doação, alimentos, escola politécnica

Foto: Divulgação

Com o intuito de colaborar para a superação da crise provocada pela Covid-19, a Rede Urbanismo Contra o Corona está atuando em ações de médio e longo prazo para ampliar a capacidade de resposta da sociedade contra o coronavírus. Entre as ações, está o financiamento coletivo para doações de cestas básicas para comunidades, com a meta de arrecadar, a cada 15 dias, 100 cestas com itens de alimentação e higiene, totalizando um valor aproximado de R$ 11.135,00. As comunidades Vida Nova e São Judas Tadeu, localizadas ao lado do campus da PUCRS, estão entre os locais beneficiados pelas doaçõesPara contribuir e fazer parte dessa rede de solidariedade, basta clicar aqui.

A entrega das cestas é feita por conta dos fornecedores, sem envolver alunos em qualquer situação de risco. A iniciativa também disponibiliza um portal online para prestação de contas, em que é possível consultar as notas fiscais e os locais para onde as doações estão sendo direcionadas. Até o momento já foram entregues mais de 300 cestas básicas, por meio de doações diretas.

Sobre a iniciativa 

Rede Urbanismo Contra o Corona – núcleo RS é uma rede autônoma, expansiva e aberta, com atuação nacional, multidisciplinar de profissionais e estudantes que trabalham com cidades e habitação social, na perspectiva da saúde coletiva. Tendo como objetivo pensar e produzir soluções emergenciais para as cidades, com foco nas populações vulneráveis.

Na PUCRS, a rede está vinculada ao Programa de Extensão e Gestão das Atividades de Formação Continuada da Escola PolitécnicaO grupo de extensão está comprometido com o mapeamento da Avenida Ipiranga e com ações imediatas nas comunidades Vida Nova e São Judas Tadeu, a fim de garantir que as necessidades básicas sejam atendidas. Desta maneira, não lidando somente com os dados, mas também atuando no dia a dia das famílias. 

Inicia na primeira semana de junho a segunda etapa das obras de melhorias viárias no fluxo da Avenida Ipiranga, imediações do Campus da PUCRS, acordadas com a Prefeitura de Porto Alegre. A ação que começou com a construção de uma ponte sobre o Arroio Dilúvio, entregue à comunidade em agosto passado, visa melhorar o trânsito na região, além de facilitar o acesso à emergência do Hospital São Lucas (HSL) e demais serviços que integram o Campus da Saúde da PUCRS.

A segunda etapa, agora no estacionamento que dá acesso ao HSL, busca contemplar o aumento de circulação previsto com a ampliação dos serviços do Campus da Saúde, que abriga o hospital, o Instituto do Cérebro (InsCer), o Parque Esportivo, o Centro Clínico, entre outros serviços.

A conclusão da obra, que tem cronograma previsto para durar cerca de 120 dias, implica na inversão do fluxo viário no local. Com isso, a entrada passa a ser diretamente pela ponte e a saída deve ficar onde hoje está localizada a entrada, próximo ao Parque Esportivo.

Com essa etapa, outros dois problemas crônicos do trânsito no local devem ser resolvidos: a ampliação do número de vagas no hospital e o engarrafamento que costuma ocorrer na Ipiranga, na entrada do Campus, ocasionado pelo curto espaço entre as cancelas e a rua. No novo modelo, as cancelas vão ficar cerca de 100 metros na área interna e haverá espaço suficiente para aliviar o trânsito em momentos de pico.

EAD, empatia, ensino à distância, relações acadêmicas

Foto: Alexandra Koch / Pixabay

*texto originalmente publicado no jornal Zero Hora em 27 de maio de 2020

Se no primeiro dia de aula nos contassem que em uma semana estaríamos isolados em casa, não acreditaríamos. Por mais que as previsões fossem certeiras, não imaginávamos a rotina alterada tão drasticamente. Esse turbilhão afetou todos: amigos, parentes, professores e alunos. A modalidade EAD passou a ser uma imposição, nos fazendo rever hábitos, prazos e, principalmente, relações.

O novo cenário nos obriga a perceber o outro com mais empatia, capacidade a partir de então indispensável. Precisamos uns dos outros! Nas salas de aula virtuais, separados por telas, nos vemos, quem diria, com mais profundidade. O professor, figura de mestre, intocável, quase inabalável, ganhou uma faceta mais humana. Os filhos também lhes cobram atenção, a louça na pia, o almoço por fazer, os cachorros latindo ao fundo. Percebemos que o professor é também um aprendiz. Se antes a metodologia era expositiva, hoje é o diálogo que prevalece. As aulas tornam-se quase sessões de terapia em grupo, já que, além de aprender, precisamos todos sobreviver.

As relações acadêmicas estão mais amorosas. Talvez era disso que precisávamos. A compreensão e a amizade cresceram, vimos, enfim, que estamos todos no mesmo barco, tentando entender nosso papel na sociedade e nos adaptar à nova realidade. Os professores esforçam-se para ensinar; os alunos, para aprender. Revela-se, com mais ênfase, a honrada missão educativa: formar o aluno cidadão, com senso crítico, empatia e humanidade.

Já que o mundo não para, e o aprendizado deve ser constante, nos adaptamos. É um alívio saber como aluna que, do outro lado da tela, o professor, disposto a dar o seu melhor, também precisa de ajuda – não carrega a verdade absoluta. Estamos todos aprendendo. Como seremos depois dessa? Difícil prever, mas aprendemos que o processo de ensino-aprendizagem passa pelo amor, pela empatia e pelo carinho, sendo assim, estaremos juntos e com nossos laços fortalecidos.

cartilhaNa última terça-feira, dia 18 de maio, completaram-se 20 anos de mobilização contra a violência sexual infantojuvenil. Marcada pela Lei Federal nº 9.970/2000 como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a data também relembra os 30 anos de criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e 20 anos do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. Além deste dia, a campanha nacional Faça Bonito – Proteja nossas Crianças e Adolescentes é permanente, e realizada durante todo o ano por meio da conscientização no enfrentamento.

Dados do Disque 100 mostram que, só em 2018, foram registradas um total de 17.093 denúncias de violência sexual contra menores de idade. Segundo a matéria publicada pela Agência Brasil, a maior parte delas é de abuso sexual (13.418 casos), mas há denúncias também de exploração sexual (3.675). Os números apontam que, mais de 70% dos casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes são praticados por pais, mães, padrastos ou outros parentes das vítimas.

Compromisso com a proteção da vida

Atentos ao compromisso de proteção, a Rede Marista lançou neste mês a campanha Diálogo para o enfrentamento à violência sexual infantojuvenil, defendendo a promoção e o direto à vida em todas as fases. Buscando participar da construção de uma sociedade mais justa e fraterna, a Rede investiu na consolidação de políticas institucionais de promoção, proteção integral e defesa das crianças. Inspirada nos princípios de Marcelino Champagnat.

Para a ampliação da garantia dos diretos e execução das políticas de proteção da instituição, foi criada a Assessoria de Proteção à Criança e ao Adolescente. Com objetivo promover esses direitos, por meio de ações de formação e conscientização, serão realizados debates, palestras e visitas aos órgãos públicos vinculados aos órgãos legais de enfrentamento.

Alguns conteúdos estão sendo abordados no portal institucional da Rede Marista e, em materiais compartilhados, com colaboradores dos Colégios, Unidades Sociais, PUCRS, Hospital São Lucas e InsCer. Um deles é uma cartilha com perguntas e respostas.

Como denunciar?

nascimento_de_champagnat (2)Nesta quarta-feira, 20 de maio, celebramos os 227 anos do nascimento de Marcelino Champagnat. Na Província, a data é comemorada com o Dia Provincial de Oração pelo Bicentenário Marista, em sintonia com a caminhada rumo aos 200 anos da instituição idealizada pelo fundador.

Seu testemunho de amor pelos jovens e crianças

Sendo um homem conhecido pela imensa fé, a vida de Marcelino foi um testemunho de humanidade e amor fraternal. Idealizando um projeto revolucionário de educação que se espalhou pelos continentes e conquistou muitos adeptos, essa foi a maneira que Champagnat demonstrou o amor que tinha pelos jovens e crianças, principalmente os que se encontravam em situações de vulnerabilidade social.

Episódios marcantes de sua biografia demonstram que, desde cedo, Champagnat já havia criado uma relação intensa com a questão educacional. Por ter vivenciado na pele as dificuldades de acesso a um sistema de ensino de qualidade, soube identificar as necessidades da comunidade, tornando-se sacerdote no ano de 1816.

Fundador do Instituto Marista

No dia 2 de janeiro de 1817, um ano depois do grande passo em sua vida religiosa, Champagnat criou o ponto de partida para o projeto do Instituto dos Irmãozinhos de Maria que, posteriormente, veio a se tornar o Instituto Marista. Falecido no dia 6 de junho de 1840, aos 51 anos – data que ficou conhecida como o Dia de São Marcelino Champagnat. Foi canonizado no dia 18 de abril de 1999, pelo então Papa João Paulo II, em reconhecimento às suas virtudes e legado.

Em tempos de coronavírus, as necessidades básicas se tornam ainda mais urgentes.

Em tempos de coronavírus, as necessidades básicas se tornam ainda mais urgentes.

Durante este período de incertezas, abalo na saúde e na economia, muitas famílias encontram-se em situações de vulnerabilidade quando se trata de necessidades básicas. Pensando nisso, o projeto Ação Comunidades, da Rede Marista, uniu-se com a empresa PareBem para ampliar a iniciativa solidária, disponibilizando um ponto de coleta no estacionamento da Escola de Negócios (prédio 50).

O projeto, lançado em abril, possui diversos postos de coleta organizados nos espaços maristas, convidando todos a colaborar com a doação de alimentos não-perecíveis, materiais de higiene, camisetas para a confecção de máscaras – seguindo as recomendações dos órgãos da saúde – e doações em dinheiro. As contribuições serão destinadas às comunidades atendidas atualmente pelas Unidades Sociais Maristas.

Missão Marista

A iniciativa tem como objetivo reforçar que a responsabilidade com esses locais vai além das atividades pedagógicas desenvolvidas nas escolas, colégios e centros sociais. As unidades buscam, também, colaborar com o desenvolvimento das famílias.

Ponto de coleta na PUCRS

Local: Estacionamento da Escola de Negócios (prédio 50)
Endereço: Rua Prof. Cristiano Fischer – Partenon, Porto Alegre – RS, 91370-190

Para doações em dinheiro:

Razão Social: Sociedade Meridional de Educação (Some)
CNPJ: 92.023.159/0001-40
Banco: Banrisul – 041
Agência: 0847
Conta: 06.855608.0 – 2

Mais informações e endereços dos outros pontos de coleta estão disponíveis neste link.

Webiar Rede Marista InternaionalNa última quinta-feira, 14, ocorreu o 1º Webinar da Rede Marista Internacional de Instituições de Educação Superior (IES), por meio da plataforma Zoom. O evento contou com a participação de cerca de 250 conexões de gestores e professores de diferentes Unidades Administrativas e Universidades Maristas ao redor do mundo. O diálogo promovido apresentou  os cenários e oportunidades da crise mundial, com foco no futuro das ações pedagógicas e acadêmicas no ensino superior e as possibilidades de ações colaborativas entre as instituições pertencentes à rede.

Com moderação do presidente do Comitê Executivo da Rede Marista de IES, Ir. Manuir Mentges, o evento iniciou com a abertura promovida pelo vigário-geral do Instituto Marista, Ir. Luis Carlos Gutierrez. Em sua fala de acolhida, ele destacou a nova época que está sendo vivenciada por todas sociedades em todo o mundo. “Estamos entrando em uma nova realidade, uma nova normalidade”, disse.  “Tais mudanças nos levam a refletir sobre novos projetos educativos, de serviços e novos modelos para as práticas de recursos humanos”, reforçou. Além disso, ele fortaleceu a importância da colaboração entre as instituições de ensino superior e recordou o planejamento estratégico da administração geral para a rede, que propõe três iniciativas: ser construtores de pontes, ser agentes de mudanças e promover lideranças servidoras. Na sequência, a programação foi dividida em três painéis de apresentação de cases de três universidades pertencentes à rede: a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul(PUCRS), a  Pontifícia Universidade Católica  do Paraná (PUCPR), do Brasil e a Universidad Marcelino Champagnat (UMCh), do Peru.

A primeira temática Organização acadêmica em tempos de pandemia: Construindo possibilidades, foi conduzida pela professora Adriana Justin Cerveira Kampff, diretora de graduação da PUCRS. Ela trouxe o contexto do período que precedeu a suspensão das atividades presenciais no campus da PUCRS, no início de março. Ela lembrou que no momento de crise, muitas inquietações surgiram e que diante delas, foi possível retomar a essência da Universidade. “Somos uma instituição marista, inovadora e com responsabilidade social”, afirmou. Na sequência, o evento contou com a apresentação As IES Maristas no contexto pós-pandemia: Cenários e perspectivas, do professor Ir. Marino Latorre Ariño, diretor da Escola de pós-graduação da Universidad Marcelino Champagnat. Ele retomou as principais características de um mundo pós-pandêmia resumidas nos três I’s: imprevisíveis, incontroláveis e gerenciáveis. Com essa percepção, o professor salientou as teorias relacionadas ao mundo atual que reforçam um cenário de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.

O último painel teve como tema Percursos para a Graduação online: Compartilhando experiências, conduzido pelo professor Vidal Martins, vice-reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Ele apresentou a trajetória de 15 anos de educação online da Universidade e fortaleceu que, para que as tecnologias educacionais sejam efetivas e prosperem, é necessário que a cultura para ambientes digitais de aprendizagem virtual seja formada.

Para o Ir. Manuir, movimentos como esse contribuem para o cenário desafiador pelo qual o mundo todo está passando. Ele lembrou que o convite para o evento trouxe uma inspiração do XXII Capítulo Geral do Instituto Marista que fortalecia a interdependência como um novo normal. “A primeira webinar da Rede Marista de Instituições de Educação Superior permitiu compartilhar boas práticas e nos fez compreender que, mesmo sendo de diferentes regiões, diferentes tamanhos, diferentes estruturas, somos complementares.

Conheça a Rede Marista Internacional de Educação Superior

A Rede Marista Internacional de Instituições de Educação Superior (IES) integra o conjunto das obras da missão compartilhada por Irmãos, Leigas e Leigos das diferentes Unidades Administrativas do Instituto Marista. É acompanhada, da parte da Administração Geral, pelo Secretariado de Educação e Evangelização do Instituto. A Rede foi inaugurada em novembro de 2004, quando representantes de várias instituições se reuniram em Curitiba (PR) para refletir sobre o papel das Instituições Maristas de educação Superior dentro da Missão marista.

Nomeado em 2019, o Comitê Executivo é composto pelo Ir. Manuir Mentges, pró-reitor de graduação e educação continuada da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), presidente e membro do Comitê Internacional de Missão do Instituto, representando os falantes da língua portuguesa; Ir. David Hall, decano da Universidade Católica da Austrália, representando o idioma inglês; Ir. Roberto Mendez Lopés, reitor da Universidade Marista de Querétaro, representando a língua espanhola.

jorge audy

Foto: Camila Cunha

Épocas de crise são oportunidades férteis para gerar inovações disruptivas. E as inovações disruptivas tem o poder de transformar nossas vidas. Os computadores, a energia nuclear, a Internet, até mesmo a barrinha de chocolate são inovações que surgiram em períodos de grandes crises mundiais. Assim como a Comunidade Europeia, a ONU e a própria OMS (Organização Mundial da Saúde).

Nestes períodos emergem muitas oportunidades para inovar, transformar nossas vidas e a sociedade que vivemos. Não será diferente nesta crise sanitária global que vivemos, muitas oportunidades estão surgindo e ainda irão surgir. Temos uma bela oportunidade para nos transformarmos em duas áreas, como pessoas e sociedade. Para melhor. Apesar do sofrimento em tantas dimensões, talvez estivéssemos mesmo precisando de um empurrão para repensarmos o nosso papel no mundo.

A primeira área está relacionada ao papel e à importância da Educação e da Ciência. Há décadas nosso maior desafio no Brasil é a Educação. Tanto em termos de qualidade como em termos de inclusão. Por que a educação é tão importante? Porque é a base de um processo de formação para a cidadania, um eixo estratégico para promover o desenvolvimento humano e social, além de ser o maior patrimônio de um povo.

E também porque promove um fluxo contínuo que começa na Educação e evolui para o reconhecimento e o fomento da Ciência, da Tecnologia e da Inovação. É este fluxo que gera a elevação dos indicadores de desenvolvimento de uma nação (social, ambiental e econômico). E esta crise está mostrando de forma inequívoca a importância da Ciência para combater o Covid-19.

Igualmente, a educação formal vem sendo desafiada para repensar seus paradigmas, com a adoção massiva das tecnologias de informação e comunicação, como mediações que anunciam novos modelos de educação. Uma nova educação para uma nova sociedade. As duas partes iniciais deste contínuo, Educação e Ciência, possuem importância estratégica e são estruturantes de uma nação no século XXI; não somente para enfrentar pandemias, mas também para incidir nas desigualdades sociais ainda existentes, permitindo que o conhecimento possa ser acessado por todos e, igualmente, capaz de criar novas formas para superar os históricos problemas da sociedade, de modo a promover um desenvolvimento mais justo, igualitário e sustentável (fome, mudanças climáticas, energia, etc.) Temos que aprender isto de uma vez por todas. Não podemos esperar mais.

A segunda está relacionada com a oportunidade de reflexão sobre o real significado das nossas vidas que o distanciamento físico, e não social, nos possibilita experimentar. A necessária busca de uma nova relação com as pessoas e o coletivo. Com as tecnologias que passam a ser vistas como ferramentas a serviço das pessoas.

Pode emergir um novo humanismo. Humanismo como atitude frente aos desafios. Uma nova forma de estar no mundo. Humanismo como uma nova forma de cuidarmos uns dos outros. Pensar o coletivo antes do individual. A volta das pessoas para casa, também, é um convite para nos reconectarmos com o nosso interior, aos nossos sentimentos e às nossas relações.

Mas, também, estabelece novas formas de estarmos no mundo, de trabalharmos e nos relacionarmos com familiares, amigos e colegas. É inegável o potencial humanizador desta crise que, vista como oportunidade, pode favorecer a revisão de valores, a renovação do cuidado (de si e do outro), o senso de bem comum e a responsabilidade pela coletividade.

Educação, Ciência e a busca de um novo Humanismo. Áreas clamando por Inovação em nosso país. Inovação Disruptiva. Transformadora. Social.

Estamos nos preparando para o enfrentamento de um dos maiores  desafios do período atual: a reconstrução das relações sociais e das novas condições de vida pós este período de isolamento social. Tendo como imposição o afastamento social como estratégia para contenção do coronavírus, muitas são as perdas além das vidas ceifadas pelo inimigo invisível. Como se estivéssemos nos preparando para sairmos da caverna onde procuramos abrigo, precisamos enxergar esperanças de dias melhores que possam   nos conferir significados de uma nova vida e de nova ordem social.

Sem dúvida, o distanciamento social produziu um paradoxo, pois, para nos cuidarmos e cuidarmos do outro, precisamos nos distanciar das pessoas. A orientação é de um distanciamento físico, porém temos observado que isto tem trazido outras consequências. Somos seres de “contato”, desde o mais intenso, o físico, com beijos e abraços até os toques mais sutis nas mãos ou no rosto das pessoas que gostamos ou mesmo “tocamos” com o olhar, com a palavra, com a escuta. As relações, sim estão sendo impactadas, em algumas, a proximidade do confinamento tem produzido maior intimidade, em outras, maior distanciamento, maior dor, conflito e solidão.

O que nos traz segurança e cuidado individual e coletivo, também traz algumas perdas e como toda mudança gerada por uma crise, perdemos e ganhamos. Neste caso, perdemos a rotina conhecida, a sensação de controle sobre nós e sobre os eventos que estavam por vir, um controle ilusório, e essa pandemia se apressou a nos mostrar. Ter a rotina pessoal radicalmente alterada é muito ameaçador, pois esta é um importante organizador de nossa vida. Respondemos a esta perda vivenciando um processo de luto. Neste caso o luto relativo ao mundo presumido, ou seja, o mundo interno, constituído pelo sujeito, como verdadeiro, acerca do que ele conhece, sabe ou pensa de seu passado, presente e futuro e que é significativamente impactado em uma crise, especialmente com as dimensões da que estamos vivendo, Parkes(2009), Luna e Moré(2019). O trabalho, faculdade, escola, compromissos, lazer, encontrar os amigos, abraçar os pais, tudo ficou em suspenso, mobilizando inúmeras reações: incredulidade, medo, raiva, tristeza e frustração. Estas reações são naturais no luto, perdemos coisas que são muito importantes para nós e reagimos emocionalmente a estas perdas.

Além disso, o vírus visto como inimigo invisível não está tão invisível, ele se hospeda no nosso semelhante e é isto que nos assusta e nos causa pânico e medo. O inimigo passa ser o outro e este passa a ser a ameaça personificada. Alguns comportamentos estão sendo observados como: pessoas sendo insultadas nas ruas, profissionais da saúde ameaçados, por serem potencialmente agentes de transmissão da doença. Cabe a reflexão, por que, e a quem estamos atacando? Se isto ocorre no espaço público, podemos imaginar o que acontece no privado. Perdemos o que de mais sagrado defendemos e necessitamos: o nosso reconhecimento no outro porque este passou a ser uma ameaça a nossa própria vida. Isto precisa ser encarado de frente   e não deixa de ser o risco de morte social dos afetos, dos contatos, das proximidades, das gentilezas e de tantos outros sentimentos.

O respeito às pessoas deve vir em forma de cuidado com o outro, para que não sejamos veículos de contágio do vírus e de indiferença e intolerância. A expressão “estamos todos em uma tempestade e os estragos serão diferentes dependendo de que condições temos para nos abrigar” exemplifica bem esta questão. Talvez aí resida uma das maiores representações deste luto que precisa ser vivenciado e ressignificado de forma ampla, nos níveis cognitivo, interpessoal e social para que nos permita sair desta pandemia aprendendo e efetivamente nos transformando como seres humanos.

Reconhecer e identificar por que estamos mais ansiosos, irritados, intolerantes, introspectivos, (in) sensíveis, isolados, com medo e em outros momentos mais produtivos, focados em aprender algo novo, motivados para organizar as atividades acadêmicas ou de trabalho, desejando sair e ver pessoas, mais alegres e confiantes, é uma parte importante do processo de auto-observação e de autoconhecimento que as crises também proporcionam. Estas oscilações são esperadas dentro deste contínuo e precisam ser expressas e compreendidas. O Processo Dual do Luto, proposto por Stroebe & Schut (1999, 2001) indica que esta oscilação, tanto de sentimentos quanto comportamentos é necessária para que o processo de luto avance e a perda possa ser integrada a nossa vida e essa possa avançar.

Ficar triste, assustado e desanimado em alguns momentos e em outros esperançoso e confiante é esperado e desejável, como um pêndulo que se move entre dois polos, um voltado para a perda (dor, tristeza, sofrimento) e outro voltado para a restauração (transformar a dor em ação, descobrir novos interesses e criar, por exemplo). Dar sentido a perda é necessário e permite aprender com a mesma, passando o enlutado de vítima a sobrevivente, como traz Worden (2013).

O “ficar em casa” tem também colocado luz sobre um potente sentimento, a solidão. É necessário diferenciar entre estar só e estar solitário. Estar só significa estar desacompanhado de outras pessoas é a realidade de muitas pessoas atualmente. Estar sofrendo de solidão abarca estar triste, desamparado, afastado de relações íntimas, significativas e próximas que possam ser suporte nos diferentes momentos da vida, assim como, a pessoa não se perceber como uma boa companhia para si mesmo, mesmo na companhia de outros. A solidão tem várias faces, uma delas nos mostra a dor produzida pelo contato mais íntimo consigo mesmo e com algumas das questões pessoais que são difíceis de lidar e no cotidiano não são olhadas, pois temos outras demandas, geralmente externas como do trabalho, estudos, outros. Estar confinado “consigo mesmo” pode ser uma dolorosa experiência, mas que também pode ser transformadora, com o apoio e suporte adequados.  Desencadeando a experiência do autoconhecimento, do mergulho em nós mesmos na busca de reconstrução de sentidos e significados de vida.

E as perdas por morte? As despedidas e o suporte dispensado por familiares e amigos no final de vida, que permite a esses seguir o processo natural de luto, não são permitidos, pois os rituais de despedidas também se tornaram de risco.  Enxergamos e testemunhamos quase que a barbárie humana em que pessoas são enterradas em covas comuns e nesta hora derradeira, são privadas de uma despedida digna, literalmente despidas de sua identidade individualizada. Sofrem os que morrem, sofrem os que sobrevivem, sofremos todos que assistimos, mesmo que não tenhamos perdido ninguém próximo. Todos somos impactados, todos fazemos parte dos afetados pelos eventos desencadeados pelo COVID-19. Falar sobre isto é importante, assim como é fundamental identificar o que isso nos produz e como vamos processar e seguir a diante.

As determinações vividas de forma intensa nestes últimos meses terão sérios impactos nas nossas vidas daqui para frente. Nesta difícil tarefa de elaborar perdas, que saibamos ressignificar as nossas vidas e as   vidas de todos que fazem parte de nossas redes de relações. Não podemos assistir como mero espectadores porque somos sujeitos desta   construção histórica e os principais   envolvidos. Como podemos nos posicionar frente a tudo isso de desenvolver nossa resiliência? Como elaborar o luto de tudo o que perdemos neste período? Com tudo isto, estamos construindo a experiência de viver em uma sociedade enlutada com muitos sentimentos de perdas a serem elaborados:  perdas de vidas humanas, perda da liberdade de ir e vir, perda do direito de sermos, perda do direito de nos manifestarmos, perda do direito ao lazer, perda de direitos essenciais como trabalho, saúde, educação, entre tantos outros. Perda do conhecido e do que julgávamos ter sob controle e medo do desconhecido e da morte. O desafio é vivenciar esse processo de luto como uma oportunidade de mudança, que pode ser difícil em muitos momentos, mas transformadora em sua essência.

Saiba mais: Centro de apoio discente da PUCRS segue com atendimentos online

Leia também: Cuidados com a saúde mental em tempos de isolamento social

Webinar Rede Marista-cardA Rede Marista Internacional de Instituições de Educação Superior promoverá no dia 14 de maio, às 14h, o webinar Cenários e Oportunidades para a Rede Marista Internacional de Instituições de Educação Superior. O encontro virtual acontecerá na plataforma Zoom, acessando este link.

A abertura será conduzida pelo Ir. Luis Carlos Gutiérrez, Vigário Geral do Instituto de Irmãos Maristas. Em seguida, três convidados abordam temáticas relacionadas ao ensino superior no momento atual de pandemia:

Organização acadêmica em tempos de pandemia: Construindo possibilidades: Prof. Dra. Adriana Justin Cerveira Kampff – Diretora de Graduação na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) – Brasil.

As IES Maristas no contexto pós-pandemia: Cenários e perspectivas: Prof. Dr. Ir. Marino Latorre Ariño – Diretor da Escola de Pós-Graduação da Universidad Marcelino Champagnat (UMCh) – Peru.

Percursos para Graduação Online: Compartilhando experiências: Prof. Dr. Vidal Martins – Vice-Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)  – Brasil.

Sobre a Rede Marista Internacional de IES

A Rede Internacional Marista de Instituições de Ensino Superior integra 27 instituições espalhadas pelo mundo, em países como Austrália, Argentina, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, Quênia, México, Peru e Timor Leste. A rede busca, desde 2004, criar conexões multidirecionais em comunicação interinstitucional entre as universidades maristas. O Pró-Reitor de Graduação e Educação Continuada Ir. Manuir Mentges foi eleito, em 2019, presidente do Comitê Gestor da rede.