Ensino

Projeto com adolescentes na Vila Nova Chocolatão trabalha educação e saúde

segunda-feira, 03 de abril | 2017

Projeto Eu e as Gurias, na Vila Nova Chocolatão

Foto: Arquivo pessoal

Na biblioteca comunitária da Vila Nova Chocolatão, em Porto Alegre, o estudante do curso de Enfermagem da PUCRS Leandro Pires Rodrigues demonstra para um grupo de meninas adolescentes, com idades entre 13 e 17 anos, como deve ser feito o exame de toque para a prevenção do câncer de mama. A apresentação descontraída cativa a atenção das jovens dispostas a aprender. Aliando a teoria da sala de aula com a prática, o estudante e o restante de sua turma, convidados pelas agentes de saúde da Unidade Tijuca, integraram as atividades do projeto Eu e as Gurias. Nos encontros semanais, ocorreram reuniões com a finalidade de abrir um espaço de conversa e esclarecimento de dúvidas.

O envolvimento com o projeto foi além das consultas de enfermagem e exames clínicos dos moradores da Nova Chocolatão. No Eu e as Gurias, os futuros enfermeiros, sob a supervisão da professora do curso de Enfermagem da Universidade Andrea Bandeira, deslocavam-se à biblioteca para conversar sobre as temáticas que as próprias meninas sugeriam. Entre os assuntos, estavam dúvidas relacionadas a doenças sexualmente transmissíveis, gestação e à respiração do bebê na barriga da mãe, por exemplo.

Também houve debates sobre diversidade, direitos da mulher, responsabilidade social e valores do ser humano. Após o bate-papo, as agentes de saúde organizavam atividades práticas, como a confecção de cartazes e colagens. “Foi o primeiro atendimento em grupo que realizamos e foi muito gratificante ver que uma adolescente aproveitava a dúvida da outra para aprender”, reflete Rodrigues.

Segundo Andrea, as jovens muitas vezes não buscam serviços de saúde, um dos motivos pelos quais o projeto é relevante. “Nesse espaço, elas estabelecem uma relação de confiança com as agentes de saúde e com os alunos, sentindo-se mais acolhidas para compartilhar”. O aluno Leandro concorda, observando que, ainda que as meninas pudessem colocar suas perguntas em uma caixa sem identificação, elas não o faziam. “Notei que elas se sentiam confortáveis num ambiente diferente da escola. Muitas vezes, o desejo era repassar a informação para a família”.

Por meio da participação na ação, os alunos, a supervisora, as agentes comunitárias de saúde e as adolescentes criaram um ambiente de educação e saúde. “É mais um espaço para troca do que apenas ensino”, reflete Andrea. Na percepção de Rodrigues, o trabalho da turma foi importante para que aprendessem a adaptar informações a cada realidade social. “Saímos de lá enriquecidos”.

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