Impacto Social

Conheça três estudantes da primeira turma do Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência da PUCRS

segunda-feira, 30 de outubro | 2023

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

Felipe Barrueco Costa, de 40 anos, conta que está gostando muito das aulas. / Foto: Giordano Toldo

A primeira turma do Somar Aprendiz, programa de aprendizagem para pessoas com deficiência lançado em agosto pela PUCRS, em parceria com o Senac, iniciou as atividades neste mês de outubro. Para esta primeira edição, foram selecionadas quinze pessoas com idade mínima de 16 anos. Com duração de um ano, o curso oferta uma formação teórico-profissional focada no desenvolvimento de habilidades técnicas e pessoais. De acordo com Bruna Bernardes, analista de Diversidade e Inclusão da Gerência de Gestão de Pessoas da PUCRS, esta é uma oportunidade de transformar a vida do aprendiz, da família e da comunidade ao redor.  

“É uma forma de combater a exclusão que muitas pessoas com deficiência sofrem diariamente na sociedade. Ao receber formação e se desenvolver pessoal e profissionalmente, fica mais fácil encontrar oportunidades e se sair melhor em processos seletivos para conseguir a tão sonhada vaga efetiva”, destaca Bruna. 

O grupo de aprendizes que compõe a turma de estreia do programa se destaca pela diversidade: adolescentes e adultos, dos mais tímidos aos mais comunicativos, reúnem-se todos os dias da semana, de segunda a sexta-feira, para aprender e se desenvolver juntos. Felipe Barrueco Costa, de 40 anos, é um daqueles estudantes que transparece seriedade e entusiasmo. Por já ter experiência de mercado, entende a importância de se aprofundar na área em que deseja atuar. 

“Eu estou gostando muito de estudar aqui no Senac e pretendo fazer um bom trabalho lá na PUCRS. A área administrativa é a que mais estou gostando de aprender, pois já trabalhei na área e também com telemarketing. Mesmo sendo o mais maduro da turma, eu sempre estou pronto para aprender”, conta o aprendiz. 

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

O sonho de Pamela Ferraz da Conceição, de 17 anos, é ser juíza. / Foto: Giordano Toldo

O aprendizado que Pamela Ferraz da Conceição, de 17 anos, está vivenciando no curso já tem repercutido no seu entorno. “Disseram que eu fiquei mais madura. E eu concordo, acho que a gente já está com outra postura, cara de trabalhadora”, conta entusiasmada. O curso tem impactado também na forma como a aprendiz enxerga seu futuro. Moradora de uma casa de acolhimento na Zona Sul de Porto Alegre, Pamela testemunha diariamente a importância do trabalho realizado pelas profissionais que atendem o espaço e, hoje, fala com convicção sobre a carreira que deseja seguir:  

“Eu quero ser juíza na Vara da Infância. Eu vejo o trabalho que a juíza faz por nós, e quero poder ajudar as crianças”, diz.  

Leia mais: PUCRS reforça seu compromisso com Diversidade e Inclusão por meio do Programa Somar

Um caminho para desenvolver a autonomia

A vivacidade de Joao Vitor Maria dos Santos (16) chama atenção por onde ele passa. Aprendiz mais jovem da turma, ele se desdobra para conciliar o curso com suas outras tantas atividades: colégio, futebol, aula de religião, dança, capoeira… ufa! João também é bastante engajado com a família — costuma fazer companhia para a avó e para o irmão mais novo. E, pela noite, reserva um tempo para atualizar a mãe sobre tudo o que aprendeu no dia.  

“Eu converso com a minha mãe, digo tudo. Ela me pergunta: como é que foi teu dia? E eu conto o que vimos na aula. Hoje foi sobre o uso incessante do celular, que pode ser prejudicial também no trabalho. Para mim foi bom saber disso, pois eu uso bastante, jogo, vejo vídeos e vejo filme”, conta João.  

Maira da Trindade Maria, a mãe do João, confirma: “Todos os dias ele fala como foram as aulas, está muito motivado e realizado”. Para ela, o projeto causou um impacto muito positivo na vida do filho, que tem se mostrado mais responsável e feliz. Segundo ela, João sonha em ingressar no mercado de trabalho desde os dez anos:    

“Eu acredito que essa oportunidade o fez expandir os horizontes. Sentir seu crescimento e autonomia em um período tão curto é incrível. Ele hoje demonstra uma responsabilidade e um amadurecimento que eu não acreditava que ele teria. E saber que ele se sente capaz nos tranquiliza como família, acho que como mãe um dos nossos maiores receios é como nossos filhos ficarão na vida adulta, e essa oportunidade vai ajudar a criar caminhos para que ele desenvolva a sua autonomia como cidadão”, comenta realizada.  

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

João Vitor Maria dos Santos, de 16 anos, é o aprendiz mais jovem e sonha em cursar Gastronomia. / Foto: Giordano Toldo

O caminho citado por Maira não é nada simples. Atualmente, pessoas com deficiência têm maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho e acesso à educação, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revela que, no fim de 2022, apenas 26% das pessoas com deficiência estavam no mercado de trabalho. Entre as pessoas sem deficiência, eram 60%. O levantamento destaca também a desigualdades na educação: a taxa de analfabetismo é quase cinco vezes maior entre pessoas com deficiência. Apenas 25% tinham concluído pelo menos o Ensino Médio.  

Leia também: Conheça a história de três estudantes que ingressaram na PUCRS por meio do Programa Raízes

Para Bruna Bernardes, a aprendizagem inclusiva é fundamental para que pessoas com deficiência possam receber uma formação e, ao mesmo tempo, colocar em prática os aprendizados. Para o início de 2024, a PUCRS já planeja a formação da próxima turma do Somar Aprendiz. E, enquanto isso, os/as aprendizes da turma da Pamela, do Felipe e do João seguem realizando as aulas teóricas no Senac e práticas em alguns espaços da Universidade — como o Museu de Ciências e Tecnologia, o Living 360°, a Biblioteca e o Parque Esportivo.  

“A inclusão é importante para quem está sendo incluído e para quem inclui. Quem inclui aprende e se desenvolve enquanto ser humano e, consequentemente, se torna um profissional melhor. O exercício da empatia, da compreensão, do acolhimento e da paciência são fundamentais para um ambiente inclusivo e acessível. Na inclusão todos ganham”, finaliza. 

Leia também: Conheça a história de três estudantes que ingressaram na PUCRS por meio do Programa Raízes

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

Felipe Barrueco Costa, de 40 anos, conta que está gostando muito das aulas. / Foto: Giordano Toldo

A primeira turma do Somar Aprendiz, programa de aprendizagem para pessoas com deficiência lançado em agosto pela PUCRS, em parceria com o Senac, iniciou as atividades neste mês de outubro. Para esta primeira edição, foram selecionadas quinze pessoas com idade mínima de 16 anos. Com duração de um ano, o curso oferta uma formação teórico-profissional focada no desenvolvimento de habilidades técnicas e pessoais. De acordo com Bruna Bernardes, analista de Diversidade e Inclusão da Gerência de Gestão de Pessoas da PUCRS, esta é uma oportunidade de transformar a vida do aprendiz, da família e da comunidade ao redor.  

“É uma forma de combater a exclusão que muitas pessoas com deficiência sofrem diariamente na sociedade. Ao receber formação e se desenvolver pessoal e profissionalmente, fica mais fácil encontrar oportunidades e se sair melhor em processos seletivos para conseguir a tão sonhada vaga efetiva”, destaca Bruna. 

O grupo de aprendizes que compõe a turma de estreia do programa se destaca pela diversidade: adolescentes e adultos, dos mais tímidos aos mais comunicativos, reúnem-se todos os dias da semana, de segunda a sexta-feira, para aprender e se desenvolver juntos. Felipe Barrueco Costa, de 40 anos, é um daqueles estudantes que transparece seriedade e entusiasmo. Por já ter experiência de mercado, entende a importância de se aprofundar na área em que deseja atuar. 

“Eu estou gostando muito de estudar aqui no Senac e pretendo fazer um bom trabalho lá na PUCRS. A área administrativa é a que mais estou gostando de aprender, pois já trabalhei na área e também com telemarketing. Mesmo sendo o mais maduro da turma, eu sempre estou pronto para aprender”, conta o aprendiz. 

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

O sonho de Pamela Ferraz da Conceição, de 17 anos, é ser juíza. / Foto: Giordano Toldo

O aprendizado que Pamela Ferraz da Conceição, de 17 anos, está vivenciando no curso já tem repercutido no seu entorno. “Disseram que fiquei mais madura. E eu concordo, acho que a gente já está com outra postura, cara de trabalhadora”, conta entusiasmada. O curso tem impactado também na forma como a aprendiz enxerga seu futuro. Moradora de uma casa de acolhimento na Zona Sul de Porto Alegre, Pamela testemunha diariamente a importância do trabalho realizado pelas profissionais que atendem o espaço e, hoje, fala com convicção sobre a carreira que deseja seguir:  

“Eu quero ser juíza na Vara da Infância. Eu vejo o trabalho que a juíza faz por nós, e quero poder ajudar as crianças”, diz.  

Leia mais: PUCRS reforça seu compromisso com Diversidade e Inclusão por meio do Programa Somar

Um caminho para desenvolver a autonomia

A vivacidade de Joao Vitor Maria dos Santos (16) chama atenção por onde ele passa. Aprendiz mais jovem da turma, ele se desdobra para conciliar o curso com suas outras tantas atividades: colégio, futebol, aula de religião, dança, capoeira… ufa! João também é bastante engajado com a família — costuma fazer companhia para a avó e para o irmão mais novo. E, pela noite, reserva um tempo para atualizar a mãe sobre tudo o que aprendeu no dia.  

“Eu converso com a minha mãe, digo tudo. Ela me pergunta: como é que foi teu dia? E eu conto o que vimos na aula. Hoje foi sobre o uso incessante do celular, que pode ser prejudicial também no trabalho. Para mim foi bom saber disso, pois eu uso bastante, jogo, vejo vídeos e vejo filme”, conta João.  

Maira da Trindade Maria, a mãe do João, confirma: “Todos os dias ele fala como foram as aulas, está muito motivado e realizado”. Para ela, o projeto causou um impacto muito positivo na vida do filho, que tem se mostrado mais responsável e feliz. Segundo ela, João sonha em ingressar no mercado de trabalho desde os dez anos:    

“Eu acredito que essa oportunidade o fez expandir os horizontes. Sentir seu crescimento e autonomia em um período tão curto é incrível. Ele hoje demonstra uma responsabilidade e um amadurecimento que eu não acreditava que ele teria. E saber que ele se sente capaz nos tranquiliza como família, acho que como mãe um dos nossos maiores receios é como nossos filhos ficarão na vida adulta, e essa oportunidade vai ajudar a criar caminhos para que ele desenvolva a sua autonomia como cidadão”, comenta realizada.  

Programa de Aprendizagem para pessoas com deficiência

João Vitor Maria dos Santos, de 16 anos, é o aprendiz mais jovem e sonha em cursar Gastronomia. / Foto: Giordano Toldo

O caminho citado por Maira não é nada simples. Atualmente, pessoas com deficiência têm maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho e acesso à educação, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revela que, no fim de 2022, apenas 26% das pessoas com deficiência estavam no mercado de trabalho. Entre as pessoas sem deficiência, eram 60%. O levantamento destaca também a desigualdades na educação: a taxa de analfabetismo é quase cinco vezes maior entre pessoas com deficiência – apenas 25% tinham concluído pelo menos o Ensino Médio

Para Bruna Bernardes, a aprendizagem inclusiva é fundamental para que pessoas com deficiência possam receber uma formação e, ao mesmo tempo, colocar em prática os aprendizados. Para o início de 2024, a PUCRS já planeja a formação da próxima turma do Somar Aprendiz. E, enquanto isso, os/as aprendizes da turma da Pamela, do Felipe e do João seguem realizando as aulas teóricas no Senac e práticas em alguns espaços da Universidade — como o Museu de Ciências e Tecnologia, o Living 360°, a Biblioteca e o Parque Esportivo.  

“A inclusão é importante para quem está sendo incluído e para quem inclui. Quem inclui aprende e se desenvolve enquanto ser humano e, consequentemente, se torna um profissional melhor. O exercício da empatia, da compreensão, do acolhimento e da paciência são fundamentais para um ambiente inclusivo e acessível. Na inclusão todos ganham”, finaliza. 

Leia também: Conheça a história de três estudantes que ingressaram na PUCRS por meio do Programa Raízes

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