Em show emocionante, Alceu Valença é homenageado com o Mérito Cultural PUCRS
Entrega do reconhecimento aconteceu durante o show Anunciação, no Salão de Atos da Universidade
Reitor da PUCRS, Irm. Evilázio Teixeira, entregou a honraria a Alceu Valença no Salão de Atos da Universidade. / Foto: Giordano Toldo
Com um carisma sem igual, o pernambucano Alceu Valença subiu ao palco do Salão de Atos Ir. Norberto Rauch nesta quinta-feira, dia 18 de novembro, para apresentar o show Anunciação – Tu vens, eu já escuto os teus sinais e receber o Mérito Cultural PUCRS de 2022, honraria que simboliza o reconhecimento da instituição a uma personalidade do meio artístico.
O prêmio foi entregue pelo reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira, que não poupou palavras para descrever a importância da obra de Alceu para a cultura brasileira e para o contexto da música mundial. Neste mesmo dia, o artista também foi homenageado com o Grammy de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa, com o disco Senhora Estrada, lançado em 2021, durante a pandemia de Covid-19.
A apresentação histórica contou com muito xote, baião e histórias sobre a vida do cantor e a origem de cada canção. Do sertão ao litoral, da folia ao pop, Alceu apresentou grandes sucessos, como Belle de Jour, Girassol, Cavalo de Pau, Como Dois Animais, o hino Anunciação e Morena Tropicana, que encerrou a apresentação com o público efervescido.
“Alceu Valença é um artista com 50 anos de carreira e que consegue transformar o cotidiano em poesia. Somente um apaixonado transforma o ordinário em poesia extraordinária, somente um artista pleno de inspiração enxerga os sinais através das brumas que fazem emergir sensações de felicidade, anunciando que a vida precisa de beleza”, disse Ir. Evilázio durante a entrega da honraria.
O evento, que faz parte das celebrações de Aniversário da PUCRS, trouxe para Porto Alegre um panorama das diversas vertentes de sua obra. O artista aliou temas de sua autoria a clássicos de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, cantando ao lado de Leo Lira (guitarra), Tovinho (teclados), André Julião (sanfona), Nando Barreto (baixo) e Cassio Cunha (bateria).
Com 50 anos de carreira, Alceu Valença reuniu um público diverso para o show Anunciação. / Foto: Giordano Toldo
De acordo com o diretor do Instituto de Cultura, professor Ricardo Barberena, a homenagem a Alceu Valença compõe uma galeria de notáveis da Cultura Brasileira, considerados verdadeiros mestres pela nossa Universidade.
“Ontem a gente teve uma verdadeira aula sobre a música e a cultura nordestina, de um grande artista brasileiro. Foi um momento de celebração de uma Universidade que fez questão de colocar a cultura em seu cerne. Um polo cultural não é apenas feito de grandes eventos, mas tem o objetivo também de ser formador de melhores cidadãos, de promover educação e arte como meios de aprendizagem sobre a vida, a história, sensibilização, de garantir uma formação para a empatia”, destaca Barberena.
Uma história de admiração de mais de 18 anos
Júlia Medeiros cresceu ouvindo o avô cantar os sucessos de Alceu Valença. O gosto pela obra do artista se intensificou quando, aos oito anos, ela precisou se despedir do avô. A partir deste dia, a música do pernambucano passou a ser um elo de conexão entre a jovem de 26 anos e a memória do avô.
Fã de Alceu, Júlia Medeiros conquistou um autógrafo do artista durante o show. / Foto: Giordano Toldo
“O Alceu é meu ídolo e desde pequena eu coleciono show e vinis. Meu avô cantava Anunciação pra mim e me ensinou a admirar o Alceu como artista. Agora, ele é como um ponto de contato meu com meu avô. Hoje, inclusive, seria aniversário dele e esse show é o melhor presente que eu poderia ter”, conta emocionada.
Apenas nesse ano, Júlia já assistiu a três shows do músico, tem todos os discos lançados e coleciona shows desde os 12 anos. “Ele é uma pessoa que eu admiro muito na educação, na saúde, nas opiniões e na música. É definitivamente muito importante pra mim”.
50 anos de carreira e mais de 30 discos
Alceu Valença nasceu em São Bento do Una, interior de Pernambuco, em 1946. Formado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, surgiu como expoente da geração da música nordestina nos anos 70 e foi um dos primeiros a promover a união do som do agreste nordestino com a guitarra elétrica. Com Geraldo Azevedo, em 1972, lançou o disco Quadrafônico.
Iniciou sua carreira solo em 1974 com o disco Molhado no Suor e já lançou mais de 30 álbuns. Em 2014, dirigiu o filme musical Luneta do Tempo, que ganhou prêmios de trilha sonora e direção de arte no 42º Festival de Cinema de Gramado. Em 2021, lançou seu último álbum, intitulado Saudade.
Sobre o Mérito Cultural
A honraria Mérito Cultural PUCRS simboliza o reconhecimento institucional de uma personalidade do meio cultural. A pessoa homenageada é alguém que tenha transformado a sua vida artística numa trajetória de defesa da cultura enquanto instrumento de humanização e educação.
Com entrega anual, o Mérito Cultural PUCRS integra o Estatuto e Regimento Geral da Universidade e está inserido nas diversas ações que buscam transformar a Instituição em um polo cultural. Nos últimos quatro anos, homenageou a atriz Fernanda Montenegro que apresentou a leitura dramática Nelson Rodrigues por ele mesmo e a cantora Maria Bethânia que, na ocasião, apresentou seu espetáculo Claros Breus, ambas cerimônias aconteceram no Salão de Atos Ir. Norberto Rauch.
Em 2020, Lima Duarte foi homenageado em cerimônia online, na qual relembrou sua história e fez a leitura de excertos de João Guimarães Rosa e Padre Antônio Vieira. Em 2021, Alcione recebeu o reconhecimento em cerimônia transmitida ao vivo pelo YouTube em que relembrou momentos marcantes de sua carreira artística.