Pesquisa

Semana do Meio Ambiente: entenda o impacto humano em microrganismos

segunda-feira, 06 de junho | 2022

A Microbiologia Ambiental é uma sub-área da Microbiologia que estuda principalmente microrganismos de ambientes naturais como solo, sedimento, areia, lagos, rios, mares. A área investiga  diversidade de espécies, suas relações com outros organismos e também o seu envolvimento na ciclagem de elementos do nosso planeta, como do carbono, nitrogênio, enxofre, dentre outros. Mais recentemente, pesquisas desenvolvidas na área têm contribuído com dados que indicam impactos ambientais derivados de atividades humanas. 

A pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS Renata Medina da Silva possui uma trajetória científica reconhecida na Microbiologia Ambiental. A docente explica que as comunidades microbianas dos ambientes naturais são facilmente alteradas com a presença de poluentes, além de serem impactadas por alterações físicas e químicas do ambiente decorrentes das mudanças climáticas.  

O debate sobre as questões de sustentabilidade e preservação ambiental tem ganhado cada vez mais força no cenário mundial. A data do dia 5 de junho foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas como Dia Mundial do Meio Ambiente, para conscientizar a população mundial sobre os impactos das ações humanas na vida do planeta. A professora Renata faz um alerta:  precisamos priorizar as discussões sobre estes assuntos o quanto antes.  

“Nossas ações deste exato momento estão determinando o quanto nós seres humanos e todas as demais espécies continuaremos vivos no nosso planeta. Inúmeras espécies de animais, plantas e microrganismos já foram extintas e outras estão em risco de extinção, em função do impacto causado pelas nossas atividades. As temperaturas atmosféricas e dos oceanos não param de subir e toneladas de gases de efeito estufa e outros gases poluentes continuam sendo lançados diariamente no ar que respiramos”, destaca a pesquisadora.  

Microbiologia e Meio Ambiente 

A professora Renata Medina atua em pesquisa na área de Microbiologia Ambiental, com ênfase em diversidade, genética e bioquímica de microrganismos. A docente é pesquisadora do Laboratório de Imunologia e Microbiologia e coordenadora do Grupo Geobiologia do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) da PUCRS.  Atua nos Programas de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade e Biologia Celular e Molecular, com orientandos de Iniciação Científica, mestrandos e doutorandos, e também no curso de Especialização em Energias Renováveis.  

Dentre os projetos que desenvolve, Medina destaca dois, em especial. O primeiro projeto vem resultando em uma série de publicações, com o propósito de descrever microrganismos de mar profundo da Bacia de Pelotas, na costa do Rio Grande do Sul, obtidos em Missões Oceanográficas de 2011 e 2013 pelo IPR. Os pesquisadores e a professora Medina descreveram os microrganismos que vivem ao longo da coluna d’água, no sedimento, ou que habitam a superfície de animais que vivem associados ao sedimento marinho de mais de 2 mil metros de profundidade.  

Com as suas análises, foi possível descrever também as propriedades bioquímicas particulares de alguns destes microrganismos, descobrindo que alguns possuem a habilidade em consumir diferentes fontes de carbono, de capturar ferro do ambiente ou de se aderir a microplásticos. As pesquisas em andamento já evidenciaram também outras habilidades destes microrganismos, como a capacidade de resistência a antibióticos e a tolerância a metais pesados. 

O segundo grande projeto desenvolvido por alunos e pela pesquisadora Medina analisa as bactérias que foram cultivadas a partir de amostras de água do Aquífero Guarani, o imenso aquífero que abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e, principalmente, o Brasil. As pesquisas revelam evidências sobre a tolerância destas bactérias a herbicidas, antibióticos e também a metais pesados.  

De acordo com Renata, os projetos de pesquisa possuem um apontamento em comum: o alto grau de interferência humana nos ambientes estudados, em função das alterações significativas ligadas à tolerância a poluentes dos seus microrganismos. A situação acaba impactando negativamente também a população humana, no momento em que estes microrganismos habitam reservatórios de água importantes. A docente explica que, apesar de diversas evidências negativas sobre o que os humanos provocam no meio ambiente, excelentes novidades e iniciativas estão à disponíveis para melhorar este cenário.  

“Ainda temos como reverter a situação, seja com investimentos em energias renováveis, políticas e práticas industriais ambientalmente sustentáveis, consumo consciente, reciclagem e reutilização de resíduos, e principalmente políticas públicas que promovam permanentemente e de forma efetiva a preservação dos ambientes naturais que ainda conhecemos. O mais importante neste momento é sabermos que todos temos condições e obrigação de contribuir para viabilizar a qualidade de vida para muitas gerações que vierem” finaliza a pesquisadora. 

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