Racismo e desigualdade foram assuntos de bate-papos da 13ª FestiPoa Literária

PUCRS é uma das apoiadoras do evento que aconteceu entre os dias 13 e 17 de maio

18/05/2021 - 08h00
Evento acontece de 13 a 17/5

PUCRS apoiou dois bate-papos na XIII FestiPoa Literária.
Foto: divulgação

A 13ª FestiPoa Literária aconteceu entre os dias 13 e 17 de maio. A PUCRS fez parte do grupo de apoiadores do evento e promoveu dois bate-papos, que foram transmitidos nos canais de YouTube da PUCRS e da FestiPoa, onde estão disponíveis para acesso. O evento teve a participação de nomes como Antônio Pitanga, Criolo, Jeferson Tenório e Sérgio Vaz, um dos dois homenageados dessa edição do festival, que também homenageia Ana Maria Gonçalves. 

O primeiro bate-papo com o apoio da PUCRS foi transmitido no dia 15 de maio e recebeu o ator Antônio Pitanga e o doutorando da PUCRS e patrono da última Feira do Livro de Porto Alegre, Jeferson Tenório. A mediação foi da jornalista Fernanda Sousa.  

A abertura da programação abordou o 13 de maio, data que marca a abolição da escravatura pela Princesa Isabel, em 1888 e que é bastante debatida dentro do Movimento Negro. “A questão do negro já vem marcada, tatuada na alma de cada negro e de cada negra que nasce”, diz Pitanga sobre o tema, acrescentando que não é uma data a ser comemorada e, sim, motivo de reflexão. O ator também relembra sua origem na Bahia, local que teve um grande fluxo de escravos, pois Salvador foi capital do país.  

Jeferson Tenório e Antônio Pitanga / Fotos: Carlos Macedo e Divulgação.

Pitanga ainda faz críticas à historiografia tradicional, que exclui, muitas vezes, a história do povo negro. Já Jeferson Tenório ressalta que para os escritores negros o acesso à educação e à escrita sempre foi muito mais difícil, trazendo como exemplo Carolina Maria de Jesus que escreveu seu conhecido diário enquanto passava fome.  

Já sobre a questão de adaptar o discurso, Antônio Pitanga falou que escreve para o povo e acrescentou:  

“Eu não quero fazer discurso para brancos, eu quero falar com meu povo, com a minha família” 

Esse tópico muito se relaciona com o que foi debatido no segundo bate-papo apoiado pela PUCRS, que recebeu o cantor Criolo e o poeta homenageado, Sérgio Vaz. Com mediação de Luna Vitrolira, a transmissão aconteceu no dia 16 de maio.  

Na ocasião, o poeta chegou a falar que não queria escrever para a periferia e sim com a periferia. Vaz é organizador do Sarau da Cooperifa, um evento que visa levar cultura, principalmente música e literatura, às periferias. Foi, inclusive, em um desses saraus que os dois participantes do bate-papo se conheceram. A relação de amizade entre eles foi outro assunto que pautou a conversa.  

Criolo e Sérgio Vaz / Foto: Tino Monetti e Jairo Goldflus

Criolo contou que na primeira vez que os dois se encontraram não sabia que eles seriam próximos, trazendo, de maneira poética, a ideia de que conhecemos muitas pessoas que vamos amar, mas não sabemos o quanto amaremos elas. O músico ainda falou que a trajetória de quem nasce na periferia, assim como a dele e de Vaz, inicia com um pai e uma mãe que fazem de tudo para seus filhos virem para o mundo, e salienta que: 

“A trajetória tem início todo dia, porque a gente morre todo dia, mas nossas trajetórias também se renovam”  

Sérgio Vaz, uma vez escreveu uma das frases preferidas de Criolo“Enquanto eles capitalizam a realidade, eu socializo os meus sonhos” e a questão de sonhar foi outro assunto muito abordado no bate-papo, no qual Vaz afirma que, para jovens como ele, nunca foi permitido sonhar, mas que ele sonhava sem saber que era sonho.  

Para conferir os bate-papos Literatura, pão e poesia: Criolo e Sérgio Vaz e Personagens no cinema e na literatura: Antônio Pitanga e Jeferson Tenório, basta acessar o canal de YouTube da PUCRS e da FestiPoa Literária 


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