Ariadine (E) e Vera têm paixão por maquetes

Sou PUCRSFOTOS: CAMILA CUNHA

Arquitetura em família

Avó e neta são colegas de aula no curso de Arquitetura

Ariadine ingressou na PUCRS em 2016, por meio do Enem, vinda de outra instituição. Inicialmente, seguiu no curso de Química, mas logo viu que sua paixão estava na Arquitetura e, no semestre seguinte, mudou de curso, dando vazão a sua veia criativa. Vera decidiu voltar a estudar depois de 20 anos e, incentivada pela nora, prestou Enem, ingressou no curso de Ciências Sociais e hoje é estudante de Arquitetura, potencializando suas habilidades. Além da criatividade, da paixão por maquetes e pelo curso de Arquitetura, elas compartilham o sobrenome Brisda: são neta e avó, colegas em sala de aula.

Sempre que podem, fazem trabalhos e estudam para provas juntas. Mesmo quando a entrega é individual não falta apoio e motivação. “Eu tenho dificuldade na parte de História e, como a vó estudou Ciências Sociais, ela me ajuda. Já em Desenho e computador, sou eu que ajudo”, conta Ariadine. “Nos completamos”, afirma Vera. Com 24 e 65 anos “bem vividos”, as duas são companheiras de curso, já moraram juntas, vão a barzinhos com a turma e até se aventuraram em uma parceria de negócios. Quando Vera trabalhava com lembranças de festa, a neta ajudava a criar modelos. Por um período, produziram bolsas, chaveiros, niqueleiras e jogos de cozinha para vender.

Neta e avó desenvolveram dois projetos para disciplinas diferentes de paisagismo, um para residência e outro para a Praça Padre Nebrídio Bolcato, próxima à PUCRS. Nem sempre concordam, mas argumentam e chegam a um consenso. Vera se diz mais tradicional, enquanto Ariadine tem ideias modernas. “Ela tem uma visão mais ampla do todo e me traz novos horizontes. Está aflorando em mim as coisas com as quais tenho mais dificuldade de lidar”, conta a avó, que confessa ceder mais vezes. Depois de prontas as maquetes, fazem uma  exposição” para a família, mostram também os desenhos e admiram a criação antes de desmontar para reutilizar os materiais.

APOIO EMOCIONAL

A Arquitetura foi amor à primeira vista para Ariadine, que logo identificou no curso a oportunidade para avó desenvolver seu potencial criativo. “Tanto falou que era a minha cara, que decidi pedir transferência e foi surpreendente”, conta Vera, que gosta de lidar com materiais de construção e não vê problemas em mudar as paredes da casa de lugar sempre que achar necessário. “Me vejo no meio da obra”, conta Vera, que trabalha como costureira. “E mandando em todo mundo”, brinca a neta.

Já Ariadine ainda está explorando as possibilidades da profissão e pensa em ser professora. “Aprendo muito quando ajudo os outros, e gosto disso. Toda vez que a vó tem uma dificuldade, eu aprendo mais ainda, porque busco maneiras de trazer para o mundo dela. Quando ensino, isso me ajuda a internalizar mais o conhecimento”, avalia.

O apoio se estende da sala de aula à família. Quando muitos não entendem o quanto a carga de estudos de Ariadine é grande – fazendo atualmente 11 disciplinas – a avó a defende. Além disso, servem de motivadoras uma da outra. A neta diz que Vera é “certinha” e nunca falta às aulas. Se não vai à Universidade algum dia é porque realmente esteve impossibilitada. E não deixa a neta faltar. “Nunca vou desistir. Tenho 65 anos e não tenho a intensão de desistir. Posso ainda estar aqui com 80 anos, mas vou me formar”, garante Vera. “E como eu posso desistir tendo um exemplo desses?”, diz Ariadine.

SEGUNDA CASA

As bolsistas do ProUni comemoram a oportunidade de estudar na PUCRS e reconhecem a qualidade da infraestrutura e excelência do corpo docente. Destacam a diversidade de espaços, com ambientes silenciosos e outros mais movimentados. São encantadas com a Biblioteca, que tem tudo o que procuram, e sempre que podem participam de eventos na Rua da Cultura.

Ao falar dos professores, Ariadine diz se sentir acolhida, como se estivesse em casa. “Eles têm interesse nos alunos. Quando passei por um momento difícil, perguntavam por mim quando faltava aula, ofereciam ajuda e foram muito compreensivos. Percebi que ali estava o ser humano e não apenas o professor”, lembra. Para Vera, a experiência na Universidade é mais positiva do que poderia imaginar, com reciprocidade da “meninada” – muitos a chama de vó. “Fez uma grande diferença na vida, mudou minha forma de pensar e ganhei mais  sabedoria, elevou minha alma”, finaliza.