Na adolescência, a leitura pode ser tanto uma porta para novos mundos quanto um desafio a ser superado. O período é crucial para o desenvolvimento cognitivo e pessoal do/a adolescente, já que os hábitos de leitura não moldam apenas o intelecto, mas também influenciam na empatia, imaginação e compreensão do mundo ao redor. Explorar o papel da leitura nesse contexto é fundamental para a formação dos jovens – por isso, pais, responsáveis e educadores precisam atuar em parceria.
Para contribuir com o entendimento do assunto e reforçar o movimento da leitura, o professor do curso de Escrita Criativa da PUCRS Arthur Beltrão Telló reuniu algumas dicas e conselhos para o incentivo à leitura na adolescência. Confira!
Ler em conjunto, fazer deste um momento especial e debater os pensamentos sobre a leitura é uma ótima ideia para estreitar os laços entre pais e filhos/as. Na escola, a leitura em voz alta também pode ser marcante para os/as alunos/as e contribuir para a interpretação do texto.
“Os/as adolescentes vão descobrindo as diversas nuances de tom e texturas presentes na literatura. Descobrem que ler em voz alta também é uma forma de interpretação, assim como o músico que executa uma partitura”, comenta o professor.
O professor explica que esse tipo de abordagem convida também à análise dos elementos que compõem o texto, como tema geral, características e tipologia, por exemplo, além do simbolismo e subtextos presentes na leitura. “Com o tempo, os estudantes percebem como os textos fazem sentido e despertam sentidos, sensações, e vão conseguindo articular a própria experiência aos textos que leem”.
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Cada pessoa é única – e na fase da adolescência estas nuances se intensificam. Conforme o professor, há jovens que gostam de assuntos contemporâneos e há aqueles/as que acreditam que a escola é o lugar para a descoberta dos clássicos.
“Eu opto por uma abordagem híbrida, na qual parte dos livros são contemporâneos e tratam de discussões que os estudantes têm todos os dias, como sociedade, sexualidade, descoberta de si e do outro, e com alguns clássicos também, por serem importantes para a formação do repertório cultural dos alunos/as, além de dar conta de uma ideia de identidade comum aos brasileiros”, explica.
A educação pelo exemplo é uma estratégia bastante eficaz: em uma casa que os pais não leem, dificilmente os/as filhos/as terão interesse em ler. O docente comenta que, em geral, os/as alunos/as que mais se destacam são aqueles que já têm capital cultural vindo da família. “Muitos começam a ler por verem os pais, os tios, os avós lendo, por irem ao cinema, ao teatro, ao museu, por participarem de experiências culturais”, pontua Arthur.
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Por isso, saraus e oficinas (de escrita, elaboração de roteiros e curtas) são ótimas alternativas para aumentar o interesse dos/as jovens pelo universo literário.
“Como diz Michelle Petit, antropóloga francesa que estuda os processos de leitura em jovens periféricos, o importante é o exemplo. Quase todo leitor contou com alguém que o iniciou no universo dos livros, pode ser um parente, um amigo, um professor, um bibliotecário; mas sempre alguém que a pessoa admira. Na leitura, assim como na educação, a força e a eficácia residem no exemplo e na relação de afeto e respeito”, defende.
Hoje, há muitos youtubers, tiktokers e criadores de conteúdo que falam de literatura, fazem resenhas de livros e têm a leitura como principal passatempo e, até mesmo, fonte de renda. Os/as adolescentes mais antenados no universo da leitura costumam conhecê-los e estabelecer laços entre diferentes pessoas com interesses afins, o que pode formar uma comunidade de leitores, explica o professor.
O booktok, por exemplo, é uma febre entre os adolescentes que gostam e já criaram o hábito de ler. Além de ser um ambiente seguro, conta com muitas indicações de livros de vários gêneros – impactando inclusive nas vendas e visibilidade de obras literárias.
Quem lê tem mais facilidade na comunicação e conta com uma criatividade mais aflorada, auxiliando a escrita, argumentação e até a habilidade de conversação no dia a dia.
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