07 de Dezembro de 2019
  • Diário Gaúcho
  • A Vida da Gente
  • P. 5
  • 35.00 cm/col

Problemas do Arroio Dilúvio mais intensos neste ano

Que o Arroio Dilúvio agoniza com a poluição não é novidade. Mas o cenário dos últimos dias é impactante: centenas de peixes mortos boiando e um forte odor no trecho próximo à Avenida Praia de Belas. A situação também intrigou o poder público, que, na terça-feira, coletou água para tentar explicar o fenômeno. O resultado das amostras deve levar 10 dias para chegar à Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams).

Se ainda não é possível dizer o que leva a mortandade de peixes e o cheiro ruim parecerem mais intensos que em anos anteriores, a origem do problema, segundo pesquisadores, tende a ser a mesma de outros tempos. O excesso de material orgânico que consome oxigênio do arroio, somado ao calor. Diretor do Instituto de Meio Ambiente da PUCRS, Nelson Ferreira Fontoura explica que o Dilúvio sofre com o lançamento de esgoto cloacal que chega tanto pela rede mista - que representa pelo menos um quarto da carga quanto in natura, de áreas irregulares. Quando o nível da água está baixo, e o clima, mais quente, o oxigênio diminui, e algumas espécies não resistem.

Conforme Fontoura, um paliativo para o problema seria o conserto de barragens danificadas ao longo do arroio. As estruturas ajudam na oxigenação da água ao longo do dia. Questionada, a prefeitura não soube informar qual o setor responsável pelas barragens. Já a solução definitiva custaria caro. Somente para universalizar o tratamento de esgoto, quê hoje é de 56%, teriam de ser investidos R$ 1,3 bilhão - haveria ainda questões ligadas à regularização fundiária.