“Super fungo” é identificado no Brasil

No início de dezembro de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre o primeiro caso de infecção pelo fungo Candida auris no Brasil. Esse fungo unicelular (ou levedura) foi encontrado no cateter de um paciente internado na unidade de terapia intensiva (UTI), de um hospital no estado da Bahia. A espécie C. auris foi identificada pela primeira vez como causadora de doença em humanos no ano de 2009, no Japão. Desde então, ocorreram casos em outros países como Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Israel, Paquistão, Quênia, Kuwait, Reino Unido e Espanha.


Imagem representativa de microscopia do fungo Candida auris. Fonte



Para realizar o diagnóstico desse fungo, é necessário realizar exames de sangue e/ou de outros fluidos corporais. Contudo, esse microrganismo é de difícil identificação nos laboratórios, visto que são necessárias análises não só da coloração e aparência das suas colônias, mas também de métodos de diagnóstico mais específicos para distinguir essa espécie. Os laboratórios utilizam técnicas moleculares e bancos de dados de sequências de genomas dos fungos, mas devido à falta de informação sobre C. auris,  esta acaba por ser confundida com outras espécies do gênero Candida, originando, assim, falsos diagnósticos.

Entretanto, o principal motivo de C. auris estar sendo chamado de um “super fungo” é o fato dessa espécie possuir resistência aos principais medicamentos antifúngicos disponíveis para tratamento médico, podendo permanecer no organismo dos pacientes por meses. Além disso, pode também se manter viável no ambiente por longos períodos, já que é resistente a alguns desinfetantes comuns. Dessa forma, C. auris pode se espalhar nos ambientes hospitalares por meio do contato com superfícies ou equipamentos contaminados e/ou de pessoa para pessoa. Assim, para que possa ser eliminado, é importante a utilização correta dos produtos químicos de limpeza destinados à higienização de ambientes hospitalares.

As infecções por C. auris foram identificadas em pacientes de todas as idades, todos eles em ambiente hospitalar. Alguns estudos sugerem que os fatores de risco para que os indivíduos se infectem com esta levedura são: cirurgia recente, diabetes, uso de antibióticos e antifúngicos de amplo espectro.  Contudo, estudos mais aprofundados ainda são necessários para que se possa compreender detalhadamente aspectos referentes às infecções desse fungo.

Lembre-se: embora, C. auris seja um microrganismo patógeno para os seres humanos, os fungos são, em geral, seres que possuem um papel importantíssimo para o equilíbrio ambiental. Na exposição Marcas da Evolução do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS é possível conhecer um pouco mais sobre a diversidade de organismos que existem no grupo dos fungos e suas principais características.

Referências
https://pebmed.com.br/candida-auris-anvisa-faz-alerta-sobre-primeiro-caso-de-fungo-multirresistente-no-brasil/
https://pebmed.com.br/candida-auris-fungo-multirresistente-surge-como-nova-ameaca/
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2020/identificacao-de-possivel-caso-de-candida-auris-no-brasil
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55231505
https://www.bbc.com/portuguese/geral-47899482
https://www.cdc.gov/fungal/candida-auris/index.html
https://www.cdc.gov/fungal/candida-auris/candida-auris-qanda.html