A Cultura no centro da Universidade

Confira na íntegra o artigo do Diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, professor Ricardo Barberena, publicado no jornal Zero Hora

04/05/2022 - 12h13
ricardo barberena

Foto: Luiza Rabello

Na minha última aula, fiz uma proposta para os meus alunos de primeiro semestre: “Vocês gostariam de assistir a um concerto com músicas de Bach?”. Todos levantaram a mão em sinal de concordância. Saímos caminhando pelo campus até a Igreja Cristo Mestre da PUCRS. Após quase uma hora de acordes barrocos, alguns alunos me mostraram seus braços arrepiados. Tal deslocamento, territorial e simbólico, trouxe, mais uma vez, um questionamento que tem me acompanhado: o que significa trazer a cultura para dentro de uma universidade?

Algumas respostas parecem imperiosas. Na sua própria essência, cultura é educação. Não se trata de áreas vizinhas que se comunicam. Ao lermos um livro, assistirmos a um filme, ouvirmos um instrumento, estamos adentrando em um terreno chamado poesia do pensamento, que constitui a aprendizagem ao longo da vida. Assim sendo, uma intensa agenda cultural universitária representa a possibilidade de uma formação humana para além dos limites protocolares. A cultura, enquanto instrumento de sensibilização e alteridade, também evidencia a oportunidade de sairmos de redomas disciplinares.

Cultura é a arte do encontro com o outro: outros significados, outras identidades,outras realidades

Cultura é cultivo da vida. Nesse sentido, uma universidade que incentiva múltiplas ações culturais colherá frutos de uma educação pautada pela transformação e pela libertação da experiência artística. Hoje, a PUCRS conta com mais de cem ações culturais anuais. De forma precursora, acaba de inaugurar um espaço de ateliê, Cultura é a arte do encontro com o outro: outros significados, outras identidades, outras realidades. A rotina cultural universitária é um exercício da tolerância e do respeito à pluralidade.

Por falar em diversidade, a semana da PUCRS, que começou ao som de Bach, terminou com um pocket show da Fresno, passando por Ney Matogrosso. Em tempos de ataque às manifestações culturais, a universidade também acaba se caracterizando em uma espécie de morada para diversos agentes da cena cultural.

Colocar a cultura no centro da universidade é lançar um facho de luz para a força vital do devir artístico enquanto fórum de criatividade, subjetividade e dignidade.

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