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Internacionalização e inteligência artificial são temas de palestras

sexta-feira, 08 de setembro | 2017

Foto: Divulgação

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O vice-reitor para Investigação e Desenvolvimento, Inovação e Transferência de Tecnologia da Universidade de Évora (Portugal) e professor do Departamento de Informática, Paulo Quaresma, estará na PUCRS nos dias 11 e 13 de setembro para falar sobre a aposta da instituição europeia na internacionalização, além de projetos nas áreas de inteligência artificial e processamento de língua natural. A atividade, gratuita e aberta ao público, integra a programação comemorativa aos 40 anos da Faculdade de Informática (Facin).

Internacionalização

No dia 11, segunda-feira, o tema da palestra será o Plano Estratégico da Universidade de Évora até 2020. Quaresma abordará o vetor de orientação deste documento institucional que visa reforçar o nível de internacionalização. Será dada uma especial atenção ao impacto dessa estratégia no ensino e na investigação na área da Informática, bem como no processo de transferência de tecnologia. Esta apresentação ocorre no auditório térreo da Facin, no prédio 32 do Campus da PUCRS (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre), a partir das 14h.

Atualmente, a universidade conta com alunos de 72 nacionalidades distintas, 14,5% do total. A maioria (62%) é oriunda de países de Língua Portuguesa, e 43% provêm do Brasil. Nos cursos de doutorado, o número de estrangeiros representa 40% (9% do País). Para o próximo ano letivo, conta com mais de cem acordos de mobilidade na graduação e pós-graduação oriundos do Brasil. “Um aspecto que gostaríamos de incrementar é o estabelecimento de acordos para a realização de formações conjuntas e de projetos de pesquisa. Aproveito a oportunidade para lançar esse desafio!”, afirma.

No dia 13, quarta-feira, a fala será sobre o processamento de língua natural. O professor português apresentará projetos em parceria com empresas. Um deles, que se iniciou neste ano, visa ao desenvolvimento de uma infraestrutura tecnológica para suporte à criação de recursos e ferramentas computacionais para a Língua Portuguesa. A atividade será realizada a partir das 14h, no auditório 517 da Faculdade de Informática.

Dos problemas às soluções

Paulo Quaresma

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Confira entrevista do professor Quaresma sobre a aposta estratégica assumida pela Universidade de Évora de incentivo à internacionalização. Ele também conta um pouco da experiência das parcerias com empresas e da necessidade de uma abordagem transdisciplinar, buscando atuar “do problema à solução”. Um dos projetos resultou na criação de uma spin-off na área de agricultura de precisão visando desenvolver metodologias de análise de imagens de satélite e alerta aos agricultores para potenciais problemas relacionados com carência de água ou outros riscos ao crescimento das plantas.

Que políticas e ações a Universidade de Évora definiu e coloca em prática para incentivar a internacionalização, favorecendo o intercâmbio de estudantes e a realização de pesquisas em conjunto?

A Universidade de Évora aprovou em 2015 um plano estratégico em que a internacionalização é uma das quatro vertentes principais identificadas. Efetivamente, a UEvora identificou como sua missão: 1) a produção de conhecimento, através da investigação científica e artística, a experimentação e o desenvolvimento tecnológico e humanístico; 2) a socialização do conhecimento,  através da qualificação académica, seja por cursos formais ou por ações de formação ao longo da vida; e 3) a transferência de conhecimento para a sociedade. De forma a conseguir atingir esses objetivos, foram selecionadas quatro vertentes de orientação: o foco em áreas-âncora: a internacionalização, a sustentabilidade e o modelo educativo da Universidade. É, portanto, do resultado de uma aposta estratégica assumida por toda a academia que surgem os objetivos associados à vertente da internacionalização: aumentar o nível de internacionalização do ensino e da pesquisa e preparar os alunos para carreiras internacionais. As ações definidas para atingir estes objetivos são, essencialmente, as seguintes: a) aumento do número de acordos com instituições internacionais e o número de mobilidades “in” e “out” de alunos e docentes; b) estabelecimento de graus e formações conjuntas; e c) parcerias em projetos de pesquisa e de transferência de conhecimento.

O senhor pode citar algum projeto que envolva transferência de tecnologia e outro que impacte no ensino?

Um projeto muito interessante na área do ensino é a colaboração com a Universidade de São Tomé em Príncipe. No âmbito dessa colaboração e após obtidas as necessárias autorização governamentais dos dois países, foi possível criarmos edições de cursos de mestrado e de doutorado em S. Tomé, tendo, neste momento, quase 200 alunos de pós-graduação e existindo praticamente uma “ponte aérea” entre Évora e S. Tomé e Príncipe. Tem sido uma experiência muito positiva! Na área da transferência de tecnologia, gostaria de referir a criação de uma spin-off da Universidade de Évora na área da agricultura de precisão: a Agroinsider. Essa empresa, com base em trabalhos de pesquisa desenvolvidos na Universidade, desenvolveu metodologias para analisar imagens de satélite e alertar os agricultores para potenciais problemas relacionados com carência de água ou outros problemas com o desenvolvimento das plantas. Numa altura em que o uso dos recursos naturais é cada vez mais crítico, a agricultura de precisão é uma ferramenta que pode desempenhar um papel fundamental. A empresa foi uma das mais requisitadas num dos maiores eventos tecnológicos europeus, o Web Summit. Julgo, aliás, que há uma potencial grande aplicabilidade dessas metodologias no Brasil, que possui grandes áreas de cultivo e necessita de otimizar o uso dos recursos naturais.

Quais são as novidades em projetos em conjunto com empresas em processamento de língua natural e inteligência artificial? Existe a possibilidade de licenciamento de algum produto ou serviço nessas áreas?

Temos em curso vários projetos nesse domínio com empresas. Um deles está relacionado com o desenvolvimento de um sistema com capacidade de analisar a informação divulgada através da mídia (televisão, rádio, jornais) e das redes sociais (Facebook e Twitter) e identificar automaticamente situações indiciadoras de potenciais crimes. O projeto está a ser desenvolvido por um consórcio liderado por uma empresa tecnológica portuguesa e inclui universidades e centros de pesquisa na área do processamento de língua natural, nas vertentes de texto e fala. Como resultado desse projeto haverá certamente lugar ao licenciamento de novos produtos. Há ainda uma iniciativa de grande dimensão que se iniciou em julho e visa criar uma infraestrutura para recursos computacionais para a Língua Portuguesa. Esse projeto é financiado pelo programa Portugal 2020 e tem como objetivo incluir e disponibilizar trabalhos desenvolvidos por todos os grupos de investigação em processamento computacional da Língua Portuguesa, incluindo os grupos existentes no Brasil. Aliás, existem protocolos e manifestações de interesse estabelecidos com vários grupos e instituições brasileiras, uma das quais a PUCRS.

Esses estudos devem demandar um corpo de pesquisadores e alunos de vários cursos e especialidades. Como se dá essa necessária integração?

Efetivamente, temos vindo a sentir cada vez mais a necessidade de uma abordagem transdisciplinar aos problemas que se nos colocam. Nesse sentido, estamos a criar na Universidade de Évora um novo centro de pesquisa, com um foco na transdisciplinariedade enquanto metodologia que nos permita atuar “do problema à solução”. Nesse centro, temos investigadores de áreas tão distintas como o Design, a Arquitetura, a Engenharia, a Linguística, a Psicologia, a Sociologia, a Gestão e a Filosofia! A receptividade, quer dos investigadores envolvidos, quer das empresas e entidades com que nos relacionamos, é extremamente positiva e temos já “em mãos” vários novos desafios. Consideramos que esse é um caminho correto e que vem ao encontro das grandes tendências internacionais, tendo grandes expectativas quanto ao desempenho desse centro num futuro próximo!

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