28 de Outubro de 2020
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Melhora da qualidade de vida passa pela educação

O avanço do Rio Grande do Sul em qualidade de vida, de maneira geral, depende da melhora em uma dimensão específica: educação. É que a área de ensino pode espalhar estímulos por outros campos do desenvolvimento econômico e social, como segurança e mercado de trabalho.

A tarefa, porém, não é das mais simples. Não bastassem gargalos vistos nos últimos anos, a pandemia de coronavírus traz desafio adicional para o progresso dentro das salas de aula no Estado.

Os pontos acima foram discutidos na noite da última segunda-feira, na Live Fórum iRS: os desafios contemporâneos da educação. A atividade integrou a sétima edição do Índice de Desenvolvimento Estadual - Rio Grande do Sul (iRS).

O evento online contou com a participação dos debatedores Ely José de Mattos, coordenador do iRS e professor da Escola de Negócios da PUCRS, e Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais do movimento Todos Pela Educação. A mediação do encontro foi do jornalista Tulio Milman, do Grupo RBS.

Resultado de parceria entre ZH e PUCRS, o iRS mede a qualidade de vida nas 27 unidades da federação. Para isso, analisa três dimensões: educação, padrão de vida e, reunidas, segurança e longevidade. Divulgada por GZH no último dia 20, a sétima edição do levantamento mostrou que o ensino é a área em que os gaúchos estão mais distantes do topo nacional. O período de análise é 2018, o intervalo mais recente com dados disponíveis.

À época, o Rio Grande do Sul perdeu duas posições no ranking específico de educação, passando para o 16º lugar. Ou seja, ficou mais uma vez no segundo pelotão do país nessa dimensão.

- A educação tem papel fundamental tanto para padrão de vida quanto para segurança e longevidade. Se o Rio Grande do Sul pretende perseguir os avanços das outras dimensões, a educação também precisa avançar. É constrangedor, quando pegamos o Estado, com seu dinamismo, olhar para os resultados de educação - afirmou Corrêa na live.

O especialista ainda sublinhou que a pandemia representa "talvez o maior desafio" que a área de ensino público já tenha enfrentado. Nos últimos meses, a covid-19 paralisou escolas, acentuando "desigualdades" entre os estudantes, acrescentou Corrêa.

- Acesso, trajetória e aprendizagem, um resumo do que é qualidade educacional, vão ser muito impactados pelo período que estamos vivendo hoje. Só com resposta muito forte do setor público e envolvimento da sociedade que a gente vai conseguir fazer com que os efeitos, que serão grandes, não prejudiquem por tanto tempo a vida dos alunos - disse.

A escala do iRS varia de zero a um, a exemplo do que ocorre com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Nessa fórmula, quanto maior o resultado, melhor o desempenho de cada região.

Contramão

Em 2018, o índice gaúcho de educação recuou de 0,588 para 0,585. Significa que o Estado teve média inferior à brasileira. Em igual período, o indicador do país passou de 0,614 para 0,616.

- O índice, mais do que uma métrica, tem a proposta de provocar o debate. Mais importante do que falar do resultado é fomentar o debate - reforçou Ely.

A 16ª posição dos gaúchos em educação pode ser explicada, em parte, pela taxa de distorção idade-série no Ensino Médio. Em 2018, essa variável subiu pelo terceiro ano seguido no Estado, de 33,3% para 34,7%. É a maior da série histórica, com dados desde 2007. Sinaliza que, de cada cem alunos, 34 tinham pelo menos dois anos de atraso escolar.

- Temos uma estrada longa pela frente, que vai carecer de muito investimento - pontuou Ely.

- Temos de desmistificar a ideia de que o Brasil gasta muito por aluno. Não é verdade. Precisamos de investimento, de qualificação em política - emendou.

No ranking geral do iRS, que contempla as três dimensões avaliadas, o Estado permaneceu em sexto lugar. É o segundo ano consecutivo sem os gaúchos entre os cinco primeiros colocados.