01 de Abril de 2020
  • Correio do Povo
  • Geral
  • P. 12
  • 144.00 cm/col

Levantamento da Associação Médica registra reclamações por falta de EPIs

A Associação Médica Brasileira criou uma plataforma virtual para captação de reclamações e denúncias sobre a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais da Saúde que estão atuando na linha de frente em combate ao novo coronavírus. Segundo o levantamento, até dia 29 de março, o Rio Grande do Sul foi o quarto estado com mais queixas, 218, atrás apenas de São Paulo (855), Rio de Janeiro (273) e Minas Gerais (262). Levando-se em conta municípios, Porto Alegre está em terceiro na lista com 128 reclamações, tendo à frente as capitais paulista (250) e fluminense (148). Segundo o presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien, a entidade já recebeu cerca de 600 denúncias de falta de equipamentos, e chama atenção para os hospitais da Capital. “As reclamações vêm mais da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Hospital de Clínicas e o São Lucas da PUC. Claro que vivemos uma situação diferenciada, mas a obrigação do fornecimento de equipamento é do empregador”, frisa Jesien. O Hospital de Clínicas respondeu que “conta com equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados e suficientes para a atuação de suas equipes em estoque. As áreas onde os EPIs estão disponibilizados seguem os critérios e recomendações técnicas em vigência.

O hospital continua realizando compras regulares e já começou a receber doações de EPIs”. Já a Santa Casa garante que “tem cumprido com todos os protocolos de segurança preconizados pelas entidades de saúde e órgãos de classe, garantindo, neste sentido, o fornecimento irrestrito de todos os EPIs aos profissionais da assistência de seus hospitais”. O Hospital São Lucas destaca que está com seus esforços direcionados para as ações preventivas à doença, seguindo as normas de segurança estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde. “O hospital frequentemente tem treinado e acompanhado suas equipes, bem como realizado diálogos de esclarecimentos sobre a Covid-19 e a utilização dos EPIS. Estes são fornecidos aos profissionais que atuam diretamente no atendimento de casos suspeitos e confirmados”. Além disso, um grupo de 43 voluntários iniciou a produção de novas máscaras cirúrgicas que serão entregues para as áreas de atuação. Outra ação é a parceria com o Tecnopuc Fablab para a produção de 200 protetores faciais que serão entregues para as áreas da linha de frente do hospital. “Não faltam recursos financeiros, falta oferta.”

REMESSA. O Ministério da Saúde já enviou remessa de equipamentos para a região Sul do país. O diretor técnico do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Francisco Paz, confirma a informação. “Recebemos na última sexta-feira máscaras, luvas e aventais, por exemplo”. O material é distribuído de acordo com critérios. Paz reitera que os estoques estão regulados para a demanda atual, mas os produtos estão em falta no mercado. “Capacidade financeira para comprar, temos. O que falta é oferta. Por isso não podemos distribuir de forma aleatória, pois se os casos aumentarem, teremos que encontrar outra solução”, enfatiza o diretor do GHC. O Hospital Moinhos de Vento afirmou que a entidade monitora o estoque de insumos diariamente e não há material em falta. A preocupação maior é com os testes de diagnóstico e máscaras. “Nossos indicadores de cobertura variam de acordo com nosso consumo e principalmente nos itens descartáveis, máscaras e aventais de isolamento. Verificamos um aumento nos preços nesses itens podendo chegar a mais de mil por cento”, informou o HMV. O Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa) informa que “não possui registro de falta de materiais de proteção aos funcionários dos hospitais. As instituições têm realizado um controle rigoroso dos equipamentos, disponibilizados de acordo com a necessidade específica de cada função e seguindo as recomendações da Vigilância Sanitária”.

Segundo o sindicato, são feitas compras emergenciais para assegurar o atendimento da demanda neste período de crise pelo Covid-19. “Os estabelecimentos estão tomando as demais medidas necessárias para garantir a segurança dos profissionais e dos pacientes que buscam os serviços de saúde”, diz nota. Segundo o levantamento da AMB, os equipamentos que estão mais em falta no Brasil são as máscaras N95/PFF2 (88%), seguidas de óculos e protetores faciais conhecidos por ‘face shields’ (72%) e capotes impermeáveis (65%). A partir dos relatos recebidos, a AMB comunica os estabelecimentos apontados, solicita esclarecimentos e a atualização das informações e notifica o Ministério da Saúde e órgãos estaduais e municipais.