Os sócios: Christian Quevedo (E), Douglas Souza, Rodrigo Barros e Jônatas Wehrmann

TecnologiaFoto: Camila Cunha

O futuro começa aqui

Teia Labs, startup do Tecnopuc especializada em inteligência artificial, é selecionada para programa da Samsung

Até mesmo os mais céticos podem concordar: a inteligência artificial (IA) é o futuro – ou, ao menos, pode fazê-lo chegar mais rapidamente. Seja em tramas de filmes ou em projetos de empresas mais ousadas, a tecnologia que revoluciona o uso da informação ganha espaço e promete mudar a maneira com que vemos o (e somos vistos pelo) mundo – de dispositivos que reconhecem pessoas em uma imagem até robôs capazes de se autoaprimorarem.

Quem pretende seguir nessa linha é a startup Teia Labs, instalada no Tecnopuc e formada pelo professor da Escola Politécnica Rodrigo Barros, pelo doutor pela PUCRS em Ciências da Computação Christian Quevedo e pelos alunos de doutorado e mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Computação Jônatas Wehrmann e Douglas Souza. Criada a partir das pesquisas de um grupo de estudos da pós, a empresa é especializada no desenvolvimento de soluções de IA e aprendizado de máquinas para cidades inteligentes. Mas, mais do que isso, é a primeira startup do Rio Grande do Sul com foco na criação de tecnologias inovadoras, baseadas no estado da arte da visão computacional e da inteligência de máquina.

O pioneirismo rendeu ao grupo um prêmio de R$ 250 mil no Programa de Aceleração da Samsung, realizado em parceria com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Foram apenas 15 empresas escolhidas em meio a 380 startups brasileiras. A Teia Labs é a única gaúcha da lista. Além do valor em dinheiro, as empresas selecionadas foram convidadas a inserirem seus projetos em uma das incubadoras e aceleradoras credenciadas pelo programa em todo o território nacional. Também recebem mentoria e conexões com os programas de negócios da Samsung. Para o professor Barros, o reconhecimento é a prova de que o grupo está no caminho certo. “Poderemos utilizar o valor para investir em equipamentos e aprimorar o sistema de reconhecimento facial baseado em redes neurais que desenvolvemos”, complementa.

A empresa é especializada em soluções de IA para cidades inteligentes

FOTO: DIVULGAÇÃO/SONGDO CORÉIA DO SUL

Tecnologia e mercado

O anúncio veio durante a 27ª Conferência da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores, no Rio. A escolha foi feita por uma banca composta por executivos e especialistas da Samsung, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Anprotec e das incubadoras apoiadas pelo programa. O projeto tem como objetivo proporcionar o aprimoramento tecnológico e mercadológico de produtos e serviços.

“Teremos acesso a ativos, tecnologias, laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, treinamentos, assessorias, mentorias, networking e redes de investidores, além de toda a infraestrutura e serviços tradicionalmente oferecidos pela Anprotec e sua rede de incubadoras, aceleradoras e parques tecnológicos”, enumera Barros.

O professor diz que a meta da empresa é contribuir para o desenvolvimento das cidades por meio da tecnologia. “A inteligência artificial é capaz de enxergar, ouvir e ler. Hoje é possível fazer um resumo de texto sem ler uma palavra ou reconhecer o rosto de um criminoso foragido que esteja caminhando pela cidade. A máquina faz isso. E podemos usar isso ao nosso favor”, complementa.

A escolha de inserir a Teia Labs na Raiar foi uma estratégia para unir o conhecimento gerado na academia ao ecossistema inovador do Parque Científico e Tecnológico da Universidade. “Provamos que é possível participar desse movimento empreendedor, tão valorizado atualmente, criando empresas baseadas em tecnologia de ponta”, afirma.

Aprendizagem profunda

Agora, o desenvolvimento do carro-chefe da startup acaba sendo facilitado. O software é baseado em inteligência artificial e deep learning (aprendizagem profunda, ou seja, um conjunto de algoritmos que tentam estabelecer padrões para um alto nível de dados) e torna possível o reconhecimento facial com aplicação em controle de acesso e monitoramento inteligente.

Ou seja, para liberar a entrada de uma pessoa em um ambiente restrito, usa-se uma câmera. Por meio do software, ela capta a imagem e associa às existentes no banco de dados, liberando ou não a entrada. O produto tem possível aplicação em diversos mercados, como segurança privada (shoppings, bancos e demais empresas privadas) e cidades inteligentes (transporte público, museus, etc.).

No futuro, a equipe pretende aproveitar os benefícios do programa para aprimorar o produto, aplicando os recursos na compra de equipamentos que façam o processamento dos algoritmos. Já contam com, pelo menos, três oportunidades de contratos que podem abranger todo o território nacional. Em breve, pretendem iniciar a venda do produto – e continuar inovando.