Pesquisa aponta exigências éticas para exercício do cuidado

Presente em todas as profissões, atividade deve ser orientadora de qualquer ação pedagógica

18/07/2017 - 08h15
Revista PUCRS - Cuidado

Foto: Bruno Todeschini

Uma pesquisa desenvolvida pelo professor da Escola de Humanidades Luís Evandro Hinrichsen aponta exigências éticas para exercício do cuidado e mostra que esta atitude, da qual todos dependem para existir, corresponde à essência da pessoa. “O cuidado implica intencionalidade, em estar presente de fato, ser atento e acolhedor. Reúne todas as características do ser humano”, afirma Hinrichsen. O estudo foi desenvolvido durante seu mestrado em Teologia e teve como base teórica a antropologia de Heidegger, que aponta para a filosofia de cuidado, além da experiência de São Francisco de Assis presente nos textos do século 13.

O exercício do cuidado requer simetria, proporcionando ao outro a capacidade de cuidar de si, e pressupõe exigências éticas no seu exercício. Cuidado é proximidade, comunicação verbal e não-verbal, promoção da autonomia do outro, reconhecimento desse como pessoa, gestos e atitudes. “Somos dotados de sensibilidade, de inteligência. É uma atitude a ser desenvolvida. Temos que aprender, numa comunidade cada vez mais global e planetária, a transitarmos da violência para a cultura de paz. Isso supõe um passo para além da própria tolerância, na direção da solidariedade”, diz Hinrichsen.

Em todas as profissões, o cuidado deve estar presente, unindo formação cidadã, técnica e humana. Para Hinrichsen, o momento atual é de fragmentação do conhecimento e de cultivo exagerado de si próprio, o que leva à necessidade de descobrir o outro, reconhecê-lo como pessoa e como portador de direitos inalienáveis. “Nessa direção, o cuidado se liga à educação, à formação ética e com responsabilidade”, explica.

Na formação universitária, é preciso atenção interdisciplinar e formação para o cuidado. “Na academia, quem deve explicitar isso é a ética, que tem o compromisso de ser transversal, permear todos os cursos”, salienta professor orientador, Frei Luiz Carlos Susin. Muitas vezes, não é exercido de forma consciente porque as pessoas não estão preparadas. “Nos formamos tecnicamente e descuidamos da nossa formação humana integral. O cuidado como atitude deveria ser orientador de qualquer ação pedagógica, estar presente em todos os currículos, ao menos implicitamente”, ressalta Hinrichsen.

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