Imagem da Imaculada Conceição passa por tomografia no InsCer/RS

Características internas puderam ser descobertas

16/11/2015 - 11h18

A Imagem da Imaculada Conceição, da Paróquia Imaculada Conceição, de São Jerônimo, no RS, com 1,30m de altura, 40 cm de largura e 48kg, passou recentemente por uma tomografia computadorizada no Instituto do Cérebro do RS (InsCer/RS)http://pucrs.br/inscer. A motivação para o projeto inusitado foi verificar o que havia dentro da imagem. Descobriu-se então que ela é oca internamente, e pertence a um conjunto de peças sacras que compõem o mosaico das obras Jesuítico-Guarani, do século 17 ou 18. O resultado dos estudos foi apresentado à comunidade em evento no último sábado. Participaram o professor e pesquisador da PUCRS Ir. Edison Hüttner, e o também pesquisador e dentista bucomaxilofacial Éder Abreu Hüttner, além de moradores de São Jerônimo, como Claudio Rollo, reconhecido como um dos descobridores dessa imagem missioneira, e Nelson Bolzan, outro morador envolvido.
O exame apresentou características importantes, como miolo de madeira, com espaço oco, bastante característico do período missioneiro, e ranhuras de um núcleo de madeira, também oco. Com o cruzamento de todas as informações, incluindo os documentos históricos, entende-se que a imagem passou por um processo de encarnação, ou seja, recebeu uma camada de gesso para se adequar à caracterização da época, em uma comunidade com feições de imigrantes predominantemente italianos e germânicos. Segundo o pesquisador, o estudo “abre uma perspectiva para a reconstrução da história de outras tantas imagens missioneiras do período jesuítico”.

Além disso, Ir. Edison ressalta que unir ciência e fé pode levar a novas e importantes descobertas. “São áreas que parecem distintas, mas veja o que já descobrimos. Há muito ainda que podemos revelar através da tecnologia”.
Início da pesquisa
Em junho de 2015, após estudar inúmeras peças como a Cruz das Missões em Camaquã, no RS, o pesquisador buscou ampliar seu trabalho sobre o real trajeto das peças missioneiras pelo Estado. O primeiro passo foi uma pesquisa no arquivo histórico da cidade e na Cúria Metropolitana de Porto Alegre. Lá, encontrou um manuscrito da obra Comentário Eclesiástico do Rio Grande de São Pedro desde 1737, de 1891, escrita pelo Arcediago Vicente Zeferino Dias Lopes. No livro, constava a informação sobre uma imagem doada por Manuel Correia da Fontoura à Paróquia Nossa Senhora da Conceição, transferida de um dos antigos povos das Missões. Com a informação, o pesquisador foi até o local e encontrou a santa referida no manuscrito. Vendo a estátua, no entanto, ambos perceberam que havia três anjos barrocos na base. A comunidade confirmou a existência de ser a mesma Santa desde sempre, com as mesmas feições.

Chegando em Porto Alegre, no Museu Júlio de Castilhos, Hüttner fotografou a imagem de características barrocas, que também é de Nossa Senhora da Conceição, missioneira, e possui os mesmos três anjos barrocos. Foram tiradas fotos e medidas, que condiziam com as medidas da imagem de São Jerônimo. Entrou-se então em contato com Rollo, que possuía fotos da Santa em procissões desde 1930, e buscou-se outro documento-chave para a pesquisa: uma espécie de recibo, datado de 1915, chamado Livro de Fábrica de São Jerônimo, com o detalhamento de uma “encarnação” da imagem que custou quinhentos mil réis à época.


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