Novo sistema monitora abelhas em tempo real e promove a biodiversidade

Betina Blochtein, pesquisadora da PUCRS, faz parte do projeto que poderá acompanhar e transmitir informações sobre as colmeias

05/08/2020 - 09h28
Pesquisadora da PUCRS promove a preservação dos agentes polinizadores - No Dia Mundial das Abelhas, entenda a importância da data e o impacto no meio ambiente

Foto: David Clode/Unsplash

As abelhas são responsáveis pela polinização de 80% das culturas agrícolas em nível global. E o Rio Grande do Sul, está entre os maiores produtores de grãos de todo o País. Ameaçados pelo uso incorreto de agrotóxicos, como o Fipronil, a morte em massa dos agentes polinizadores representa uma ameaça real para agricultura, a economia global e o meio ambiente. Pensando nisso, Betina Blochtein, professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, criou com parceiros um projeto que será desenvolvido no Instituto do Meio Ambiente da PUCRS para estabelecer uma plataforma online capaz de monitorar colmeias em tempo real.

“A iniciativa Sim Abelhas parte da situação alarmante da mortandade de abelhas registrada nos últimos anos no RS. A nossa proposta permitirá diagnosticar as principais causas desse problema e promover o diálogo entre os representantes dos setores envolvidos para o estabelecermos ações e normativas de proteção”, explica a bióloga e também pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS.

Botando a mão na massa

O monitoramento das abelhas será realizado em diversas regiões do Estado, a partir de três abordagens:

  • Acompanhamento dos níveis de agrotóxicos: as colmeias serão avaliadas periodicamente quanto à presença de resíduos de agrotóxicos, doenças e parasitas. Elas também serão equipadas com dispositivos eletrônicos e, em caso de sinal de anormalidade, será acionado um alerta para a visita técnica.
  • A presença de órgãos oficiais: O sistema SOS Abelhas será gerenciado em colaboração com iniciativas estaduais oficiais, registrando as ocorrências de mortandades e avaliando as suas causas.
  • Amostragem e padronização: a presença de abelhas silvestres será monitorada com amostragens padronizadas, indicando a diversidade e abundância de espécies. A primeira etapa do projeto permitirá comparar a situação das abelhas nos últimos 10 anos, em três regiões do RS, a partir de dados avaliados previamente.
Betina Blochtein é uma referência no estudo sobre abelhas sem ferrão

Betina Blochtein / Foto: Bruno Todeschini

As informações e resultados do projeto serão abertos ao público por meio da plataforma interativa Sim Abelhas, o Sistema de Informação e Monitoramento sobre Abelhas do RS. A iniciativa surgiu a partir de uma demanda do Ministério Público, que, conjuntamente com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam), a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) e universidades busca soluções para combater a mortandade de abelhas no Estado. Estiveram presente na apresentação do projeto, que ocorreu em 30 de julho, representantes do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais da SEAPDR, da Federação da Agricultura do Estado do RS e das empresas que produzem e comercializam produtos com o ingrediente Fipronil.

Meio bilhão de abelhas mortas no Brasil

Entre o final de 2018 e o começo de 2019, meio bilhão de abelhas morreram em alguns estados do País. Foram 400 milhões no Rio Grande do Sul, 7 milhões em São Paulo, 50 milhões em Santa Catarina e 45 milhões em Mato Grosso do Sul, segundo estimativas de Associações de apicultura, secretarias de Agricultura e pesquisas realizadas por universidades, conforme o levantamento divulgado pela Repórter Brasil, em parceria com a Agência Pública, uma agência de Jornalismo investigativo.

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