Dia Nacional da Visibilidade Trans e os projetos realizados na PUCRS e no Tecnopuc
Incluir mais pessoas da população trans no mercado de tecnologia da informação (TI), criar um ambiente seguro de acolhimento para a comunidade LGBTIQ+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, intersexuais, queers e outros) e a revisão de estudos controversos sobre a disforia de gênero. Essas são algumas das ações envolvendo a PUCRS e o Tecnopuc na busca por uma educação transformadora e inclusiva. Apesar dos desafios, as reivindicações da comunidade trans têm ganhado cada vez mais espaço após a criação do Dia Nacional da Visibilidade Trans, em 2004.
Angelo Brandelli Costa foi convidado a fazer parte do processo de revisão de estudo controverso realizado por uma professora da Brown University sobre disforia de gênero. A publicação de Brandelli na revista norte-americana Plos One, da Public Library of Science, também ganhou repercussão internacional e foi destacado em diversos jornais e sites. Professor dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia e em Ciências Sociais, ele coordena o Grupo de Pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais da PUCRS.
A pesquisa sugeria que alguns jovens poderiam estar sendo influenciados pelos pais e pela mídia a se identificarem como pessoas transgênero. O critério diagnóstico provocou debates sobre a forma que o estudo foi conduzido, uma vez que apenas relatos dos pais foram analisados. O docente apontou a importância de envolver diretamente os jovens nos estudos de forma aprofundada, com acompanhamento de profissionais da área da saúde mental para entender melhor as suas redes e influências a partir dos depoimentos.
“É muito importante estudar a diversidade sexual e de gênero no âmbito da juventude, que são geralmente negligenciadas. As formas de apresentação da variação e gênero na infância são pouco conhecidas”, comenta Brandelli.
O projeto EducaTRANSforma promove a capacitação profissional para pessoas transgênero (transexuais e travestis) não bináries e intersexo, ajudando na sua inserção no mercado de TI. A iniciativa foi lançada no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), em dezembro de 2019, com participantes de diversas áreas. A primeira edição do projeto contou com treinamentos gratuitos oferecidos pela UFRGS e iniciativas complementares.
A articulação de aliados e voluntários com empresas é muito importante para o projeto, visto que é uma iniciativa que não dispõe de capital próprio. Acesse o site e saiba como participar e apoiar.
O Laboratório de Sexualidade, Gênero e Psicanálise, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, oferece espaço de acolhimento e escuta de forma gratuita a pessoas da comunidade LGBTIQ+. O projeto coordenado por duas professoras do curso de Pscicologia é realizado pela equipe do Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (Sapp), que presta assistência comunitária há 45 anos. “A ideia de que os gêneros se dividem em masculino e feminino não dá mais conta da realidade. Há tantos modos de viver”, conta Luciana Redivo Drehmer, professora e orientadora de estágio da iniciativa.
O grupo trabalha com demandas de sofrimento psicológico que podem estar relacionadas à sexualidade e ao gênero. É necessário que os interessados tenham mais de 18 anos.
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Mesmo com as conquistas da população trans no Brasil durante os últimos anos, como direito ao nome social e representatividade na mídia e no esporte, o País segue os debates sobre políticas públicas e o combate à violência. Isso porque o Brasil tem o maior índice de assassinatos de pessoas trans no mundo, segundo pesquisa realizada pela ONG Transgender Europe, em 2018. Dos 72 países analisados, o Brasil registrou 167 mortes motivadas pela orientação de gênero, seguido pelo México, com 71 vítimas, e pelos Estados Unidos, com 28 vítimas. O mesmo acontece com outros membros da comunidade LGBTIQ+, uma vez que o Brasil está no topo da lista de homicídios por homofobia, conforme o levantamento do Grupo Gay da Bahia, a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil.
Desde 2004, o dia 29 de janeiro ficou marcado na história do Brasil para a comunidade trans (travestis e transexuais). Essa população compareceu pela primeira vez ao Congresso Nacional para falar aos parlamentares sobre a sua realidade e reivindicar direitos. A partir daí a data foi reconhecida oficialmente como o Dia Nacional da Visibilidade Trans.
A Defensoria Pública do Estado da Bahia elaborou uma cartilha sobre diversidade sexual, explicando diferenças entre as definições de gênero, orientação sexual e sexo biológico. Entenda melhor: