Neugebauer é tataraneto de um dos criadores da primeira fábrica de chocolates do Brasil

AlumniFoto: Bruno Todeschini

História de pai para filho

Graduado em Administração, Christian Neugebauer empreende com a Chocolateria Brasileira

Crescer em uma fábrica de choco­late e levar os amigos para bebe­rem o confeito direto de uma torneira não é apenas cena de filme. Christian Neugebauer, tataraneto de um dos criadores da primeira fábrica do Brasil, costumava acompanhar o pai no tra­balho e, aos 14 anos, começou a atuar na empresa. A paixão pelo mundo do chocolate e pela gestão familiar o acompanha desde então. “É uma his­tória de pai para filho”, afirma.

Neugebauer ingressou no curso de Administração da PUCRS em 2008 e levava na bagagem a experiência vivida em diversas áreas da Harald, empresa da família – a marca Neuge­bauer já havia sido vendida ao gru­po Fenícia e hoje pertence ao grupo Vonpar. Foi auxiliar de embalagens na linha de drageados, atuou com equipamentos, desenvolvimento de receitas e novas formulações, pesqui­sa, custos, matéria-prima e qualidade. Fez estágio na parte de produção, atuou com logística, compras e acom­panhamento financeiro.

Com toda essa vivência, encon­trou na Universidade validação de algumas práticas e mudou muitas outras. “A PUCRS representou uma quebra de paradigmas. Aprendi o por­quê das coisas. Muitas vezes ficava orgulhoso por já pensar do modo que o curso ensinava. Outras vezes via que fazia coisas da forma errada e que era preciso repensar”, conta.

A Universidade foi sua “segunda casa” durante cinco anos. Por conta da dislexia, diagnosticada na infância, Neugebauer dedicava grande parte de seu tempo ao estudo e contava com apoio do Centro de Atenção Psicos­social (CAP) e do Logos – espaço que oferece recursos e incentivo ao poten­cial acadêmico por meio do ensino fundamentado em pesquisa, localiza­do no Living 360 (prédio 15). “Eu vivia extremamente a PUCRS, é um lugar onde se pode fazer tudo, não apenas estudar. Eu passava o dia na Bibliote­ca, buscava apoio no Logos para a par­te de matemática, conhecia todos os restaurantes e prédios e participava do Fórum da Liberdade. Para quem quer o conhecimento, a Universidade está totalmente de portas abertas”, lembra.

MUNDO DO CHOCOLATE

Por diversas vezes, teve vontade de empreender fora do ramo, mas sempre acabava voltando às doces raízes de sua família. Já atuou na área de vinhos, participou do programa Ne­gócio a Negócio do Sebrae, retornou à Harald – que passou a fazer parte do grupo Fuji Oil em 2015. Hoje, em­preende com a Chocolateria Brasileira. Fez um primeiro aporte de capital na empresa em 2016 e, em 2017, adquiriu o negócio como um todo. Em 2018, já estava com 19 lojas inauguradas e a previsão é encerrar 2019 com 63, entre franquias e próprias. Em termos de franquias, atualmente são 32 con­tratadas e mais 35 previstas. Em Porto Alegre, a primeira loja deve abrir neste ano, no segundo semestre.

Na mesma época em que com­prou a Chocolateria, sua esposa Ra­quel e seus filhos Eduarda (9) e Pedro Ernesto (7) – em homenagem ao avô – foram morar na Áustria, para onde Neugebauer vai sempre que possível para ficar com sua família. Quando re­torna ao Brasil, traz referências e inspi­ração para desenvolver novos sabores.

Gestão familiar

Loja da Chocolateria Brasileira abrirá em Porto Alegre em 2019

Foto: Divulgação

Ao falar em gestão familiar, Neugebauer ressalta a importância de saber quando vestir “cada chapéu”: de familiar, de colaborador, de sócio. “Dialogar nesses diferentes papéis é um divisor de águas, e a PUCRS foi muito parte disso. Gestão familiar é um conhecimento contínuo e envolve coração”, afirma. A Universidade oferece uma dis­ciplina voltada à gestão de empresas familiares, que reúne alunos das mais diferentes áreas e cursos.

A professora Renata Bernardon, que ministra as aulas, explica que os encontros abordam a relação família-empresa de diversos ângulos. “Falamos de relações e conflitos geracionais, sucessão com enfoque no sucedido e no sucessor, herança, estruturas típicas da gestão da empresa familiar como conselho de família, conselho de sócios, con­selho de administração, family office e temas como profissionalização, desenvolvimento de herdeiros, entre outras questões”, diz.

A disciplina será oferecida no segundo semestre de 2019 e poderá ser cursada como eletiva. “Gestão de empresa familiar é uma ciência. É preciso saber gerir sentimentos, expectativas, conflitos. São outras técnicas, ferramentas, estruturas e processos. E é uma área multidisci­plinar, pois envolve psicologia, direito e administração”, garante Renata.