Escrito por Maria Firmina dos Reis, é considerado como obra inaugural da literatura afro-brasileira
Capa do livro Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, editado pela Editora Taverna / imagem: Editora Taverna
Nesta semana, começa o grupo de leitura Ateliê PUCRS Cultura – Literatura Negro-Brasileira: ontem, hoje e amanhã, conduzido pelo professor e escritor Tônio Caetano. O primeiro livro a ser discutido é Úrsula, publicado em 1859 e escrito por Maria Firmina dos Reis – mulher negra nascida no Maranhão.
O livro fala da trágica história de amor entre os jovens Úrsula e Tancredo, que, mesmo apaixonados, encontram dificuldades para concretizar sua união. Em meio a essa trama ultrarromântica, a obra apresenta uma abordagem crítica à escravidão, ao dar voz e agência a personagens escravizados. É um texto que assume relevância em diferentes aspectos: além de ser considerado obra inaugural da literatura afro-brasileira, é um dos primeiros romances de autoria feminina do Brasil.
(…) ela calou-se, e as lágrimas, que lhe banhavam o rosto rugoso, gotejaram na terra.
Tulio ajoelhou-se respeitoso ante tão profundo sentir: tomou as mãos secas e enrugadas da africana, e nelas depositou um beijo.
A velha sentiu-o, e duas lágrimas de sincero enternecimento desceram-lhe pela face: ergueu então seus olhos vermelhos de pranto, e arrancou a mão com brandura e elevando-a sobre a cabeça do jovem negro, disse-lhe tocada de gratidão:
— Vai, meu filho! Que o Senhor guie os teus passos, e te abençoe, como eu te abençoo.
( trecho de Úrsula, de Maria Firmina dos Reis )
A atual edição do grupo de leitura do Ateliê PUCRS Cultura tem como objetivo debater a escrita de autoria negra, trazendo uma seleção de livros com olhares diversos sobre a questão racial e as questões de classe e gênero brasileiras. As vagas para participar já estão esgotadas, mas você pode acompanhar a programação através das páginas oficiais da PUCRS Cultura.
