31/10/2023 - 12h52

8 artistas negros para conhecer e se inspirar

Lista é uma homenagem a oito nomes importantes para cultura brasileira

artistas negros, martinho da vila

Martinho da Vila recebe o Mérito Cultural em cerimônia no dia 22 de novembro. / Foto: Leo Aversa

Em novembro é comemorado o mês da Consciência Negra no Brasil. O mês vai ao encontro da data, 20/11, escolhida para marcar a morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, que se tornou símbolo popular da resistência negra. Além de ser um mês para refletir sobre a condição do negro e do racismo no Brasil, novembro também é um mês de celebrar a cultura afro-brasileira. Pensando nisso, separamos oito nomes de artistas negros para você conhecer, acompanhar e se inspirar.  

1) Martinho da Vila 

O artista carioca nasceu no Duas Barras (RJ), em 12 de fevereiro de 1938. Cantor, compositor e escritor brasileiro, Martinho da Vila se dedica desde 1965 ao samba e atua há anos na Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. Lá, compôs grande parte dos sambas-enredo consagrados e colaborou para a criação de temas de inúmeros desfiles. Com mais de 50 anos dedicado à música e cultura brasileira, ele será homenageado pela PUCRS com Mérito Cultural 2023. 

Principais trabalhos: na música, lançou seu primeiro disco Martinho da Vila em 1969. Ele coleciona outros discos de sucesso como Memórias de um sargento de milícias (1971), Canta, canta minha gente (1974), Rosa do povo (1976), O Pequeno Burguês – ao vivo (2008), Rio: Só vendo a vista (2020) e muito mais. Na literatura, já lançou mais de 20 livros, dos quais se destacam Joana e Joanes, um romance fluminense (1999), Ópera Negra (2001), e A rainha da bateria (2009). 

2) Luedji Luna  

Baiana nascida em Salvador em 1987, Luedji Gomes Santa Rita é cantora e compositora de MPB e Jazz. Filha de músico, a artista começou a escrever suas canções aos 17 anos, e na época já cantava informalmente em bares de Salvador. Suas músicas retratam o preconceito racial, feminismo, empoderamento feminino, especialmente da mulher negra. Em suas músicas, Luedji também canta sobre religiões de matriz africana, ervas e costumes brasileiros oriundo da cultura africana. Em 2023, foi uma das atrações musicais do Prêmio Sim à Igualdade Racial 

Principais trabalhos: Um Corpo no Mundo (2017) e Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água (2020) pelo qual Luedji Luna foi indicada ao Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.  

3) Lucas Litrento  

O escritor alagoense foi vencedor do Prêmio Delfos de Literatura em 2019, com a obra TXOW. Lançado pela Editora da PUCRS, o livro é composto por quinze contos, que possuem inspiração no rap, na literatura brasileira e na fala cotidiana das ruas de Maceió. Ele também venceu o Prêmio Malê de Literatura, da Editora Malê, e foi finalista do Prêmio Oceanos de Literatura em 2021, organizado pelo Itaú Cultural. Além de escritor, Lucas é realizador cinematográfico e produtor cultural, estuda Jornalismo na Universidade Federal do Alagoas e integra os coletivos Mirante Cineclube e Pernoite.  

  • Principais trabalhos: o livro de contos TXOW, o zine de poesias ROBYN, sua obra de estreia Os meninos iam pretos porque iam e o curta-metragem círculos. 

Leia mais: 5 livros para conhecer escritoras negras brasileiras

4) Alcione 

artistas negros, alcione

A artista será homenageada no samba-enredo da Escola de Samba Mangueira em 2024. / Foto: Camila Cunha

Alcione Dias Nazareth é cantora, compositora e multi-instrumentista. Ao longo de sua trajetória artística, lançou mais de 30 álbuns de estúdio e nove ao vivo. É a artista por trás dos sucessos Não Deixe o Samba Morrer e Você me Vira a Cabeça. Em 2021, ela recebeu o o Mérito Cultural da PUCRS. A cantora possui uma grande relação com o Carnaval, tendo fundado, em 1989, o Clube do Samba ao lado de grandes nomes como Dona Ivone Lara, Martinho da Vila e Clara Nunes. Além disso, se tornou membro destacado da Estação Primeira de Mangueira, fundou a Escola de samba mirim da Mangueira e é presidente de honra do Grêmio Recreativo Cultural Mangueira do Amanhã.  Em 2024, ela será homenageada no samba enredo da escola.  

Principais trabalhos: os álbuns A Voz do Samba (1975), Pra que chorar (1977), Alerta geral (1978), Da cor do Brasil (1982), Fogo da vida (1985), Fruto e raiz (1986), Nosso nome: Resistência (1987), Nos bares da vida (2000) e seu último lançamento, Tijolo por Tijolo (2020).   

5) Oliveira da Silveira  

Falecido em 2009, Oliveira Ferreira da Silveira nasceu em Rosário do Sul em 1941. Em vida, foi um dos maiores intelectuais do Brasil, sendo um dos líderes da campanha pelo reconhecimento do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro. Poeta, escritor, e militante do movimento negro, Oliveira cursou Letras na UFRGS e foi na Universidade que começou a se entender enquanto homem negro. Com inspirações em Angela Davis, Martin Luther King, Louis Armstrong entre outros, suas obras buscavam refletir sobre a identidade afro-gaúcha. 

Principais trabalhos: Geminou (1962), Poemas Regionais (1968), Banzo Saudade Negra (1970), Décima do Negro Peão (1974), Praça da Palavra (1970), Pelo Escuro (1977) 

6) Elisa Lucinda  

Ela é uma poetisa, jornalista, escritora, cantora e atriz brasileira, tendo sido vencedora de um Kikito no Festival de Cinema de Gramado pelo filme Por que Você Não Chora?. Em 1998, ela fundou a instituição socioeducativa Casa Poema, que utiliza a poesia falada para capacitar profissionais na sua capacidade de expressão e formação cidadã. Além disso, tem desenvolvido o projeto Palavra de Polícia, Outras Armas, junto à Organização Internacional do Trabalho, pelo qual ensina a arte da poesia falada a policiais, buscando alinhar esses profissionais aos princípios dos direitos humanos e transformar sua forma de operar em relação a questões de gênero e raça. Em 2006, ela recebeu a Ordem de Rio Branco no grau de Oficial suplementar por méritos como poetisa.   

Principais trabalhos: possui os CDs de poesia O Semelhante, Euteamo e suas estreias, Notícias de Mim, Estação Trem – Música e Ô Danada. No cinema, atuou no filme Por que Você Não Chora?. Ela possui uma forte atuação alinhada aos direitos humanos em projetos educativos relacionados à arte da poesia falada.   

7) Seu Jorge 

artistas negros, se jorge

Em 2022, Seu Jorge atuou no filme Medida Provisória ao lado de Taís Araújo e Alfie Enoch. / Foto: Divulgação

Seu Jorge é o nome artístico de Jorge Mário da Silva, que é ator, cantor, compositor e multi-instrumentista. Ele já participou do programa No meu canto, da PUCRS Cultura. Seu trabalho mais recente é no ramo da atuação, interpretando o jornalista André no filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos. Ele foi vencedor dos prêmios Grammy LatinoMTV Video Music BrasilPrêmio Multishow, Troféu Imprensa e Melhores do Ano. No cinema, protagonizou filmes de sucesso, como Cidade de DeusTropa de Elite 2 e The Life Aquatic. Já sua carreira musical destaca-se pelos sucessos Amiga da Minha MulherMina do CondomínioBurguesinha e Carolina.   

  • Principais trabalhos: no cinema, seus principais filmes são Cidade de Deus (2002), interpretando Mané Galinha; The Life Aquatic with Steve Zissou (2004), como Pelé dos Santos; Tropa de Elite 2 (2010), com o personagem Beirada; e, mais recentemente, o filme Marighella (2021), onde é o protagonista, representando o guerrilheiro. Já no âmbito musical, destacam-se os álbuns Ana & Jorge (2005), América Brasil (2007), Cru (2004) e Músicas para Churrasco, vol. 1 (2011) e vol. 2 (2015).  

8) Arthur Bispo do Rosário  

Artista visual nascido em 1911 no Sergipe, Arthur Bispo do Rosário desenvolveu suas obras enquanto estava internado em uma instituição psiquiátrica. Em 1938, enquanto trabalhava como empregado doméstico, na casa do advogado Humberto Leone, afirmou ter uma revelação divina e, após perambular por dias, chegou ao Mosteiro de São Bento, no centro do Rio de Janeiro, encaminhado a um hospício. Sua arte foi construída de maneira improvisada: para os bordados, utilizava linhas azuis desfiadas dos velhos uniformes dos internos e para as demais realizações, eram usados objetos, como canecas, vassouras e garrafas e materiais como pedaços de madeira, arame, papel e fios de varal.

  • Principais trabalhos: suas obras não foram nomeadas, no entanto, ainda em vida o artista chamou a atenção dos apreciadores de arte e teve seus trabalhos exibidos na mostra Margem da Vida, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, embora tenha optado por não ir à exposição. Atualmente, o Museu Bispo do Rosário, na capital carioca, leva o seu nome e preserva suas obras, sendo aberto à visitação de terça a sexta-feira.   

Leia também: 5 poetas para você conhecer no Dia Mundial da Poesia 

Compartilhe

Leia Mais Veja todas

Últimas Notícias

Veja todas notícias