09/02/2021 - 08h45

Pesquisadores da PUCRS participaram de estudo sobre a origem floral do mel branco

Estudo pode auxiliar na preservação das abelhas guaraipo e da planta carne-de-vaca, espécies nativas ameadas de extinção no Rio Grande do Sul

mel branco, abelhas

Operaria de guaraipo sobre pote natural com mel branco / Foto: Fernando Dias

Uma pesquisa desenvolvida pela Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul em parceria com pesquisadores da PUCRS e de outras três universidades identificou a origem floral do mel branco, característico do município de Cambará do Sul.
Os pesquisadores analisaram as plantas com flores utilizadas no período de armazenamento do mel nas colmeias e compararam com amostras do doce produzido por cinco espécies de abelhas sem ferrão (guaraipo, manduri, mandaçaia, mirim-guaçú e mirim-emerina).

O estudo demonstrou que a planta nativa carne-de-vaca (Clethra scabra) foi predominantemente usada para a produção de mel branco pelas abelhas sem ferrão. Dentre as amostras, o mel das abelhas guaraipo (Melipona bicolor schencki), espécie nativa da Mata Atlântica, continha a maior proporção de pólen de carne-de-vaca. Os microscópicos grãos de pólen encontrados no mel são uma pista preciosa para rastrear as flores que as abelhas visitaram para obter o néctar para a elaboração do mel.

Leia também: Estudo mostra o impacto de agrotóxicos no desenvolvimento das abelhas

Preservação é essencial

mel branco, abelhas

Flores de carne-de-vaca, a planta do mel branco / Foto: Betina Blochtein

De acordo com Betina Blochtein, professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e coautora do estudo, a pesquisa pode auxiliar na preservação das espécies nativas, uma vez que tanto as abelhas guaraipos quanto a planta carne-de-vaca estão ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul. “Este estudo pode ser usado para fomentar a desejada combinação de conservação da biodiversidade com sustentabilidade regional. Ou seja, protegendo as espécies ameaçadas de extinção pode-se aumentar e valorizar a produção e comércio do mel branco”, destaca.

A professora também explica que as abelhas guaraipos estão ameaçadas porque constroem seus ninhos em ocos de árvores de grande porte, que são cada vez mais raras. Outro fator importante de ameaça é a coleta predatória de ninhos da abelha para comércio e obtenção de mel.

Mel branco possui características específicas

Os méis são classificados de acordo com a cor, aroma e o sabor. Estas características são determinadas pela origem floral, pois o néctar e o pólen variam nas diferentes espécies de plantas. “Este mel de Cambará, produzido pela guaraipo, é incolor e quando exposto ao frio cristaliza com uma granulação fina e coloração bem clara, por isso a denominação de mel branco”, explica Betina. Além da coloração específica, o mel branco também possui sabor delicado e aroma floral.

Leia também: Novo sistema monitora abelhas em tempo real e promove a biodiversidade

Compartilhe

Leia Mais Veja todas

Últimas Notícias

Veja todas notícias