Contribuições à sociedade, produção de radiofármacos e pesquisas de alto impacto. Confira os principais avanços do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul em sua primeira década de atuação
Mesmo após séculos de estudos, ainda há muito a desvendar e compreender sobre o cérebro humano. Atenta às necessidades da população e ao futuro da saúde, há dez anos a Universidade deu início à trajetória do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) e celebra a primeira década de uma atuação que já impactou milhares de vidas, seja por meio da pesquisa ou da assistência.
“O InsCer é um consolidado polo de desenvolvimento, pesquisa e inovação na busca de soluções às doenças que acometem o cérebro e orientado às demandas do paciente. Seguimos com orgulho da história que construímos nesta década e com a missão de manter a nossa essência: inquieta e apaixonada por ciência que traga benefício para a sociedade”, destaca o diretor do Instituto, o neurologista Jaderson Costa da Costa. Conduzido por um time de neurocientistas renomados, está localizado no Campus da Saúde da PUCRS e posiciona o Rio Grande do Sul como referência nacional e internacional no tema.
As pesquisas desenvolvidas no InsCer têm foco no paciente, e sua estrutura reúne centro clínico, ambulatório e produção de radiofármacos. “É uma estrutura dedicada a resolver problemas centrados nas pessoas, com novas tecnologias, maiores possibilidades de formar e trazer profissionais de pesquisa da área de Medicina e, por fim, prevenir e colaborar para tratamentos que possam salvar vidas. Encerramos uma década com muitas conquistas e serviços prestados às pessoas, que venham as próximas”, destaca o reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira.
A transformação no perfil da população traz a necessidade de adaptar os serviços de saúde para que estejam aptos para prevenir e tratar as doenças que assumem o topo da lista, como a demência de Alzheimer, doenças neurodegenerativas e a gravidade de sequelas neurológicas decorrentes de acidentes vasculares cerebrais. A estrutura do InsCer está entre as mais inovadoras e de maior impacto no País.
O Instituto conta com sete laboratórios altamente equipados que representam um avanço para as pesquisas translacionais, com espaços que favorecem a interação entre cientistas e estudos pré-clínicos do cérebro. O Centro de Pesquisa e Investigação Clínica, inclui espaço diferenciado para registros de polissonografia e moderno simulador de exame de ressonância magnética para que o paciente se familiarize com o procedimento. Também como assistência, em seu Centro de Imagem, além de ressonância, tomografia, PET/CT, o InsCer oferece à população o serviço de exames e tecnologia de diagnóstico e reabilitação, como a estimulação magnética transcraniana e as avaliações neuropsicológicas e multidisciplinares.
Além disso, se destaca a produção de radiofármacos – substâncias utilizadas na identificação de doenças neurodegenerativas e oncológicas – que ocorre dentro do InsCer, desde a pesquisa básica para descobrir novos biomarcadores, até a aplicação em pacientes. Recentemente, como pioneiro no Brasil, o Instituto passou a produzir a substância Florbetabeno, radiofármaco usado para diagnóstico da Doença de Alzheimer.
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Entre os estudos realizados no InsCer está o projeto Superidosos, que investigou o cérebro de idosos acima de 80 anos para descobrir as razões pelas quais algumas pessoas conseguem atingir idades longevas sem ter nenhum comprometimento neurológico; e o estudo sobre Zika Vírus, que acompanhou crianças com microcefalia cujas mães foram infectadas pelo Zika durante a gestação.
Durante a pandemia de coronavírus, além de um teste para identificar a doença que foi desenvolvimento com agilidade, pesquisadores/as do InsCer desenvolveram diferentes pesquisas a fim gerar aprendizados e conhecimento sobre o período. A pesquisa Estresse, trauma e percepção de risco durante e após a pandemia, que busca entender o impacto traumático da pandemia do novo coronavírus na população brasileira e outra pesquisa que investigou os efeitos do confinamento domiciliar na qualidade do sono de adultos e de seus filhos/as são exemplos disso.
Estudantes de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado da PUCRS também podem desenvolver seus projetos de pesquisa nos laboratórios do Instituto do Cérebro dedicados às pesquisas pré-clínica e clínica.
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Como se forma a memória e por que ela pode falhar? Quando a perda da capacidade de lembrar pode ser considerada uma patologia, como a Doença de Alzheimer, e qual a relação disso com os radiofármacos? Existe alguma nova forma de prevenir o declínio cognitivo? Essas questões são o ponto de partida da palestra “Conectando Cérebros: da memória à radioatividade”, promovida pelo InsCer em alusão aos seus 10 anos.
Para responder as perguntas, três pesquisadores da instituição estarão presentes: Cristiane Furini, Louise Mross Hartmann e Eduardo Zimmer. O encontro ocorre na quinta-feira, 9 de junho, às 12h30, no Anfiteatro do InsCer (prédio 63). O evento é gratuito e aberto ao público. Não é necessário realizar inscrição prévia.
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2010: Em março desse ano, é lançada a pedra fundamental do Instituto do Cérebro da PUCRS, local idealizado em 2004 para ser dedicado à pesquisa translacional em neurociência.
2011: Começa a ser erguido o espaço para abrigar o cíclotron, acelerador de partículas utilizado na produção de radiofármacos. Uma das particularidades desse local é a espessura das paredes, que medem cerca de dois metros. Para acessar o ambiente, uma porta de três metros disposta sobre trilhos precisa ser acionada.
2012: O sonho virou realidade. No dia 6 de junho desse ano, a primeira etapa do Instituto do Cérebro da PUCRS foi inaugurada, ocupando uma área superior a 2,5 mil metros quadrados – cerca de 40% do previsto no projeto inicial.
No mesmo mês, o InsCer organizou o Primeiro curso hands-on de Neuroimagem e Medicina Nuclear em uma parceria com a Georgetown University, dos Estados Unidos.
2013: Foi nesse ano que o InsCer deu início à produção do radiofármaco 18F-FDG, utilizado para a realização de exames neurológicos e oncológicos. Até hoje, a produção feita pelo Instituto abastece hospitais, clínicas e centros especializados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e alguns municípios do Paraná.
2015: Produção do radiofármaco 11C-PK11195, utilizado em pesquisa com pacientes com esclerose múltipla.
Nesse mesmo ano, o InsCer organizou o evento “Escola de Altos Estudos – Ciclo de Palestras Biomarcadores em Doenças Neurodegenerativas”.
2016: Em pronta resposta ao surto de microcefalia, relacionada à infecção por zika vírus, o InsCer deu início ao projeto Zika Vírus, em parceria com o Hospital Escola da Universidade Federal de Alagoas. Mais de 40 crianças que nasceram com a malformação participaram do estudo.
Também em 2016, o Instituto do Cérebro passou a produzir o radiofármaco de meia-vida curta 11C-PIB para diagnóstico diferencial de Doença de Alzheimer.
2018: O Conselho Geral do Instituto Marista, de, Roma, na Itália, autoriza, em março desse ano, a construção da segunda etapa do Instituto do Cérebro. Três meses depois, em agosto, começam as obras de ampliação.
2019: Em janeiro desse ano, as fundações das obras de ampliação começam a ser instaladas.
2020: Mais uma vez, em resposta a um problema da sociedade, desta vez, à pandemia de coronavírus, o InsCer passa a oferecer à população o teste diagnóstico RT-PCR, desenvolvido por pesquisadores da própria instituição.
Também nesse ano, o Instituto do Cérebro recebe autorização excepcional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a produção e a comercialização do radiofármaco PSMA-1007 (18F), utilizado para diagnóstico do câncer de próstata.
Ainda em 2020, no mês de novembro, o InsCer entrega para a sociedade a Fase II, finalizando o projeto original de 9.335 metros quadrados.
2021: No dia 16 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o Instituto do Cérebro a comercializar o Flobertabeno, radiofármaco usado para diagnóstico diferencial da Doença de Alzheimer. Foi a primeira vez que a Anvisa permitiu a produção e comercialização de um radiofármaco para este fim.
2022: Comprometido em dar respostas à população, o InsCer lança, em abril, o Florbetabeno, radiofármaco utilizado no diagnóstico diferencial de Doença de Alzheimer. Junto do lançamento do produto, a instituição oferta a realização do exame.