Tempo de encontros e encantos

Confira o artigo do reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira, publicado no Jornal Zero Hora

31/12/2021 - 15h26

Foto: Camila Cunha

Que travessia inédita esta de 2021! Mais um ano fechando as cortinas do grande teatro do mundo e uma nova aurora se iniciando. É voz corrente que o ano passou de pressa demais, como se os anos estivessem se encurtando, escapando de nós como água entre os dedos, com aquela sensação, causa de tantas ansiedades, que não somente somos mortais, como também imolados no altar implacável e na “liturgia” do deus Kronos.

Há uma expressão latina bastante usual: tempus fugit! O tempo nos escapa, ou, o tempo voa. Essa expressão aparece na obra do romano Virgílio: “Sed fugit interea fugit irreparabile tempus – traduzindo – “ Mas ele foge: irreversivelmente o tempo foge“. Sim o tempo nos escapa, mas a vida não dorme e não espera. A sabedoria latina tem em Sêneca outro grande expoente. Ele dizia que a vida tem três etapas: o que foi, o que é, o que há de ser. Diz ainda o filósofo: o tempo que nos é concedido é breve. Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida. Uma jornada feita de encontros, encantos e estupores. De certo modo, e na sua devida proporção, todos nos sentimos representados no sonho de Jacó diante da Escada, metáfora que faz a memória da ligação indestrutível, mesmo que imperceptível, entre o céu e a terra, o divino e o humano. E que todo itinerário, assim como a escada, é feito de subidas e descidas, onde somos chamados a descobrir os encontros e os encantos.

Portanto, se eu pudesse propor algo para o porvir, para além dos “gurus” e “pitonisas” de plantão, das “profecias” políticas e econômicas que cada ano traz, eu colocaria a compaixão – sem vitimismo – como chave de leitura para 2022. A  compaixão reconhece o outro como um próximo –e como dom – por meio de uma ternura benevolente. Se a dor e o sentimento do outro não nos toca, algo está errado. Pense nisso e se proponha a viver um “bom ano”, de confraternização universal! Que não passe inexorável como todos os outros, mas que seja novo, único, irrepetível, vivido menos com as batidas do relógio e mais com as batidas do coração.


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