Saúde

Agosto Dourado: entenda a importância do aleitamento materno

quinta-feira, 03 de agosto | 2023

Agosto é o mês mundial do incentivo ao aleitamento materno/ Foto: Giordano Toldo

Essencial para a sobrevivência, a nutrição e o desenvolvimento nos primeiros meses de vida e no início da infância, o leite materno é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o “alimento de ouro” para os bebês. Para conscientizar a população sobre a importância da amamentação, o Agosto Dourado marca a campanha mundial de incentivo ao aleitamento materno. Estabelecida em 1992 pela OMS e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM) é promovida em mais de 120 países entre os dias 1º e 7 de agosto, sendo o principal movimento em defesa do aleitamento.  

Mas, afinal, por que a prática do aleitamento é tão essencial? Caroline Abud é nutricionista materno infantil, pesquisadora e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e da Escola de Medicina, e afirma que além da questão da saúde, a amamentação também traz benefícios psicológicos e de qualidade de vida. “A amamentação é uma das formas de estabelecimento de vínculo entre mãe e bebê”. 

Amamentação traz benefícios além da saúde 

A amamentação possui inúmeros benefícios para a saúde da criança como um todo. Caroline explica que o leite humano é um alimento completo e personalizado em termos de nutrientes, o que proporciona o adequado crescimento e desenvolvimento do bebê.  

“Há evidências associando a exposição ao leite humano (quanto mais prolongada, melhor) à prevenção de sobrepeso, obesidade e diabetes tipo II ao longo da vida, maior potencial intelectual, menos chances de má oclusão dental e até mesmo redução de mortalidade e morbidade no recém-nascido e lactante. Para as mães, os achados dos estudos consideram a prática como forma de prevenção de câncer de mama e ovário e contribuição para controle de natalidade”, pontua. 

O leite materno possui nutrientes específicos necessários para os bebês, que não podem ser nem mesmo replicados em formulações artificiais. Os principais componentes desse leite são carboidratos, proteínas, lipídeos (gorduras), vitaminas, minerais, compostos imunológicos e componentes que favorecem a melhor colonização de bactérias para o intestino. Todos esses componentes se fazem presentes no leite em proporções exatas, que variam conforme as etapas da vida da criança. Caroline destaca, inclusive, que uma dieta saudável por parte da mãe pode contribuir significativamente para a qualidade do leite. 

Fatores significativos contribuem para o desmame 

Falta de informação adequada e a ausência de uma rede de apoio contribuem para o desmame precoce/ Foto: Giordano Toldo

A nutricionista alerta que o desmame precoce, ou seja, quando as mães deixam de amamentar seus filhos, pode ser um fator de risco para alterações de saúde, crescimento e desenvolvimento da criança. Além disso, a alimentação do bebê em caso de desmame também é um fator determinante, com alguns aspectos a serem considerados, como a exposição precoce ao leite de vaca (antes dos 12 meses), alimentos ultraprocessados e açúcar (24 meses). Além disso, também é importante considerar os fatores socioeconômicos e de informação envolvidos. 

Apesar de tudo isso, Caroline deixa um alerta: 

“É importante olhar para essa questão com empatia, e que estes dados não levem as mães que não amamentaram por algum motivo a se sentirem menos mães ou como algum tipo de fracasso.” 

Caroline também destaca os principais motivos que levam mães a não amamentarem seus filhos. Um deles, que acaba permeando todos os outros, é a ausência de uma rede de apoio – que deve ser composta pela sociedade como um todo: familiares, amigos, profissionais de saúde, empresas. A pouca acolhida para com a mãe pode dificultar a produção de ocitocina, hormônio relacionado à ejeção de leite e que está ligado às emoções. 

Outro fator que pode contribuir é falta de informação assertiva em diferentes momentos (gestação, pós-parto imediato e ao longo do tempo de amamentação). Além disso, também há a questão de orientações inadequadas quanto ao início da alimentação complementar, que deve iniciar após os seis meses de vida, e também quanto ao manejo de intercorrências, como ganho de peso, problemas de pega, fissuras nas mamas. “Muitos profissionais acabam iniciando complementos de forma precoce, o que pode contribuir para menor produção de leite”, explica a pesquisadora. 

Há ainda a ação das indústrias alimentícias, que contribui para esse desmame. 

Em casos onde a mãe não pode amamentar diretamente, o bebê pode receber o leite ordenhado ou doado/ Foto: Giordano Toldo

“A indústria de fórmulas infantis, a propaganda abusiva de produtos alimentícios e dispositivos que podem favorecer ao desmame (bicos e mamadeiras por exemplo). Para isso temos normativas de controlam alguns aspectos relacionados a indústria e o quanto se atingem os vulneráveis (pais e crianças na primeira infância)”, pontua Caroline. 

A separação do binômio mãe/bebê, em casos de um nascimento prematuro, por exemplo, também pode ser um fator determinante. “Neste caso, assim que o bebê pode ser alimentado (muitas vezes não diretamente ao seio materno), ele pode receber o leite da mãe ordenhado, ou ainda, doado. Para esse processo existem os bancos de leite humano”, explica a docente. 

Entre as situações específicas que impedem que a mãe amamente seu bebê estão a presença do vírus HIV e HTLV, galactosemia (erro inato do metabolismo) e o uso de algumas medicações e drogas ilícitas. Nesses casos, é sempre importante consultar um médico para fazer as avaliações necessárias. 

Escola de Ciências da Saúde e da Vida promove evento em homenagem ao Agosto Dourado 

A Escola de Ciências da Saúde e da Vida promove, no dia 23 de agosto, o IV Encontro PUCRS em Homenagem ao Agosto Dourado. O evento, que acontece no auditório 202 do prédio 40, tem por objetivo compartilhar informação e conhecimento, além de proporcionar discussões relacionadas à importância do leite materno e prática da amamentação. Você pode encontrar mais informações sobre e o encontro e fazer sua inscrição aqui. 

A professora Caroline coordena o evento, que é realizado anualmente em apoio à Semana Mundial do Aleitamento Materno, e convida todos os alunos, profissionais e comunidade a participarem. 

Entendemos como nossa responsabilidade, enquanto universidade, promover a prática, por meio desta e outras ações de incentivo. Entendemos que quem participa carrega alguma informação importante a ser multiplicada, contribuindo assim para a formação da rede de apoio que queremos.”  

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