Institucional

Os resultados da aposta na internacionalização

terça-feira, 05 de setembro | 2017

Paulo Quaresma

Fotos: Divulgação

O vice-reitor para Investigação e Desenvolvimento, Inovação e Transferência de Tecnologia da Universidade de Évora (Portugal) e professor do Departamento de Informática, Paulo Quaresma, virá à PUCRS dar palestras sobre a aposta da Instituição na internacionalização e projetos nas áreas de inteligência artificial e processamento de língua natural. No momento, a universidade conta com alunos de 72 nacionalidades distintas, 14,5% do total. A maioria (62%) é oriunda de países de Língua Portuguesa, e 43% provêm do Brasil. Nos cursos de doutorado, o número de estrangeiros representa 40% (9% do País). Para o próximo ano letivo, conta com mais de cem acordos de mobilidade na graduação e pós-graduação oriundos do Brasil. “Um aspecto que gostaríamos de incrementar é o estabelecimento de acordos para a realização de formações conjuntas e de projetos de pesquisa. Aproveito a oportunidade para lançar esse desafio!”, afirma.

Quaresma estará na PUCRS nos dias 11 e 13 de setembro. No primeiro dia, tratará do Plano Estratégico da Universidade de Évora, com uma abrangência até 2020, que está organizado em três eixos — a produção de conhecimento, a socialização do conhecimento, e a transferência de conhecimento — e em quatro vetores de orientação — a definição de áreas âncora, a internacionalização, a sustentabilidade e o modelo educativo. Nessa palestra, será abordado o vetor que visa reforçar o nível de internacionalização. Será dada uma especial atenção ao impacto dessa estratégia no ensino e na investigação na área da Informática, bem como no processo de transferência de tecnologia.

Falando sobre processamento de língua natural, no dia 13, o professor Quaresma apresentará projetos em parceria com empresas. Um deles, que se iniciou neste ano, visa ao desenvolvimento de uma infraestrutura tecnológica para suporte à criação de recursos e ferramentas computacionais para a Língua Portuguesa.

A palestra do dia 11 será no auditório térreo do prédio 32 e a do dia 13, no auditório 517. Ambas ocorrerão às 14h e são abertas ao público em geral. A programação faz parte dos festejos dos 40 anos da Faculdade de Informática. No dia 2 de setembro, às 20h, também ocorre jantar comemorativo no Restaurante Panorama, por adesão.

Para saber mais sobre os eventos, acesse o site.

 

Dos problemas às soluções

Paulo Quaresma

Confira entrevista do professor Quaresma sobre a aposta estratégica assumida pela Universidade de Évora de incentivo à internacionalização. Ele também conta um pouco da experiência das parcerias com empresas e da necessidade de uma abordagem transdisciplinar, buscando atuar “do problema à solução”. Um dos projetos resultou na criação de uma spin-off na área de agricultura de precisão visando desenvolver metodologias de análise de imagens de satélite e alerta aos agricultores para potenciais problemas relacionados com carência de água ou outros riscos ao crescimento das plantas.

 

Que políticas e ações a Universidade de Évora definiu e coloca em prática para incentivar a internacionalização, favorecendo o intercâmbio de estudantes e a realização de pesquisas em conjunto?

A Universidade de Évora aprovou em 2015 um plano estratégico em que a internacionalização é uma das quatro vertentes principais identificadas. Efetivamente, a UEvora identificou como sua missão: 1) a produção de conhecimento, através da investigação científica e artística, a experimentação e o desenvolvimento tecnológico e humanístico; 2) a socialização do conhecimento,  através da qualificação académica, seja por cursos formais ou por ações de formação ao longo da vida; e 3) a transferência de conhecimento para a sociedade. De forma a conseguir atingir esses objetivos, foram selecionadas quatro vertentes de orientação: o foco em áreas-âncora: a internacionalização, a sustentabilidade e o modelo educativo da Universidade. É, portanto, do resultado de uma aposta estratégica assumida por toda a academia que surgem os objetivos associados à vertente da internacionalização: aumentar o nível de internacionalização do ensino e da pesquisa e preparar os alunos para carreiras internacionais. As ações definidas para atingir estes objetivos são, essencialmente, as seguintes: a) aumento do número de acordos com instituições internacionais e o número de mobilidades “in” e “out” de alunos e docentes; b) estabelecimento de graus e formações conjuntas; e c) parcerias em projetos de pesquisa e de transferência de conhecimento.

 

O senhor pode citar algum projeto que envolva transferência de tecnologia e outro que impacte no ensino?

Um projeto muito interessante na área do ensino é a colaboração com a Universidade de São Tomé em Príncipe. No âmbito dessa colaboração e após obtidas as necessárias autorização governamentais dos dois países, foi possível criarmos edições de cursos de mestrado e de doutorado em S. Tomé, tendo, neste momento, quase 200 alunos de pós-graduação e existindo praticamente uma “ponte aérea” entre Évora e S. Tomé e Príncipe. Tem sido uma experiência muito positiva! Na área da transferência de tecnologia, gostaria de referir a criação de uma spin-off da Universidade de Évora na área da agricultura de precisão: a Agroinsider. Essa empresa, com base em trabalhos de pesquisa desenvolvidos na Universidade, desenvolveu metodologias para analisar imagens de satélite e alertar os agricultores para potenciais problemas relacionados com carência de água ou outros problemas com o desenvolvimento das plantas. Numa altura em que o uso dos recursos naturais é cada vez mais crítico, a agricultura de precisão é uma ferramenta que pode desempenhar um papel fundamental. A empresa foi uma das mais requisitadas num dos maiores eventos tecnológicos europeus, o Web Summit. Julgo, aliás, que há uma potencial grande aplicabilidade dessas metodologias no Brasil, que possui grandes áreas de cultivo e necessita de otimizar o uso dos recursos naturais.

 

Quais são as novidades em projetos em conjunto com empresas em processamento de língua natural e inteligência artificial? Existe a possibilidade de licenciamento de algum produto ou serviço nessas áreas?

Temos em curso vários projetos nesse domínio com empresas. Um deles está relacionado com o desenvolvimento de um sistema com capacidade de analisar a informação divulgada através da mídia (televisão, rádio, jornais) e das redes sociais (Facebook e Twitter) e identificar automaticamente situações indiciadoras de potenciais crimes. O projeto está a ser desenvolvido por um consórcio liderado por uma empresa tecnológica portuguesa e inclui universidades e centros de pesquisa na área do processamento de língua natural, nas vertentes de texto e fala. Como resultado desse projeto haverá certamente lugar ao licenciamento de novos produtos. Há ainda uma iniciativa de grande dimensão que se iniciou em julho e visa criar uma infraestrutura para recursos computacionais para a Língua Portuguesa. Esse projeto é financiado pelo programa Portugal 2020 e tem como objetivo incluir e disponibilizar trabalhos desenvolvidos por todos os grupos de investigação em processamento computacional da Língua Portuguesa, incluindo os grupos existentes no Brasil. Aliás, existem protocolos e manifestações de interesse estabelecidos com vários grupos e instituições brasileiras, uma das quais a PUCRS.

 

Esses estudos devem demandar um corpo de pesquisadores e alunos de vários cursos e especialidades. Como se dá essa necessária integração?

Efetivamente, temos vindo a sentir cada vez mais a necessidade de uma abordagem transdisciplinar aos problemas que se nos colocam. Nesse sentido, estamos a criar na Universidade de Évora um novo centro de pesquisa, com um foco na transdisciplinariedade enquanto metodologia que nos permita atuar “do problema à solução”. Nesse centro, temos investigadores de áreas tão distintas como o Design, a Arquitetura, a Engenharia, a Linguística, a Psicologia, a Sociologia, a Gestão e a Filosofia! A receptividade, quer dos investigadores envolvidos, quer das empresas e entidades com que nos relacionamos, é extremamente positiva e temos já “em mãos” vários novos desafios. Consideramos que esse é um caminho correto e que vem ao encontro das grandes tendências internacionais, tendo grandes expectativas quanto ao desempenho desse centro num futuro próximo!

 

 

 

Mais recentes