17/07/2020 - 10h54

O futuro dos jogos de futebol pós-pandemia é rever costumes

Além de evitar aglomerações por questões de saúde, espectadores demonstraram simpatia pelas atrações transmitidas online

O futuro dos jogos de futebol pós-pandemia é rever costumes - Além de evitar aglomerações por questões de saúde, espectadores demonstraram simpatia pelas atrações transmitidas online

Foto: Obayda/Unsplah

Há alguns meses provavelmente muitas pessoas não achariam muito empolgante a ideia de trocar a possibilidade de assistir a um show ao vivo da sua artista favorita por uma apresentação a distância. Porém, desde o início da pandemia da Covid-19, quase todas as atividades presenciais como espetáculos, congressos e eventos de grande porte, precisaram de adaptações para manter o vínculo com o público. Na área do futebol, a necessidade de realizar os jogos sem plateia tem causado polêmicas e dividido opiniões. 

“O sentido de comunidade e pertencimento a um determinado ‘grupo’ é um elemento indissociável do futebol. Então, ir a ‘campo’ – como os torcedores se referem a estar presente no estádio – é um rito social que materializa esse sentido; um momento de reafirmação de identidade das pessoas e, de certa forma, onde elas ‘espiritualizam a sua existência’”, explica Luis Rolim, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e pesquisador na linha de pesquisa sobre Esporte, Cultura e Sociedade do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS. 

“São as arquibancadas que dão sentido ao espetáculo e os encontros gerados pelo evento que dão sentido à experiência social, de estar ali” LUIS ROLIM. 

O professor ressalta que é importante entender que o futebol também é uma prática profissional, além da sociocultural. Segundo ele, essa dinâmica profissional serve a outros interesses, que não necessariamente são os do torcedor. Entretanto, a ausência dos jogos nesse período de isolamento está exigindo mudanças nesse aspecto. “Tanto é que clubes que estão pensando além das receitas provenientes da transmissão dos jogos e entenderam sua função enquanto agentes sociais e culturais, estão buscando alternativas para diminuir essa ‘falta’ junto à torcida”, destaca. 

Novos tempos, novas abordagens 

Rostos impressos, mosaicos e faixas nas arquibancadas, telões com streaming ao vivo para torcedores e até sons de torcida: essas são algumas das alternativas que ilustram a tentativa de recriar a atmosfera dos estádios. Essa estrutura também auxiliaria que atletas, inconscientemente, buscassem performar diferentemente dos treinamentos. 

“Obviamente, essas soluções aproximam o torcedor e são válidas. Essa dinâmica provavelmente perdurará por mais tempo em eventos globais, enquanto não houver uma vacina altamente eficaz e distribuída ao redor do mundo. Países sedes de eventos como a Copa do Mundo de Futebol ou Jogos Olímpicos, invariavelmente irão exigir que as pessoas comprovem que estão imunizadas – assim como já acontece para outros vírus e viagens internacionais”, explica Luis Rolim. 

O País do futebol? 

Próximo ao Dia Nacional do Futebol, em 19 de julho, talvez a primeira coisa que você se lembre é da frase: “O Brasil é o País do futebol”. Apesar da paixão nacional, o reforço do estereótipo pode não agradar a todo mundo. “Quando as narrativas são repetidas por um longo tempo, reforçamos o imaginário social e à uma representação quase que única do modo de vida das pessoas”, comenta Rolim sobre a visão generalista de que o Brasil é o País do futebol.  

“As produções audiovisuais, por exemplo, possuem esse ‘poder’ de construir, mas também de desconstruir as narrativas que permeiam a visão das pessoas. Dizer que somos o ‘País do futebol’ ou berço do ‘jogo bonito’ são construções históricas, temporais, mas que podem (e devem) ser constantemente questionadas e não somente aceitas como ‘verdades absolutas’”, destaca. 

O futebol em números 

O futuro dos jogos de futebol pós-pandemia é rever costumes - Além de evitar aglomerações por questões de saúde, espectadores demonstraram simpatia pelas atrações transmitidas online

Foto: Vienna Reyes/Unsplah

Um relatório divulgado recentemente pela Confederação Brasileira de Futebol mostra que o esporte movimenta cerca de R$ 53 bilhões no País direta e indiretamente, mas representa apenas 0,72% do Produto interno bruto nacional (PIB). 

Segundo o estudo, a CBF, as federações e os clubes representam R$ 11 bilhões da movimentação do valor total, enquanto os outros R$ 37,8 milhões são de efeitos indiretos. 

A origem do amado esporte 

Apesar de não existir um consenso, acredita-se que um esporte semelhante ao futebol tenha surgido por volta de 2500 anos antes de Cristo, na China imperial, mas de uma forma “peculiar”. 

Conforme o Guia do Estudante, da Revista Abril, “na época do imperador Huang-ti, os guerreiros chineses tinham o costume de disputar jogos com o crânio de inimigos. Segundo o autor Celso Unzelte, que escreveu ‘O Livro de Ouro do Futebol’, os ossos foram substituídos – ainda bem – por bolas de couro nos exercícios militares. Elas deveriam ser lançadas pelos soldados com os pés para além de duas estacas cravadas no chão e essas teriam sido as primeiras traves da história”. 

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