28 de Setembro de 2020
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Mesmo com risco da pandemia, número de candidatos acima de 80 anos aumenta

Apesar do risco do coronavírus, as eleições municipais deste ano vão ter mais candidatos acima de 80 anos. Na lista, há nomes conhecidos, como a candidata à vice-prefeita Luiza Erundina (PSOL-SP), mas a maioria são anônimos ao público em geral. Na comparação com o pleito de 2016, o aumento foi tímido: 49 nomes a mais (alta de 6,5%).

Neste ano, a maior parte dos "vovôs da política" disputam o cargo de vereador: são 646 pleiteando a vaga. Na sequência, há 79 pessoas concorrendo a vice-prefeito e 71 a prefeito. Na eleição passada, a proporção era parecida. Entretanto, chama a atenção o aumento de 47,9% no número de candidatos a prefeito com mais de 80 anos. De 48 passou para 71. Um dos motivos pode ser a memória dos eleitores sobre esses nomes, o chamado "recall", que ajudaria no resultado eleitoral com a diminuição das campanhas de rua. Relacionadas

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A análise dos dados também revela desigualdade de gênero entre os postulantes. Neste ano, o número de mulheres acima de 80 anos disputando uma vaga não chega a 20%. A variação mais gritante ocorre entre os candidatos ao posto de prefeito: são 70 homens nesta faixa etária contra apenas uma mulher. No pleito passado, quatro mulheres nessa faixa disputaram o cargo máximo do Executivo municipal contra 42 homens.

Além disso, dois estados do Sudeste concentram o maior número de candidatos nessa faixa etária: Minas Gerais (177) e São Paulo (167). O Paraná fica na terceira posição, com 58 pessoas.

Apesar disso, os "vovôs da política" representam 0,1% do total de candidatos às eleições. O cientista político da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) Augusto de Oliveira observa que o reduzido envolvimento reflete o que já acontece no mercado profissional: muitos dedicam essa fase da vida para aproveitar a aposentadoria. "Assim como qualquer outra atividade, participar das eleições envolve certo esforço, e muitas pessoas acima de 80 anos podem não se sentir à vontade."

Entretanto Oliveira reconhece a necessidade de representantes desta faixa etária para diversificar ainda mais a política brasileira. "É importante a representação de pessoas mais idosas. Eles sofrem preconceito, tanto que durante a pandemia, falava-se que não importava se eles morressem de coronavírus, que já estavam velhos. E a gente sabe que isso não é verdade."

Por outro lado, o professor afirma que os candidatos com 80 anos podem encontrar dificuldades em uma campanha eleitoral em meio à pandemia. Sem familiaridade com tecnologia, muitos podem acabar perdendo terreno e, sem alternativa, acabarem indo às ruas e se expondo à doença.