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Dra. Paula Booth

Química
King's College London
Paula Booth | Imagem: Joana Heck

Paula Booth realizou um PhD para estudar as propriedades termodinâmicas da transferência de elétron nos centros de reação do Photosystem 2, no Imperial College, em Londres, sob a supervisão de George Porter e James Barber. É doutora em Química Biofísica, já recebeu uma bolsa para estudar química no St. John’s College, na Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Sua pesquisa visa entender os mecanismos que conduzem os processos biológicos fundamentais. A pesquisadora explica que as células se comunicam com o mundo exterior por meio de proteínas embutidas em suas membranas celulares. Assim, essas proteínas de membrana são fundamentais para a vida, representam cerca de um terço de todas as proteínas celulares e dominam os alvos de drogas. Atualmente, a docente atua na interface de Química e Biologia liderando um laboratório interdisciplinar investigando os mecanismos de automontagem biológica e explorando isso em sistemas sintéticos nas áreas de materiais, biologia sintética e química sustentável.

Paula é pioneira em um novo campo de pesquisa em dobramento de proteínas de membrana. O dobramento de proteínas é o processo crítico no qual as proteínas adotam sua forma funcional correta e, consequentemente, merece considerável atenção internacional. Seu trabalho aborda o mecanismo molecular e a dinâmica do dobramento de proteínas de membrana em oposição às proteínas solúveis em água que dominam o campo. Com isso, a pesquisadora conquistou diversos prêmios e bolsas para prosseguir com este trabalho, incluindo um ERC Advanced Grant, Royal Society Wolfson Merit Award, Philip Leverhulme Prize e um Wellcome Investigator Award.

Em sua trajetória, Paula também se dedicou orientação no seu grupo de pesquisa, onde formou diversos novos pesquisadores e coordenou diversas iniciativas. Criou seu próprio grupo na Oxford Biochemistry apenas 2 anos após concluir seu doutorado, tendo ganho uma Royal Society Rosenheim Research Fellowship e uma Research Fellowship do Corpus Christ College, Oxford. Desde então, ocupa cargos acadêmicos nos Departamentos de Bioquímica do Imperial College e da Universidade de Bristol. Também dirige o grupo satélite no Laboratório Francis Crick.

Além disso, atuou como professora associada da Open University, educando pessoas de todas as idades e origens. As ambições de Paula como pesquisadora permitiu-a desenvolver suas próprias linhas de pesquisa por meio de uma série de bolsas de pesquisa, começando com uma da Unilever Junior no St Hilda’s College, Oxford e uma bolsa de pós-doutorado da Royal Society European para trabalhar no CEA Saclay, Paris. Posteriormente, foi nomeada chefe inaugural do novo Departamento de Química do King’s College para liderar o renascimento da disciplina na Universidade. Com isso, a docente sentiu-se feliz com a oportunidade única de estabelecer a capacidade de criar um Departamento de Química contemporâneo. “Gostei de moldar um ambiente de trabalho colaborativo e de apoio, além de definir um novo estilo de educação para produzir um químico moderno que seja proficiente em interfaces de disciplina. Uma conquista importante é nosso notável equilíbrio de gênero que excede as médias nacionais em geral”, celebrou.

A pesquisadora conta que ao longe de sua carreira foi alvo de limitações severas em todos os aspectos da pesquisa e da academia. Com isso, ela nunca se sentiu parte da cultura de pesquisa e sempre buscou criar uma abordagem mais justa e colegiada na sua trajetória. Além disso, a docente compartilha que para combater isso, decidiu retornar para um departamento de química pela primeira vez desde sua graduação para criar um novo futuro para química e STEM na King’s.

“Logo percebi que o número de graduandos do sexo feminino era muito baixo, a novidade que parecíamos ser, o fato de que as mulheres claramente não eram levadas tão a sério e muitas vezes me diziam que eu não era boa o suficiente, além de notar que quase não havia um membro feminino nas equipes de química. Acredito firmemente que um ambiente inclusivo que acolhe a todos e onde as pessoas podem ser elas mesmas proporciona maior impacto por meio de experiências de pesquisa e educação”, defende.

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