Por que é preciso mergulhar no conhecimento sobre os oceanos?

Dia Mundial dos Oceanos reforça a importância da preservação das águas

08/06/2022 - 17h15
Frederico Rodrigues, GeoScientes, Instituto do Petróleo, Rio Amazonas

Pesquisador Luiz Frederico Rodrigues durante a Missão Tucuxi / Foto: Arquivo Pessoal

Um ecossistema que cobre dois terços da superfície da Terra e que gera a maior parte do oxigênio que respiramos. Comemorada desde 1992, o Dia Mundial dos Oceanos tem como tema central neste ano “Revitalização: Ação Coletiva para o Oceano”.

De acordo com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, mais de um terço dos estoques de peixes são capturados a níveis insustentáveis do ponto de vista biológico. O secretário-geral também destacou que uma proporção significativa dos recifes de corais já foi destruída, ampliando a urgência de ação coletiva para revitalizar os oceanos.

De acordo com o pesquisador da PUCRS e do  Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) Luiz Frederico Rodrigues, estudos apontam que as mudanças climáticas e o aquecimento global são efeitos da ação humana no meio ambiente. “Atualmente, tem-se discutido muito sobre a intensificação do aumento da temperatura média dos oceanos devido à ação do homem. Uma das linhas de pesquisa mais trabalhadas procura entender se o aquecimento oceânico é um produto direto do aquecimento global”, afirma o pesquisador.

Segundo ele, as pesquisas demonstram que o aquecimento global é consequência da emissão de gases estufas na atmosfera, os quais são provenientes da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e processos industriais. “O acúmulo desses gases na atmosfera impede que o calor da Terra se dissipe para o espaço, assim, os níveis globais da temperatura aumenta, inclusive dos oceanos”, explica.

Pioneirismo nos oceanos

Rodrigues foi um dos pesquisadores da Missão Tucuxi, uma parceria entre o IPR e a empresa SeaSeep, com o objetivo de amostrar e caracterizar as possíveis áreas contendo hidratos de gás ao norte do oceano brasileiro. Durante a missão, os pesquisadores desenvolveram um estudo pioneiro sobre origem da composição dos gases na Foz do Rio Amazonas. Os resultados do trabalho foram apresentados no artigo, Molecular and Isotopic Composition of Hydrate-Bound, Dissolved and Free Gases in the Amazon Deep-Sea Fan and Slope Sediments, Brazil, publicado na revista Geosciences, da Suíça.

Os hidratos são estruturas cristalinas compostas por gelo e gás e podem ser encontrados no subsolo marinho. Devido a sua grande concentração de gás metano, os hidratos são considerados uma alternativa energética no futuro (apesar de ser um recurso natural finito). Países como os Estados Unidos, Japão e Canadá já atuam em fases pilotos para produção dessa fonte de energia. No Brasil, o Projeto Conegas (que reúne três missões oceanográficas realizadas ao Sul do país e contou com a participação de pesquisadores da PUCRS e do IPR) e Missão Tucuxi foram pioneiras na descoberta e caracterização dos reservatórios de hidratos.

Para o pesquisador do IPR, o aquecimento oceânico pode contribuir para a desestabilização dos hidratos de gás e a liberação do metano na atmosfera. Além disso, Rodrigues aponta que o aquecimento global desencadeia uma série de efeitos de grande impacto, como o aumento do nível do mar, mudanças na salinidade, bem como prejuízos à biodiversidade devido a mudança de oxigenação. O pesquisador também destaca que, em relação ao clima, poderão ocorrer interferências nos padrões de ventos e chuvas, ou então, intensificação dos episódios de clima extremo, como os tufões. “Essas consequências podem atuar em conjunto, potencializando seus efeitos e afetando todo o planeta”, declara.

Para o pesquisador, ainda é necessário ampliarmos o entendimento sobre os oceanos para que a preservação se torne mais efetiva. “O oceano, apesar da evidente importância no complexo sistema de equilíbrio da Terra, é um dos elementos menos entendidos. Portanto, conhecer sua importância na dinâmica da vida seria um dos principais sentidos da conservação da vida na Terra”, conclui.

Sobre o IPR

O Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR), criado em 2014, tem por objetivo fomentar, dar visibilidade e proporcionar um crescimento sustentado das ações da universidade em pesquisa, desenvolvimento e inovação na área de petróleo e recursos naturais. Constitui uma iniciativa conjunta da Petrobras e da PUCRS e representa a consolidação e ampliação do Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Carbono (Cepac), inaugurado em 2007. Saiba mais clicando aqui.


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