Vendo e revendo pterossauros do Nordeste do Brasil

O Araripe, no Nordeste do Brasil, é um verdadeiro baú do tesouro quando se fala desses répteis! São mais de uma dezena de espécies, com ao menos três grupos principais. O mais diverso desses grupos tem o nome de Anhangueria e inclui pterossauros de rostro longo e fino, geralmente expandidos na ponta, armados de dentes finos e compridos para pegar peixes. Podiam ter cristas no bico, na mandíbula e no topo da cabeça.

Os Anhangueria foram tema do Mestrado de Jennyfer Sobreira Ferreira, desenvolvido aqui mesmo no MCT-PUCRS e defendido em março deste ano. Para Jennyfer, “são animais extraordinários, com formas anatômicas não vistas em outros seres vivos e, por isso, interessantes de serem estudados. Assim, as descobertas feitas enriquecem nosso conhecimento sobre o passado”.

Jennyfer trabalhou com dois pterossauros que foram emprestados pelo Museu de Santana do Cariri. O primeiro deles já era conhecido: Brasileodactylus araripensis. Jennyfer reavaliou um novo fóssil do bicho e descobriu diversas novidades sobre a espécie, que ajudam a identificá-la. A aluna também descobriu uma nova espécie, ainda sem nome, que tinha um rostro especialmente comprido e sem cristas, aumentando ainda mais a diversidade conhecida de pterossauros.

Segundo Marco Brandalise, responsável pela Coleção de Fósseis do MCT-PUCRS e orientador de Jennyfer, “o mais interessante é que a Jennyfer descobriu que o Brasileodactylus e vários de seus parentes tinham uma dentição assimétrica, ou seja, com dentes direitos e esquerdos em posições alternadas na boca. Isso é muito raro entre os animais vertebrados”.

A pesquisa da aluna agora segue para publicação, ajudando a entender melhor como estava organizada a árvore evolutiva dos pterossauros.

Referência:
Ferreira JS. 2019. Descrição morfológica e relações filogenéticas de novos materiais de Pterosauria da Formação Romualdo, Brasil. Dissertação de Mestrado, PUCRS. 115pp.

Imagem: em anexo
Crédito – ÉVERTON S. PAZ