Voando com aves e pterossauros

Um dos assuntos mais estudados nas ciências naturais é o voo ativo, que ocorre quando o animal bate as asas e consegue ganhar altura com forças próprias, não apenas planando. Diversas são as adaptações bem conhecidas para o voo, como a forma aerodinâmica, a forma das asas, ou as fusões ósseas na região do quadril.
Uma pesquisa desenvolvida em nosso Museu investigou uma adaptação pouco conhecida dos pterossauros e das aves para o voo: o notário. Essa estrutura é uma fusão dos ossos da coluna vertebral (as vértebras!), que garante maior robustez do corpo para que poderosos músculos do tórax possam realizar o bater de asas. O notário foi tema central da tese de Doutorado de Alex Schiller Aires, apresentada em março de 2019. Alex investigou a origem da estrutura, sua diversificação nos principais grupos de aves e pterossauros e o modo como essa estrutura se desenvolve ao longo da vida. Uma descoberta importante foi a de que essa característica evoluiu apenas em grupos já bem adaptados ao voo, quando ambas as linhagens já tinham passado por mais de 50 milhões de anos de evolução.
Alex também descobriu que o notário se desenvolvia em fusões que partiam da 3ª e 4ª vértebras, e progredia para trás na coluna vertebral. Ao menos nas aves, essa estrutura surgiu em diversos grupos diferentes (pombos, patos, tinamus e galinhas, entre outros) de forma independente quase ao mesmo tempo, durante um evento climático chamado de máximo termal do Paleoceno-Eoceno. A pesquisa do aluno agora segue para publicação, ajudando a entender melhor como o notário auxilia no voo.

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Referência:
Aires ASS. 2019. Notário em pterossauros e aves: aspectos evolutivos, ontogenéticos e morfo-funcionais. Tese de Doutorado, PUCRS. 194pp.