17/05/2021 - 14h56

Artigo do InsCer é publicado em revista do grupo Nature

Estudo conduzido no Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul trata dos danos do uso de crack e cocaína no cérebro

Um estudo conduzido pelo pesquisador do Instituto do Cérebro do RS (InsCer) e professor da Escola de Medicina da PUCRS, Rodrigo Grassi-Oliveira foi publicado recentemente na prestigiada revista internacional Translational Psychiatry, que faz parte do grupo Nature. O artigo tem parceria do Consuelo Walss-Bass, da Universidade do Texas – Health Science Center at Houston. Lucca Pizzato Tondo, aluno de graduação da Escola de Medicina da PUCRS e bolsista de iniciação científica do Laboratório de Neurociência Cognitiva do Desenvolvimento, participou de todo o projeto, em um movimento de aproximação cada vez maior dos alunos da Universidade nas atividades de pesquisa do InsCer. O artigo aborda os danos para o cérebro de usuárias de crack-cocaína.

Sabe-se que o uso de cocaína está relacionado a sérios problemas sociais, psiquiátricos e neurológicos. Alguns estudos apontam que a cocaína é especialmente tóxica para a substância branca, a parte do sistema nervoso responsável pela transmissão de informação entre as diferentes áreas do cérebro. Nesse estudo, foi utilizado um tipo de ressonância magnética que avalia a integridade da substância branca cerebral através da difusão da água no cérebro. Foram comparadas 75 usuárias de crack-cocaína com 58 controles saudáveis. Além disso, também foram feitas análises no cérebro de dez usuários de cocaína que morreram de overdose. Todos os exames de imagem funcional foram feitos no Instituto do Cérebro do RS.

“Esse estudo mostrou que usuárias de cocaína de fato apresentam um comprometimento bastante significativo e difuso de toda substância branca, um processo semelhante ao envelhecimento, e que esse comprometimento parece ser proporcional ao tempo de uso da droga”, afirma o coordenador da pesquisa, Rodrigo Grassi-Oliveira. Além disso, a análise pós-morte do cérebro mostrou que usuários de cocaína apresentavam maior quantidade de proteínas relacionadas à inflamação e menor quantidade de proteínas relacionadas à mielina, uma substância essencial para a integridade da substância branca. Esse comprometimento da substância branca foi especialmente mais intenso nas regiões que comunicam as áreas pré-frontais do cérebro, região responsável por uma série de funções cognitivas como autocontrole, inteligência e atenção.

Este é um dos estudos com maior amostra já publicados sobre substância branca em usuários de cocaína. “Este é um estudo extremamente relevante por ter encontrado resultados convergentes por dois métodos de pesquisa em neurociências diferentes: a ressonância magnética cerebral e análise proteica pós-morte do cérebro de usuários”, destaca Lucca Tondo.

Por fim, foram analisados usuários de crack-cocaína, que é uma população relacionada a um importante contexto de vulnerabilidade social e pouco estudada na literatura científica mundial. Para ler o artigo completo, clique aqui.

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