Laboratório de Sexualidade e Gênero recebe pacientes da comunidade LGBTQI+

Espaço de acolhimento e escuta do Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia é gratuito

11/04/2019 - 17h52
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Serviço recebe pessoas acima de 18 anos para escuta em grupo/Foto: Camila Cunha

Com 45 anos de tradição na assistência à comunidade, o Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (Sapp), da Escola de Ciências da Saúde, abre o seu primeiro Laboratório: Sexualidade, Gênero e Psicanálise. Coordenado pelas professoras e supervisoras de estágio Carolina de Barros Falcão e Luciana Redivo Drehmer, está recrutando interessados para seu grupo piloto. Pessoas com demandas de sofrimento psíquico advindas da sexualidade LGBTQI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queers, intersexuais e outros) e que tenham mais de 18 anos podem participar de um espaço de acolhimento e escuta de forma gratuita.

A pessoa passa por entrevista, quando conhece a modalidade de trabalho em grupo e a equipe clínica identifica se ela se beneficiará desse tipo de abordagem. É possível que ocorram também encaminhamentos individuais.

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Equipe de profissionais e estagiários/Foto: Camila Cunha

Os atendimentos serão realizados pelos estagiários em psicologia clínica e supervisionados pelas psicólogas responsáveis. Como ocorrerão na sala de espelhos, terão acompanhamento da equipe de apoio, que poderá intervir caso haja necessidade. Os pacientes serão informados de todo o processo. “Reconhecemos que esse público é maltratado em muitos lugares. Usaremos de todos os instrumentos para garantir uma escuta qualificada”, justifica Carolina.

A equipe busca romper com a lógica binária da cultura patriarcal. “A ideia de que os gêneros se dividem em masculino e feminino não dá mais conta da realidade. Há tantos modos de viver”, constata Luciana.

Para qualificar o atendimento, a equipe conta ainda com estudiosos do tema, como o professor Ângelo Brandelli Costa, coordenador do Grupo de Pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais do Programa de Pós-Graduação e Psicologia. “Esse será um serviço pioneiro que poderá compreender as especificidades desse público.” O sofrimento, por exemplo, nem sempre pode ser reduzido a questões de sexualidade e de gênero e o contrário também acontece, adverte o professor, exigindo que esses aspectos sejam levados em conta. “Tampouco podemos negligenciar o preconceito da família, da sociedade e da própria pessoa que traz grandes repercussões na saúde mental.”

Os alunos e profissionais se prepararam para o trabalho no segundo semestre de 2018, com estudo teórico que embasasse a atuação prática. Outra meta do grupo é produzir e disseminar conhecimento científico em Psicanálise.

Demanda

O Laboratório foi idealizado a partir do estímulo dos alunos em sala de aula e dos questionamentos teóricos a respeito das múltiplas formas de sexualidade na atualidade. A demanda por atendimentos no Sapp do público LGBTQI+ também influenciou na decisão.

Curso de extensão       

Neste semestre ocorrerá ainda o primeiro curso de extensão organizado pelo Laboratório: Dissidências Sexuais e Gêneros Plurais: a Psicanálise Revisitada pelas Subjetividades Atuais. Será nos dias 10 e 11 de maio, com o psicanalista argentino Facundo Bleschter, com notória experiência teórica e clínica no tema. Visa apresentar uma leitura psicanalítica contemporânea acerca das múltiplas expressões da sexualidade contemporâneas.

Como participar dos grupos de escuta

Quando: Quartas-feiras, às 16h, com duração de uma hora e 15 minutos

Público-alvo: pessoas com 18 anos ou mais que apresentam demandas de sofrimento psíquico e que sejam advindas das comunidades LGBTQI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queers, intersexuais e outros)

Agendamentos pelo telefone: (51) 3320-3561

Entenda melhor

Os transexuais possuem uma identidade de gênero diferente do sexo designado no nascimento.

Os queers questionam os rótulos que restringem a amplitude e a vivência da sexualidade.

Os intersexuais apresentam variações anatômicas e/ou genéticas que dificultam sua identificação como tipicamente masculino ou feminino.

 

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