Institucional

“Brasil é um dos países mais desiguais”, diz Piketty

sexta-feira, 29 de setembro | 2017

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Foto: Luiz Munhoz/Fronteiras do Pensamento

“Ainda pouco sabemos sobre a desigualdade, é preciso mais transparência”. Esta foi uma das frases iniciais da palestra do economista francês Thomas Piketty, autor do best seller “O capital no século XXI”. A apresentação ocorreu na última quinta-feira (28), durante o ciclo Fronteiras do Pensamento, no Auditório Araújo Viana, em Porto Alegre.

Brasil desponta na desigualdade 

Apesar de não constar no seu livro, o economista ampliou a sua pesquisa sobre desigualdades para países como Brasil, África do Sul e Índia, além do Oriente Médio. Baseado em dados como da World Wrath & Income Database, no período de 2001 a 2015, o Brasil, apesar de ser “um dos mais desiguais no mundo”, teve uma leve melhora em relação a situação dos mais pobres. “O aumento do salário mínimo e o Bolsa Família foram alguns fatores que contribuíram. Em contrapartida, a classe mais rica teve maior participação, chegando a 28% da renda total do país”, explica. Para o economista, as reformas tributárias, principalmente com o imposto progressivo e um novo sistema de heranças, precisam ser analisados urgentemente.

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Foto: Luiz Munhoz/Fronteiras do Pensamento

Diferentes rumos das grandes economias 

Piketty fez uma análise histórica da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, que tomaram caminhos opostos. Após a 1ª e 2ª Guerras Mundiais, houve uma estabilidade nas desigualdades nos anos 1950 a 1970. No entanto, a partir do governo Reagan, nos anos 1980, os americanos tiveram uma grande mudança de comportamento, desfavorecendo os mais pobres. “De acordo com os economistas americanos, muito se deve a globalização. Eu acredito em outros fatores. O acesso às universidades, que está mais restrito. O expressivo crescimento de salários de executivos de alto escalão. E as quedas da força dos sindicatos e da participação das pessoas de baixa renda”, comenta. Na Europa, a discrepância entre as classes foi menor. Segundo o economista, ainda existe uma grande lacuna na meritocracia e a transparência às informações são essenciais. “Desta maneira, a sociedade pode pressionar o governo por meio de metas viáveis”, frisa.

Preocupação com nacionalismo  

A ascensão de práticas nacionalistas é algo preocupante, apontou Piketty. A eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, e a saída do Reino Unido da União Europeia (intitulado Brexit) são reflexos da desigualdade. Para ele, a frustração com a política não pode ser usada para culpar grupos minoritários. “É preciso reorganizar o sistema tributário de modo a fazer com que a população com menos condições financeiras não tenham que arcar com as mesmas taxas dos mais ricos”, analisa.

Civilização

A temporada 2017 do projeto Fronteiras do Pensamento tem como tema Civilização – a sociedade e seus valores. Com parceria cultural da PUCRS, o evento traz a Porto Alegre, até o mês de dezembro, conferencistas internacionalmente reconhecidos para abordar a busca por reconstrução, consciência e resgate de valores.

 

 

 

 

 

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