Douglas Sato (E) e Jin Nakahara são parceiros em pesquisa

SaúdeFoto: Camila Cunha

Parceria com o Japão

PUCRS e Keio University desenvolvem pesquisa na área da medicina há dois anos

POR FLÁVIA POLO

 Quando duas culturas tão diferentes como a japonesa e a brasileira se aproximam, o resultado é uma rica troca de experiências. O chefe do Departamento de Neurologia da Escola de Medicina da Keio University (em Tóquio, Japão) e do Keio University Hospital, Jin Nakahara, visitou a PUCRS, o Tecnopuc e o Instituto do Cérebro do RS (InsCer). Convidado pelo neurologista e professor da Escola de Medicina da Universidade Douglas Sato, veio ver de perto o trabalho desenvolvido pela Instituição gaúcha. “Fiquei impressionado. A PUCRS é moderna, o Tecnopuc aproxima as empresas privadas dos estudantes e o InsCer é muito similar aos melhores centros de neurociências do mundo”, destaca Nakahara.

Há dois anos, Douglas Sato, por meio do InsCer, no qual atua como superintendente de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, mantém um acordo de cooperação internacional com a Keio University, uma das mais importantes e internacionalizadas universidades do Japão. Ele esteve lá para ministrar conferências e estabelecer vínculos acadêmicos de pesquisa sobre esclerose múltipla e neuromielite óptica, sua especialidade. “Hoje, a ciência e a inovação devem superar todos os muros das universidades e da distância geográfica, pois o conhecimento está sendo gerado em todo o mundo”, afirma Sato.

INTERCÂMBIO À VISTA

A vinda de Jin Nakahara ao Brasil, pela primeira vez, significa um importante passo para que o acordo existente não se restrinja apenas ao InsCer e à área médica, mas se amplie para toda a PUCRS, incluindo outras Escolas, por meio da cooperação nas áreas da Gestão Acadêmica e Internacionalização. “Gostaria de ver nossos estudantes indo a outros países. E também de receber alunos brasileiros interessados em conhecer a nossa realidade. É muito importante romper essas barreiras geográficas”, observa Nakahara.

Um dos caminhos para aproximar os dois países é por meio de projetos acadêmicos. “A vinda do professor Nakahara ajuda a consolidar a caminhada que a PUCRS faz, há bastante tempo, de ser cada vez mais mundial. E essa caminhada se faz com pesquisadores, mobilidade acadêmica e projetos institucionais que aproximem as instituições e as pessoas”, afirma o reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira.

NEUROIMAGEM MAIS EFICIENTE

189Saúde(Foto2)Em sua visita à PUCRS, Jin Nakahara também foi um dos professores no curso de extensão em Neuroimagem Avançada, coordenado por Douglas Sato. Ele abordou a técnica q-Space Myelin Map, que usa difusão para visualizar com a melhor qualidade possível a estrutura da mielina (envoltório que isola os prolongamentos dos neurônios e é essencial para a condução nervosa com alta velocidade).

Existem alguns estudos com esclerose múltipla (doença autoimune que causa inflamações focais desmielinizantes com destruição da mielina no cérebro e na medula espinhal) usando essa técnica que demonstra, de forma muito efetiva, a remielinização de lesões (recuperação da bainha de mielina), aspecto que outras modalidades de ressonância magnética não conseguem com a mesma eficiência.

A esclerose múltipla afeta predominantemente adultos jovens, podendo provocar perda de força ou coordenação motora, alterações visuais, perda de sensibilidade, fadiga e incontinência urinária.

A técnica, aplicada no Japão, tem sido também utilizada nas pesquisas da PUCRS conduzidas por Sato. “O InsCer é o único centro no Brasil que tem pacientes avaliados com esta tecnologia. Fazemos questionamentos diferentes do que o grupo da Keio University está fazendo, gerando uma forte parceria. Estamos realizando um estudo inédito sobre a capacidade de recuperação da bainha de mielina em crianças com lesões cerebrais desmielinizantes”, afirma. O próximo passo é organizar, até 2020, uma missão até o Japão para visitar a Keio University.

Quem é Jin Nakahara

O neurologista Jin Nakahara é o mais novo professor que assumiu um cargo diretivo como chefe do Departamento de Neurologia da Escola de Medicina da Keio University e do Keio University Hospital. Aos 40 anos, também é vice-diretor do Keio University Global Research Institute, associado à universidade, que produz pesquisas na área neurológica. Trabalha de forma intensa e integrada com especialistas ao redor do mundo. É referência na área de doenças desmielinizantes como a esclerose múltipla e possui diversos projetos na área de neurorregeneração.