SXSW EDU 2022: sinais de um futuro que já chegou 

Representantes da PUCRS relatam sobre suas experiências no maior evento de educação e criatividade do mundo 

11/03/2022 - 16h27

Foto: arquivo pessoal

O retorno presencial do maior evento de inovação, criatividade e tecnologia do mundo relacionado à educação mostra alguns sinais de um futuro que já chegou. Em linhas gerais, os temas do SXSW 2022, tanto no segmento educação quanto no de tecnologia e no festival no seu conjunto, envolvem desde a descoberta do ainda não conhecido até a construção de um futuro sustentável, as conexões que nos unem globalmente, os cenários complexos das mídias em transformação e o poder da inclusão e respeito à diversidade. 

Especificamente com relação à primeira parte do evento, o SXSW EDU, com foco na educação e as suas interfaces com a inovação, com as novas tecnologias e com a criatividade emergem tendências muito claras. Neste sentido, é uma espécie de imersão no futuro, pessoas de todas as tribos e formações discutindo o futuro da educação sob a perspectiva das novas tecnologias e da criatividade. 

Do ponto de vista tecnológico, neste ano os destaques estão na Inteligência Artificial, na Realidade Virtual, na Realidade Aumentada e no Neurofeedback. Em especial nas apresentações e nas edtechs (startups da área de educação), essas tecnologias são claramente uma realidade, com muito a evoluir ainda, mas com diversas aplicações já operacionais, em todos os níveis de ensino (do ensino básico, ao ensino superior e treinamento profissional). Foram apresentadas e discutidas diversas possibilidades de uso destas tecnologias para atuar, em especial, nas áreas de saúde e bem-estar mental, burnout, e aprendizagem de aspectos comportamentais e relacionais. 

Foto: arquivo pessoal

Já na criatividade, muitas experiências e propostas de modelos e abordagens na área de design thinking e busca de maior engajamento e empatia dos atores. As reflexões com relação à empatia nas fases de exploração e insights do processo criativo foram muito interessantes, com workshops específicos bastante pertinentes. 

Na inovação, as discussões foram sobre disrupção, os ambientes híbridos – considerados inevitáveis e acelerados a partir da crise sanitária global que ainda vivemos – e o papel dos ecossistemas. Aqui podemos inserir um conceito derivado da orquestração dos ecossistemas de inovação, que envolve a gestão de comunidades, mas aplicadas à aprendizagem e focadas em comunidades aprendentes. Outro aspecto envolve temáticas instigantes como blockchain e NFTs (Non Fungible Token) e como incorporar estas tecnologias (blockchain) e novos modelos de negócios (NFTs) na área de educação, em especial na gestão e na captação de recursos, como novas fontes de monetização no segmento educacional a partir de um ativo digital. A educação no metaverso foi debatida e muitos insights apresentados, sendo uma área ainda em fase exploratória, com muitas dúvidas e críticas, ao que estar por vir na área de educação (muito desta instabilidade parece estar baseada na falta de conhecimento do que significa o metaverso e NFT, por exemplo). 

Aprendizagem foi tema de destaque 

Do ponto de vista da educação, em linhas gerais, a questão da aprendizagem se destaca, envolvendo análises nas interfaces das ciências humanas, sociais e neurociências. Também a questão dos softskills como uma competência básica e transversal para todas as áreas do conhecimento, assim como as interessantes discussões sobre reskilling, como fator direto de qualificação ao longo do tempo, uma perspectiva da tradicional visão do long life learning, repaginado para a pós-pandemia. Outro antigo tema que volta à discussão a partir da profusão de tecnologias rompedoras (inovação disruptiva) é o estudante como o centro do processo de ensino e aprendizagem e da educação. Essa preocupação traz de volta a questão da recuperação do Joy of Learning, também repaginado para os novos tempos. 

De tudo o que foi visto e discutido, pairam as preocupações com relação à inclusão, o respeito à diversidade, a solidariedade e a responsabilidade social em um mundo em transformação. Vivemos um período de transição de paradigma (em uma visão mais tradicional) ou mudança disruptiva na educação, fortemente impulsionada pelas novas tecnologias (tecnologias rompedoras), que viabilizam e aceleram as transformações. 

Foto: arquivo pessoal

Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, entende que “sem dúvidas, o que foi apresentado e experimentado no SXSW EDU nesta semana em Austin mostra que já estamos em pleno momento de transição para um novo paradigma do ponto de vista tecnológico na área de educação. O crescimento e os investimentos de edtechs e as novas aplicações usando tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Neurofeedback e Realidade Virtual (VR) são um belo exemplo do que o futuro nos espera. Um futuro que já se fez presente em aqui Austin, nesse SXSW EDU 2022”. 

O reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira, após a primeira experiência participando de um evento deste porte na área de inovação e criatividade, afirma que “das reflexões mais importantes, parece claro que precisamos, como sociedade, de um novo Pacto Global pela Educação, um novo Contrato Social de Educação, que recupere o conceito de uma antropologia integral, desde a transformação social. Precisamos de um novo acordo social global que oriente a educação de um mundo em profunda transformação. Que promova valores universais”. 

A educação nasce de uma imagem de futuro. Somos parte uma comunidade aprendente onde a colaboração, a solidariedade e a responsabilidade social devem nortear nossas ações. O grande aprendizado que poderíamos tirar desta edição do SXSW EDU 2022, que nos mostrou sinais de um futuro em construção, é que se apenas nos preocuparmos com o presente e com as novas tecnologias, nas mãos de quem estaremos deixando o futuro das próximas gerações? Mais do que nunca precisamos refletir juntos/as para construir este futuro, onde a educação é a base de um futuro melhor para todos.

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