possuem uma central de reciclagem disponível aos moradores, sendo obrigados a conviver com aterros ou lixões.  

A persistência dos lixões no Brasil, até 2025, é uma preocupação ambiental significativa, pois pode resultar em danos irreversíveis ao meio ambiente, contaminação do solo e recursos hídricos, além de impactos na saúde pública”, aponta. 

O setor empresarial recentemente foi responsabilizado pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) pelo sistema de logística reversa (que significa a destinação correta ou reaproveitamento dos resíduos), porém ainda não foi implantado. A priorização de setores mais tradicionais é um dos fatores para a complicação, além da falta de compromisso social que é visto em setores acadêmicos com motivações diversas como pesquisas ou valores éticos. Por esse motivo, as universidades e escolas são fundamentais no ensino do cuidado do meio-ambiente, desde a coleta até o descarte correto, explica Caroline.  

“A implementação efetiva de políticas, investimentos em infraestrutura e conscientização são necessários para mitigar os impactos negativos e promover um ambiente mais saudável. Quanto mais se adia a transição, maior é o risco de danos ambientais irreversíveis”, pontua. 

Resíduo Zero busca reduzir impacto ambiental 

O resíduo mais gerado no Campus da PUCRS, segundo dados do setor de Sustentabilidade Ambiental e Bem-Estar das Pessoas, é o de podas, seguido do rejeito orgânico – com um total de 565 toneladas. A quantidade dos dois resíduos somados é igual ao lixo descartado incorretamente encontrado nos rios do município de Estância Velha, que possui apenas 5% da população atual de Porto Alegre. 

A PUCRS se destaca por implantar o Projeto Resíduo Zero, que envolve a redução consciente do desperdício, reutilização de materiais e reciclagem eficiente. Na Universidade, o resíduo derivado da construção civil é enviado para um centro de beneficiamento de caliça (reboco), onde ele é avaliado, classificado e processado, possuindo como objetivo a redução no impacto ambiental e promoção da economia circular.  

A Central de Resíduos da PUCRS adota uma prática de multiplicadores de informação integrada ao programa PUCRS SUSTENTÁVEL, que visa sensibilizar todos que interagem com o Campus por meio de oficinas e treinamentos. Essa iniciativa contribui para a conscientização da população de Porto Alegre. A cidade encontra-se atualmente na quinta posição entre as Capitais brasileiras no ranking de reciclagem, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Caroline explica que a atuação da Universidade é de uma cidade de pequeno porte, pela grande circulação de pessoas, e a eficácia da mensagem é altamente influenciada pelo método de tratamento.  

“Nosso método é visual e manual, são práticas sustentáveis e transparentes, podendo inspirar a comunidade a adotar comportamentos similares, pois pode ser aplicado por qualquer um de nós”, conta a coordenadora.  

Para contribuir com o cuidado com o meio ambiente, o primeiro passo é o descarte correto do lixo. Na cartilha disponibilizada pela PUCRS estão todas as dicas para o descarte na Universidade, que você pode conferir aqui: Cartilha de orientações. 

6 dicas de como colaborar o gerenciamento de Resíduos sólidos urbanos

Contribuir para o gerenciamento adequado de resíduos sólidos urbanos é uma responsabilidade coletiva. Listamos 6 dicas de como colaborar para melhorar o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos: 

1) Separe os resíduos

Classificar os resíduos em categorias como recicláveis, orgânicos e resíduos perigosos é fundamental. Isso facilita o processo de reciclagem e evita a contaminação de materiais recicláveis. 

2) Facilite a reciclagem

Utilize os sistemas de coleta seletiva disponíveis na região para descartar materiais recicláveis. Isso inclui papel, plástico, metal e vidro. Importante estar ciente dos locais de coleta de recicláveis na comunidade. 

3) Compostagem

Para resíduos orgânicos, considerar a prática da compostagem em casa é uma alternativa. Isso não apenas reduz a quantidade de resíduos enviados para aterros sanitários, mas também produz um material rico em nutrientes que pode ser usado como adubo. 

4) Evite o desperdício

Busque consumir alimentos de forma consciente e reutilizar itens sempre que possível. A redução do desperdício contribui significativamente para a diminuição do volume de resíduos gerados. 

5) Descarte responsável

Lembre-se de descartar os aparelhos eletrônicos antigos e pilhas em locais específicos para evitar a contaminação do solo e da água por substâncias tóxicas. 

6) Opte por sacolas reutilizáveis

Optar por sacolas reutilizáveis em vez de sacolas plásticas descartáveis ao fazer compras. Isso reduz a quantidade de plástico de uso único que contribui para a poluição ambiental. 

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A ação foi promovida pela PUCRS em parceria com a Associação Esportiva e Cultural Pró-Esporte. / Foto: Giordano Toldo

A magia do Natal ocupou todos os cantos do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS na última segunda-feira (18). A felicidade de receber os presentes pedidos nas cartinhas ao Papai Noel estava estampada nos olhos e sorrisos das crianças que participaram da ação Natal no Museu, promovida pela PUCRS em parceria com a Associação Esportiva e Cultural Pró-Esporte (AESPE). O evento foi organizado pela Gerência de Gestão de Pessoas (Gepes) em parceria com o Museu da PUCRS e proporcionou, além da entrega dos presentes pelo Papai Noel, uma visita guiada no Museu e lanche no final.  

Vinícius da Silva Alves, presidente da AESPE, conta que a Associação atua em prol de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social desde 2017, e que o projeto já chegou a 5ª edição.

“Este é um grande momento para nós, enquanto entidade, e para as crianças. Essa alegria dá para perceber no olhar de cada uma delas. Essa ação foi muito gratificante e que tenho certeza de que irá ficar marcada na memória de cada criança”, destaca Vinícius.

As cartinhas de 50 crianças foram distribuídas entre colaboradores da Universidade, que se comprometeram em realizar os pedidos de cada uma delas. Para Caroline Luckow, coordenadora de Sustentabilidade Ambiental e Bem-Estar das Pessoas, ações como esta se conectam diretamente com os valores maristas que pautam a atuação da instituição.  

“A solidariedade e o espírito de família são os principais pilares que orientam as ações sociais. Estamos vivenciando um novo momento, especialmente no que diz respeito à responsabilidade social e foi um prazer poder fazer parte desta organização e cuidado com a comunidade da Bom Jesus”, explica Caroline. 

Projeto vem impactando vidas desde 2017 

O Projeto Educando pelo Esporte na Bonja procura, por meio do esporte, realizar a transformação social na vida das crianças e adolescentes do bairro Bom Jesus. Vinícius explica que todas as crianças, obrigatoriamente, precisam que estar matriculadas e estudando em escola pública. “Nós realizamos atividades de futebol, vôlei e capoeira, além de um programa para desenvolvimento e formação do caráter socioemocional e reforço escolar”.  

Mikaela Vitória Goulart, de 16 anos, visitou o Museu da PUCRS pela primeira vez e ficou apaixonada. Para ela, a visita foi uma experiência incrível: “Adorei o passeio e o presente, foi exatamente o que pedi”, conta.  

João Vitor Escobar também estava superanimado com o evento e com o Papei Noel. Na cartinha, o menino de 11 anos havia pedido uma chuteira, uma bola e uma camisa da Seleção Brasileira de Futebol. Os três presentes vieram do jeitinho que ele imaginava: “Aqui está ótimo e eu ganhei bem o que eu pedi! Estou muito feliz”, conta sorridente.  

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Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS promoveu a primeira edição do Momento de Acolhimento Sensorial/ Foto: Divulgação

O Museu de Ciências e Tecnologia (MCT) da PUCRS promoveu, no dia 25 de novembro, o Momento de Acolhimento Sensorial, ação de inclusão e acessibilidade destinada a pessoas com deficiência – principalmente aquelas que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA). A necessidade e motivação para essa iniciativa partiu da compreensão de que acessar alguns espaços públicos muito estimulantes pode ser uma experiência estressante e desafiadora para algumas pessoas.  

“O Museu se propõe a criar oportunidades que privilegiem o conforto sensorial e diminuam impactos na interação com o ambiente; ampliando, assim, as possibilidades de acesso para um público cada vez mais amplo e diverso”, explica Gabriela Ramos, museóloga das ações educativas do Museu.

A ação foi concebida, planejada e desenvolvida pelas museólogas do MCT, a partir de uma parceria entre o Museu, a Gepes e o Colégio Marista Champagnat. A organização foi iniciada no dia 19 de outubro, pouco mais de um mês antes do evento. Além das museólogas, também participaram do desenvolvimento do projeto uma pesquisadora da área de inclusão museal e doutoranda em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU), uma psicóloga e analista em diversidade e inclusão da GEPES, uma pesquisadora da área do Transtorno do Espectro Autista e pós-doutoranda em Educação pela PUCRS, uma professora responsável pelo Atendimento Educacional Especializado do Colégio Marista Champagnat e parte da equipe interdisciplinar do MCT. Uma parte importante nesse processo foi a capacitação da equipe do Museu, detalha Gabriela Heck, pesquisadora da área de inclusão museal.

“As capacitações foram momentos de formação com a equipe envolvida no projeto piloto, que ocorreram durante o mês de novembro de 2023. Nesses espaços de formação, desenvolvemos os temas sobre Acessibilidade, Pessoa com Deficiência e especificamente questões relacionadas ao TEA.” 

Equipe envolvida no projeto passou por três etapas de capacitação para dar vida ao projeto/ Foto: Divulgação

No total, a capacitação foi dividida em três etapas: a primeira foi ministrada por Gabriela Heck, Doutoranda em Educação. Nessa etapa, foram abordados conceitos fundamentais sobre acessibilidade, incluindo a definição de acessibilidade e pessoa com deficiência, conforme a Lei nº 13.146 de 2015, esclarecimentos sobre o uso do cordão/fita de girassóis para identificar deficiências ocultas, segundo a Lei nº 14.624 de 2023. Outras definições importantes incluíram explanações sobre deficiências ocultas, tipos de deficiência, barreiras de acessibilidade, capacitismo e termos capacitistas. 

Na segunda etapa, ministrada pela pós-doutoranda em Educação Karla Wunder da Silva, foram apresentados conceitos essenciais e informações relevantes sobre o TEA. Isso inclui a definição do transtorno, aspectos do neurodesenvolvimento e dos transtornos relacionados, a desmistificação de estereótipos associados a pessoas autistas e dados internacionais e nacionais sobre autismo. Além disso, também foram abordadas características típicas, níveis de suporte, comportamentos observáveis com a metáfora do iceberg, STIMS (movimentos estimulatórios/reguladores), desenvolvimento da linguagem e abordagem de situações de agressividade.   

Por fim, a terceira etapa teve como objetivo o alinhamento da equipe envolvida, retomando as principais orientações de abordagem e comunicação frente ao público, adequações e recursos desenvolvidos para a iniciativa e um espaço de diálogo para manifestação de dúvidas do time envolvido na ação. Gabriela Heck destaca a importância dessa etapa para o desenvolvimento da iniciativa: 

“As capacitações revelaram um potencial colaborativo significativo entre o Museu e outros departamentos da PUCRS, que são responsáveis pela formação de profissionais e pesquisadores em diversas áreas, dispostos a apoiar iniciativas como essa. Essas capacitações proporcionaram oportunidades enriquecedoras para o desenvolvimento pessoal e profissional dos envolvidos, criando espaços significativos para crescimento, trocas e aprendizado”, comenta ela.  

Recepção do evento pelo público foi um sucesso 

Para a iniciativa, foi criada uma sala de acolhimento sensorial, que difere dos demais espaços do MCT: sendo um local longe dos principais estímulos do museu, como barulhos, luzes e aglomeração de pessoas, o espaço tem como objetivo fornecer conforto e segurança para os visitantes. “Nesse espaço, a iluminação, a temperatura, as cores do ambiente, os estímulos e os recursos sensoriais disponíveis são pensados como opção para a autorregulação de pessoas neurodivergentes”, explica Gabriela Heck.  

Sala de acolhimento sensorial foi criada especialmente para a iniciativa/ Foto: Divulgação

Para essa primeira edição da iniciativa, a equipe do MCT organizou o espaço na sala de ações educativas. Localizada provisoriamente no terceiro pavimento do Museu, em um ambiente reservado. A sala, um ambiente silencioso, é equipada com pufes, tapete sensorial, materiais para desenho, objetos recreativos e brinquedos antiestresse. João Pedro Talamini, de 21 anos, é autista e participou da edição piloto, e afirma ter sido uma ótima experiência. 

Sempre gostei muito de ciências naturais, e desde criança gosto de visitar o Museus da PUCRS. Poder visitar esse lugar com tranquilidade e silêncio, assim podendo desfrutar de todas as exposições de forma mais agradável, foi realmente muito bom”, diz. 

João não foi o único a aprovar a iniciativa: a pesquisa de satisfação respondida pelos participantes apontou 100% de aceitação quanto ao nome da iniciativa, 100% de satisfação quanto à pertinência da redução de público (menos circulação e ruídos), um maior engajamento dos visitantes com relação aos conteúdos da exposição e uma maior interação com os experimentos. 

A avaliação da iniciativa foi realizada antes, durante e depois da execução do projeto. Além disso, as próprias capacitações trouxeram feedbacks muito positivos, gerando nos atendentes o interesse em participar de mais momentos de formação voltados aos públicos com deficiência e de aprenderem a Língua Brasileira de Sinais (Libras). 

Além disso, a inclusão e diversidade dentro da própria equipe do museu contribuiu para a construção do projeto: o desenvolvimento do Mapa Sensorial foi acompanhado por um atendente do museu diagnosticado com TEA e contribuiu com sua experiência e conhecimento sobre as exposições para mapear os espaços e experimentos com maiores estímulos sensoriais. Posteriormente, ele relatou que se sentiu acolhido ao ser consultado, ouvido e reconhecido. 

Gabriela Ramos destaca a acolhida da equipe e interação com os atendentes, bem como os recursos criados para a inciativa, como mapas, mochilas e a sala. 

“As mochilas, que estavam sendo carregadas pelos atendentes, despertaram o interesse dos visitantes, o que demonstrou a importância de se criar uma identidade visual do projeto para ser adicionada junto a elas e aos demais recursos, visando facilitar a sua identificação por parte do público. Com relação ao espaço de acolhimento sensorial, dos visitantes que a utilizaram, os comentários foram positivos, com sugestões de ter uma sala em cada andar, e a indicação de outros recursos que poderiam ser incluídos, como redes, balanços e uma melhor sinalização”, explica. 

Próxima edição acontece neste domingo 

A edição piloto do projeto foi um sucesso: e não irá parar por aí! A partir de agora, o Museu vai promover, no terceiro domingo de cada mês, o Momento de Acolhimento Sensorial – e o valor do ingresso é meia entrada para pessoas com deficiência e acompanhantes. A próxima edição já tem data para acontecer: dia 17 de dezembro, das 10h às 11h.  

Você pode conferir mais sobre a programação e valores do Museu clicando aqui. 

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Inventário foi totalmente elaborado pela equipe técnica do IPR. / Foto: Giordano Toldo

Durante o mês de dezembro, o Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) está divulgando seu primeiro Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE). Totalmente elaborado pela equipe técnica do IPR, o inventário para o ano de 2022 foi realizado segundo a metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol e abrangeu as emissões provenientes das atividades relacionados aos escopos 1, 2 e 3 (emissões diretas, emissões relacionadas com energia e emissões indiretas). Para isto, foram realizadas capacitações ao longo do ano, referentes ao uso da ferramenta GHG Protocol e sobre a ISO 14064:2018. 

O cálculo do inventário corresponde ao somatório da emissão total de cada gás de efeito estufa, em toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO₂e). Os dados coletados e o cálculo obtido revelam que a maioria das emissões de gases de efeito estufa no IPR é proveniente do consumo de energia elétrica. Em seguida aparecem as emissões fugitivas pela utilização de equipamentos de refrigeração e ar-condicionado e, em terceiro, as emissões provenientes de viagens a negócios. Totalizando 135 tCO₂e emitidas em 2022. 

Atentos ao impacto no meio ambiente 

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O Inventário é uma ferramenta de gestão, pois permite mapear e quantificar as fontes de Gases de Efeito Estufa de uma organização. / Foto: Giordano Toldo

O Inventário é uma importante ferramenta de gestão, pois permite mapear e quantificar as fontes de Gases de Efeito Estufa de uma organização, além de contribuir no combate às mudanças climáticas. Afinal, ao conhecer os impactos da organização, é possível estabelecer planos, projetos e metas para a redução das emissões de GEE.  

“A quantificação de inventários de GEE, muito em breve, será uma obrigação de empresas de diversos setores da economia. Esta iniciativa é um dos primeiros passos para se começar a entender melhor o mercado de carbono e se é ou não necessário compensar emissões comprando créditos, ou fazendo projetos de redução, ou remoção de emissões”, afirma Filipe Albano, gerente da qualidade do instituto e também professor sobre o mercado de carbono. 

Conhecer e quantificar as emissões de GEE é uma importante prática ambiental, mas em breve, será uma exigência legal. Conforme o projeto de lei nº 412/2022, aprovado em 4 de outubro de 2023, que busca regulamentar o mercado de carbono no Brasil, será estabelecido o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).  

Desta forma, os operadores regulados responsáveis por fontes ou instalações que emitam acima de 10 mil toneladas de CO₂ equivalente por ano deverão reportar suas emissões e aqueles emitam acima de 25 mil toneladas de CO₂ por ano, além do reporte obrigatório, terão que buscar cota excedente de outra companhia que emitiu quantidade menor ou adquirir créditos de carbono reconhecidos no SBCE. 

Novo serviço 

Ao apresentar seu inventário, o IPR divulga também a comercialização deste serviço ao mercado e lança o selo “Emissões Quantificadas”. Buscando, assim, tornar-se um referencial internacional para o desenvolvimento de projetos, serviços e produtos com excelência, relevância e qualidade, que atendam a demanda de uma sociedade em constante transformação e com desafios cada vez mais complexos. 

Interessados podem entrar em contato pelo e-mail: i[email protected]

Leia também: IPR é finalista do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2023 em projeto com a Petrobras

O professor Carlos Eduardo Lobo e Silva com representantes da UFRGS, UFCSPA e UFSM com a presidente da Capes, Mercedes Bustamante. / Foto: Arquivo pessoal

A PUCRS recebeu na terça-feira (5), em cerimônia em Brasília, o prêmio Capes Elsevier 2023, que enaltece a produção científica nacional e reconhece instituições brasileiras pela contribuição de maior impacto aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). A Universidade, representada pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Carlos Eduardo Lobo e Silva, foi destaque no ODS de número 11: Cidades e comunidades sustentáveis.  

Segundo dados divulgados pela Elsevier, o ranqueamento das instituições foi realizado a partir de análises da produção científica e métricas obtidas por meio da ferramenta SciVal, que permite acesso agilizado aos resultados de pesquisa de mais de 20 mil instituições em 230 nações ao redor do mundo.  Além do indicador, são elegíveis para concorrerem ao prêmio as instituições com mais de 2 mil documentos nos últimos 5 anos (2018-2022). 

Na categoria vencedora, pesquisas em áreas da biodiversidade, meio ambiente e tecnologia receberam destaque pelo número de citações. Para o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação, o reconhecimento reflete o trabalho de excelência desenvolvido na Universidade.

“A PUCRS parabeniza a CAPES e a Editora Elsevier por essa iniciativa que reconhece e valoriza o impacto da pesquisa brasileira na nossa sociedade. Estamos extremamente honrados em receber essa premiação que fortalece ainda mais a nossa convicção de promover pesquisas de relevância social”, comenta Lobo e Silva. 

Excelência em pesquisa faz da PUCRS uma instituição líder no campo da ciência no Brasil, com impacto nacional e internacional de publicações científicas e formação continuada de pesquisadores. Além de indicadores que demonstram um aumento continuado do número de trabalhos científicos publicados em periódicos internacionais, nos últimos anos também observamos uma tendência de crescimento das citações – um indicativo da relevância das pesquisas conduzidas na Universidade -, fazendo com que a porcentagem de citações ultrapasse os níveis observados globalmente.  

Agenda 2030 da ONU: uma prioridade entre a comunidade universitária 

O prêmio foi entregue na última terça-feira, 5 de dezembro, para os representantes das instituições premiadas. / Foto: Divulgação/CAPES

Em 2023 a PUCRS iniciou um novo ciclo de Planejamento Estratégico e, entre seus principais direcionadores para o período, há um específico sobre Responsabilidade Social, Ambiental e de Governança. A Universidade busca, cada vez mais, gerar e transformar conhecimento em desenvolvimento social, ambiental, cultural e econômico, preparando pessoas para mudar o mundo.  

Gerar desenvolvimento e impacto social é uma causa que acompanha a instituição desde a sua fundação, há 75 anos. Segundo o reitor, Ir. Evilázio Teixeira, o compromisso com a Casa Comum e com a Agenda 2030 ONU está cada vez mais presente no dia a dia da instituição e mobiliza centenas de estudantes, educadores, pesquisadores e colaboradores em prol deste plano de ação global traduzido em 17 ODS. 

“A PUCRS procura responder de maneira integrada aos desafios do mundo atual, integrando grandes projetos e ações que se concretizam por meio da pesquisa em áreas prioritárias como sustentabilidade, energias renováveis, saúde e humanidades”, destaca Ir. Evilázio. 

Além de manter há 30 anos a maior reserva ambiental privada do Rio Grande do Sul, o Pró-Mata, a PUCRS tem hoje um comitê dedicado a implementar um Plano de Gestão Ambiental que responda aos desafios do presente e do futuro. Em tempos de emergência climática, além de ações em laboratórios e uma exposição educativa sobre o tema no Museu de Ciências e Tecnologia, o Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) está trabalhando em um programa pioneiro de captura de carbono da atmosfera.

vEJA as instituições vencedoras: 

ODS 1 – Erradicação da pobreza 

Premiado: Universidade Federal de Santa Maria 

ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável 

Premiado: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 

ODS 3 – Saúde e bem-estar 

Premiado: Fundação Getúlio Vargas 

ODS 4 – Educação de qualidade 

Premiado: Hospital Israelita Albert Einstein 

ODS 5 – Igualdade de gênero 

Premiado: Universidade Federal de Ouro Preto 

ODS 6 – Água potável e saneamento 

Premiado: Universidade Federal do Rio Grande do Sul 

ODS 7 – Energia limpa e acessível 

Premiado: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia 

ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico 

Premiado: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 

ODS 9 – Indústria, inovação, infraestrutura 

Premiado: Universidade Federal do Rio Grande do Sul 

ODS 10 – Redução das desigualdades 

Premiado: Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 

ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis 

Premiado: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 

ODS 12 – Consumo e produção responsáveis 

Premiado: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 

ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima 

Premiado: Universidade Federal de Itajubá 

ODS 14 – Vida na água 

Premiado: Universidade Federal de Goiás 

ODS 15 – Vida terrestre 

Premiado: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 

ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes 

Premiado: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 

*Menção especial por seu destaque nos ODS 1 – Erradicação da pobreza, ODS 3 – Saúde e bem-estar, ODS 5 – Igualdade de gênero, ODS 10 – Redução das desigualdades, ODS 12 – Consumo e produção responsáveis, ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes, no Nordeste. – Universidade Federal de Sergipe 

Conheça as outras iniciativas da PUCRS RELACIONADAS AOS ODS

Laboratório das Infâncias da Escola de Humanidades leva oficinas de contação de histórias a escola municipal no Morro da Cruz/ Foto: Arquivo pessoal

A Escola de Humanidades, por meio do Laboratório das Infâncias (LabInf),  desenvolveu um projeto de contação de histórias para crianças da rede municipal do Bairro São José, no Morro da Cruz, zona leste de Porto Alegre. Trata-se do projeto LabInf na Escola, que nasceu para promover a realização de oficinas que contribuam tanto na educação da infância quanto na formação de professores. 

A iniciativa para a criação do projeto partiu da professora Drª Andreia Mendes dos Santos, coordenadora do Núcleo de Estudos sobre as Infâncias e Educação Infantil (NEPIEI), integrado ao próprio LabInf, também coordenado por ela. Além da docente, integram o projeto Maria Souza dos Santos e Sandra Canal, doutorandas em Educação (bolsistas CAPES), Rossana Gueller Ruschel (bolsista CNPQ), mestranda em Ciências Sociais e Cecília Moreira Borges, Eduarda Brodacz de Vasconcelos, Laura Antunes Cazella, Laura Mocelin Notti e Tainá Tubino Moreira de Souza, estudantes de Psicologia (bolsistas de Iniciação Científica). 

O LabInf na Escola tem atendido turmas de educação infantil da EMEF Morro da Cruz, cuja equipe pedagógica, em reunião com os integrantes do LabInf, acolheu a iniciativa. O projeto, que iniciou no mês de setembro, terá ao todo quatro atividades, no período matutino. A cada encontro, uma turma da educação infantil foi contemplada e com uma proposta diferente. 

Para a primeira oficina, foi escolhida a história “Romeu, o Garnisé Aventureiro”, de autoria da pesquisadora Sandra Canal em parceria com seu filho, Nycolas Canal Tenis. As páginas da narrativa foram fixadas em uma caixa de papelão em forma de “cineminha”. Durante uma roda de conversa, as crianças foram instigadas a refletir sobre “de onde vêm os ovos?”, e convidadas a confeccionar um galo com argila e com elementos da natureza. 

A segunda contação de história deu-se a partir da obra “A Cesta da Dona Maricota”, da autora Tatiana Belinky. O enredo foi narrado e encenado por integrantes do projeto, despertando a curiosidade das crianças, que permaneceram muito atentas. Os materiais usados – que estão expostos no LabInf, no prédio 9 – foram confeccionados pela pesquisadora Sandra Canal e feitos a partir de recursos simples e de forma artesanal (um fogão, uma geladeira e uma pia de papelão). Também foram utilizados utensílios em desuso, doados pelas participantes da equipe e por outros pesquisadores do grupo. A professora regente Silvia Lima Jacques afirmou que a atividade despertou a criatividade e sensibilizou as crianças do Jardim B2 (que têm entre 5 e 6 anos). 

“A oficina foi maravilhosa. A maneira como foi apresentada a história despertou o interesse, a curiosidade e o desejo das crianças em manusear, conhecer e principalmente brincar naquele ambiente. Além disso, foi mostrada a importância da alimentação saudável”, disse ela, que se sentiu estimulada a realizar mais atividades do tipo com a turma. 

Na opinião da doutoranda Sandra Canal, os móveis feitos com materiais reaproveitáveis “são valiosos para mostrar que é possível construir brinquedos que se aproximam muito da realidade em que as crianças vivem, tornando bem parecido com atividades do cotidiano de suas casas”. 

Em uma terceira oficina, o grupo de pesquisadoras contou para as crianças a história “Africana: Uma princesa diferente”, escrita por Cristiane Sousa. Foi promovida uma roda de conversa para levantar discussões sobre questões raciais históricas e contemporâneas, e as crianças aprenderam a confeccionar uma boneca Abayomi (representativa da cultura africana) com retalhos de tecido. 

Maria Souza, uma das doutorandas que integram o projeto, explica o propósito e a importância da iniciativa: 

O propósito do projeto é atender à diversidade, propiciando às crianças momentos de interações, brincadeiras, criação e recriação, além de oportunizar aos professores a compreensão das aprendizagens embutidas na contação de histórias, lançando mão de recursos/materiais simples, não estruturados, que possibilitam uma aprendizagem equitativa. O projeto visa proporcionar às crianças um leque de experiências, conhecimentos e saberes, por meio de atividades lúdicas e interações no ambiente educacional”, pontua ela. 

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

Felipe Barrueco Costa, de 40 anos, conta que está gostando muito das aulas. / Foto: Giordano Toldo

A primeira turma do Somar Aprendiz, programa de aprendizagem para pessoas com deficiência lançado em agosto pela PUCRS, em parceria com o Senac, iniciou as atividades neste mês de outubro. Para esta primeira edição, foram selecionadas quinze pessoas com idade mínima de 16 anos. Com duração de um ano, o curso oferta uma formação teórico-profissional focada no desenvolvimento de habilidades técnicas e pessoais. De acordo com Bruna Bernardes, analista de Diversidade e Inclusão da Gerência de Gestão de Pessoas da PUCRS, esta é uma oportunidade de transformar a vida do aprendiz, da família e da comunidade ao redor.  

“É uma forma de combater a exclusão que muitas pessoas com deficiência sofrem diariamente na sociedade. Ao receber formação e se desenvolver pessoal e profissionalmente, fica mais fácil encontrar oportunidades e se sair melhor em processos seletivos para conseguir a tão sonhada vaga efetiva”, destaca Bruna. 

O grupo de aprendizes que compõe a turma de estreia do programa se destaca pela diversidade: adolescentes e adultos, dos mais tímidos aos mais comunicativos, reúnem-se todos os dias da semana, de segunda a sexta-feira, para aprender e se desenvolver juntos. Felipe Barrueco Costa, de 40 anos, é um daqueles estudantes que transparece seriedade e entusiasmo. Por já ter experiência de mercado, entende a importância de se aprofundar na área em que deseja atuar. 

“Eu estou gostando muito de estudar aqui no Senac e pretendo fazer um bom trabalho lá na PUCRS. A área administrativa é a que mais estou gostando de aprender, pois já trabalhei na área e também com telemarketing. Mesmo sendo o mais maduro da turma, eu sempre estou pronto para aprender”, conta o aprendiz. 

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

O sonho de Pamela Ferraz da Conceição, de 17 anos, é ser juíza. / Foto: Giordano Toldo

O aprendizado que Pamela Ferraz da Conceição, de 17 anos, está vivenciando no curso já tem repercutido no seu entorno. “Disseram que eu fiquei mais madura. E eu concordo, acho que a gente já está com outra postura, cara de trabalhadora”, conta entusiasmada. O curso tem impactado também na forma como a aprendiz enxerga seu futuro. Moradora de uma casa de acolhimento na Zona Sul de Porto Alegre, Pamela testemunha diariamente a importância do trabalho realizado pelas profissionais que atendem o espaço e, hoje, fala com convicção sobre a carreira que deseja seguir:  

“Eu quero ser juíza na Vara da Infância. Eu vejo o trabalho que a juíza faz por nós, e quero poder ajudar as crianças”, diz.  

Leia mais: PUCRS reforça seu compromisso com Diversidade e Inclusão por meio do Programa Somar

Um caminho para desenvolver a autonomia

A vivacidade de Joao Vitor Maria dos Santos (16) chama atenção por onde ele passa. Aprendiz mais jovem da turma, ele se desdobra para conciliar o curso com suas outras tantas atividades: colégio, futebol, aula de religião, dança, capoeira… ufa! João também é bastante engajado com a família — costuma fazer companhia para a avó e para o irmão mais novo. E, pela noite, reserva um tempo para atualizar a mãe sobre tudo o que aprendeu no dia.  

“Eu converso com a minha mãe, digo tudo. Ela me pergunta: como é que foi teu dia? E eu conto o que vimos na aula. Hoje foi sobre o uso incessante do celular, que pode ser prejudicial também no trabalho. Para mim foi bom saber disso, pois eu uso bastante, jogo, vejo vídeos e vejo filme”, conta João.  

Maira da Trindade Maria, a mãe do João, confirma: “Todos os dias ele fala como foram as aulas, está muito motivado e realizado”. Para ela, o projeto causou um impacto muito positivo na vida do filho, que tem se mostrado mais responsável e feliz. Segundo ela, João sonha em ingressar no mercado de trabalho desde os dez anos:    

“Eu acredito que essa oportunidade o fez expandir os horizontes. Sentir seu crescimento e autonomia em um período tão curto é incrível. Ele hoje demonstra uma responsabilidade e um amadurecimento que eu não acreditava que ele teria. E saber que ele se sente capaz nos tranquiliza como família, acho que como mãe um dos nossos maiores receios é como nossos filhos ficarão na vida adulta, e essa oportunidade vai ajudar a criar caminhos para que ele desenvolva a sua autonomia como cidadão”, comenta realizada.  

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

João Vitor Maria dos Santos, de 16 anos, é o aprendiz mais jovem e sonha em cursar Gastronomia. / Foto: Giordano Toldo

O caminho citado por Maira não é nada simples. Atualmente, pessoas com deficiência têm maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho e acesso à educação, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revela que, no fim de 2022, apenas 26% das pessoas com deficiência estavam no mercado de trabalho. Entre as pessoas sem deficiência, eram 60%. O levantamento destaca também a desigualdades na educação: a taxa de analfabetismo é quase cinco vezes maior entre pessoas com deficiência. Apenas 25% tinham concluído pelo menos o Ensino Médio.  

Leia também: Conheça a história de três estudantes que ingressaram na PUCRS por meio do Programa Raízes

Para Bruna Bernardes, a aprendizagem inclusiva é fundamental para que pessoas com deficiência possam receber uma formação e, ao mesmo tempo, colocar em prática os aprendizados. Para o início de 2024, a PUCRS já planeja a formação da próxima turma do Somar Aprendiz. E, enquanto isso, os/as aprendizes da turma da Pamela, do Felipe e do João seguem realizando as aulas teóricas no Senac e práticas em alguns espaços da Universidade — como o Museu de Ciências e Tecnologia, o Living 360°, a Biblioteca e o Parque Esportivo.  

“A inclusão é importante para quem está sendo incluído e para quem inclui. Quem inclui aprende e se desenvolve enquanto ser humano e, consequentemente, se torna um profissional melhor. O exercício da empatia, da compreensão, do acolhimento e da paciência são fundamentais para um ambiente inclusivo e acessível. Na inclusão todos ganham”, finaliza. 

Leia também: Conheça a história de três estudantes que ingressaram na PUCRS por meio do Programa Raízes

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

Felipe Barrueco Costa, de 40 anos, conta que está gostando muito das aulas. / Foto: Giordano Toldo

A primeira turma do Somar Aprendiz, programa de aprendizagem para pessoas com deficiência lançado em agosto pela PUCRS, em parceria com o Senac, iniciou as atividades neste mês de outubro. Para esta primeira edição, foram selecionadas quinze pessoas com idade mínima de 16 anos. Com duração de um ano, o curso oferta uma formação teórico-profissional focada no desenvolvimento de habilidades técnicas e pessoais. De acordo com Bruna Bernardes, analista de Diversidade e Inclusão da Gerência de Gestão de Pessoas da PUCRS, esta é uma oportunidade de transformar a vida do aprendiz, da família e da comunidade ao redor.  

“É uma forma de combater a exclusão que muitas pessoas com deficiência sofrem diariamente na sociedade. Ao receber formação e se desenvolver pessoal e profissionalmente, fica mais fácil encontrar oportunidades e se sair melhor em processos seletivos para conseguir a tão sonhada vaga efetiva”, destaca Bruna. 

O grupo de aprendizes que compõe a turma de estreia do programa se destaca pela diversidade: adolescentes e adultos, dos mais tímidos aos mais comunicativos, reúnem-se todos os dias da semana, de segunda a sexta-feira, para aprender e se desenvolver juntos. Felipe Barrueco Costa, de 40 anos, é um daqueles estudantes que transparece seriedade e entusiasmo. Por já ter experiência de mercado, entende a importância de se aprofundar na área em que deseja atuar. 

“Eu estou gostando muito de estudar aqui no Senac e pretendo fazer um bom trabalho lá na PUCRS. A área administrativa é a que mais estou gostando de aprender, pois já trabalhei na área e também com telemarketing. Mesmo sendo o mais maduro da turma, eu sempre estou pronto para aprender”, conta o aprendiz. 

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

O sonho de Pamela Ferraz da Conceição, de 17 anos, é ser juíza. / Foto: Giordano Toldo

O aprendizado que Pamela Ferraz da Conceição, de 17 anos, está vivenciando no curso já tem repercutido no seu entorno. “Disseram que fiquei mais madura. E eu concordo, acho que a gente já está com outra postura, cara de trabalhadora”, conta entusiasmada. O curso tem impactado também na forma como a aprendiz enxerga seu futuro. Moradora de uma casa de acolhimento na Zona Sul de Porto Alegre, Pamela testemunha diariamente a importância do trabalho realizado pelas profissionais que atendem o espaço e, hoje, fala com convicção sobre a carreira que deseja seguir:  

“Eu quero ser juíza na Vara da Infância. Eu vejo o trabalho que a juíza faz por nós, e quero poder ajudar as crianças”, diz.  

Leia mais: PUCRS reforça seu compromisso com Diversidade e Inclusão por meio do Programa Somar

Um caminho para desenvolver a autonomia

A vivacidade de Joao Vitor Maria dos Santos (16) chama atenção por onde ele passa. Aprendiz mais jovem da turma, ele se desdobra para conciliar o curso com suas outras tantas atividades: colégio, futebol, aula de religião, dança, capoeira… ufa! João também é bastante engajado com a família — costuma fazer companhia para a avó e para o irmão mais novo. E, pela noite, reserva um tempo para atualizar a mãe sobre tudo o que aprendeu no dia.  

“Eu converso com a minha mãe, digo tudo. Ela me pergunta: como é que foi teu dia? E eu conto o que vimos na aula. Hoje foi sobre o uso incessante do celular, que pode ser prejudicial também no trabalho. Para mim foi bom saber disso, pois eu uso bastante, jogo, vejo vídeos e vejo filme”, conta João.  

Maira da Trindade Maria, a mãe do João, confirma: “Todos os dias ele fala como foram as aulas, está muito motivado e realizado”. Para ela, o projeto causou um impacto muito positivo na vida do filho, que tem se mostrado mais responsável e feliz. Segundo ela, João sonha em ingressar no mercado de trabalho desde os dez anos:    

“Eu acredito que essa oportunidade o fez expandir os horizontes. Sentir seu crescimento e autonomia em um período tão curto é incrível. Ele hoje demonstra uma responsabilidade e um amadurecimento que eu não acreditava que ele teria. E saber que ele se sente capaz nos tranquiliza como família, acho que como mãe um dos nossos maiores receios é como nossos filhos ficarão na vida adulta, e essa oportunidade vai ajudar a criar caminhos para que ele desenvolva a sua autonomia como cidadão”, comenta realizada.  

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

João Vitor Maria dos Santos, de 16 anos, é o aprendiz mais jovem e sonha em cursar Gastronomia. / Foto: Giordano Toldo

O caminho citado por Maira não é nada simples. Atualmente, pessoas com deficiência têm maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho e acesso à educação, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revela que, no fim de 2022, apenas 26% das pessoas com deficiência estavam no mercado de trabalho. Entre as pessoas sem deficiência, eram 60%. O levantamento destaca também a desigualdades na educação: a taxa de analfabetismo é quase cinco vezes maior entre pessoas com deficiência – apenas 25% tinham concluído pelo menos o Ensino Médio

Para Bruna Bernardes, a aprendizagem inclusiva é fundamental para que pessoas com deficiência possam receber uma formação e, ao mesmo tempo, colocar em prática os aprendizados. Para o início de 2024, a PUCRS já planeja a formação da próxima turma do Somar Aprendiz. E, enquanto isso, os/as aprendizes da turma da Pamela, do Felipe e do João seguem realizando as aulas teóricas no Senac e práticas em alguns espaços da Universidade — como o Museu de Ciências e Tecnologia, o Living 360°, a Biblioteca e o Parque Esportivo.  

“A inclusão é importante para quem está sendo incluído e para quem inclui. Quem inclui aprende e se desenvolve enquanto ser humano e, consequentemente, se torna um profissional melhor. O exercício da empatia, da compreensão, do acolhimento e da paciência são fundamentais para um ambiente inclusivo e acessível. Na inclusão todos ganham”, finaliza. 

Leia também: Conheça a história de três estudantes que ingressaram na PUCRS por meio do Programa Raízes

Em comemoração aos 75 anos da PUCRS, o Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS, em parceria com a Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade (LIASE), realizará a 1ª Jornada Internacional de Meditação. O evento ocorre nos dias 25 e 26 de outubro, em formato online, e pretende proporcionar uma oportunidade para explorar o papel da meditação no contexto da saúde integral e na promoção de bem-estar e do cultivo da interioridade. Além disso, será uma oportunidade única para os/as participantes se conectarem com conferencistas renomados, que trarão uma variedade de perspectivas sobre a meditação.  

A Jornada contará com palestrantes nacionais e internacionais, além de tradução do espanhol para português, tornando este evento acessível a pessoas de todo o mundo. Para participar, basta realizar a inscrição pelo link. A participação é gratuita. 

Confira a programação 

25 de outubro: das 17h15 às 18h55 

26 de outubro: das 9h às 10h50 

Conheça os painelistas 

Regina Chamon é médica clínica geral e hematologista, com foco no estilo de vida e controle do estresse para melhorar a saúde, além de professora de meditação formada pela Unifesp e pela escola médica de Harvard. É uma comunicadora talentosa que simplifica o cultivo do bem-estar através de várias plataformas, incluindo seu Instagram @drasanguebom, Podcast Desestresse e Coluna Saúde Sem Estresse na Revista Boa Forma. 

Bruna Fernandes da Rocha é psicóloga formada pela PUCRS e coordenadora do Departamento de Ensino, além de supervisora de estágio do Centro Vitalis. Mestre em Gerontologia Biomédica e doutoranda em Psicologia pela PUCRS, Bruna é especializada em Terapias Comportamentais Contextuais e é instrutora em treinamento de Mindfulness-Based Cognitive Therapy pela Universidade de Oxford. Ela atua como psicóloga clínica e supervisora de estágio na Clínica de Saúde Vitalis. 

Ausiàs Cebolla i Martí é licenciado e doutor em Psicologia pela Universidade de Valência e trabalha como professor assistente doutoral na Faculdade de Psicologia da mesma instituição. Sua pesquisa se concentra em mindfulness e meditação, realidade virtual, psicologia positiva e estilos de vida saudáveis. Além disso, codesenhou o protocolo de Treinamento de Bem-Estar baseado em práticas contemplativas. 

Ana Silveira é graduada em Teologia pela PUCRS e doutora em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade de Salamanca. Também é graduada em Teologia Espiritual pela Pontifícia Universidade de Comillas, com prêmio extraordinário, e Mestre em Misticismo e Ciências Humanas pela Universidade de Mística.  

Leia também: 5 dicas práticas para quem quer começar a meditar